Capítulo XXVI

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A rotina de uma casa com crianças doentes era sempre uma rotina intensa. Imagine então uma casa com dez crianças doentes como era o caso de Graham Park. Os dias que se seguiram foram de agitação por causa de uma febre quase que coletiva que não cedia. O médico dissera que aquela era uma gripe muito forte e recomendou uma série de remédios e chá para os pequenos em doses que variavam de acordo com o grau de intensidade da enfermidade.

Sempre que estava em Graham Park, George acompanhava tudo de perto fazendo ronda nos quartos, confortando as crianças e prestando todo auxílio que podia na casa. Mesmo se envolvendo desta forma, não teve nenhum momento a sós com Elizabeth nem chance de lhe falar qualquer coisa que fosse a não ser de temperatura, tosses, espirros e coisas do tipo.

"Milord", abordou a sra. Fitzgerald três dias depois. "Posso lhe falar algo? Penso que apenas o senhor pode intervir neste assunto", disse a mulher em tom de confissão.

"Fique a vontade, sra. Fitzgerald. Como posso lhe servir?", George respondeu ligeiramente satisfeito por ser útil de alguma forma.

"Estou preocupada com lady Graham", a mulher disse ainda mais baixo, quase sibilando. "Não dorme nem come direito. Burns e eu já tentamos de tudo, mas o senhor conhece bem minha ama...", o suspirou resignado fez George entender com perfeição e imaginar que os criados experimentavam o que o duque gostava de chamar de "teimosia Mackenzie".

"Há quanto tempo ela está assim?", inquiriu o duque assuminoo um ar preocupado.

"Desde que as crianças cairam doentes", a mulher respondeu sem emoção.

"Deixe comigo esta incumbência. Apenas me avise quando sua senhora estiver sozinha. Temos que contar com o elemento surpresa", avaliou George com um ar de estrategista militar que fez a governanta querer rir.

"Como quiser, milord", assentiu a pequena senhora com assertividade e indicou que ele era esperado no quarto infantil.

Entrar na ala dos meninos daquela enfermaria improvisada sempre causava a George dois sentimentos. O de consternação, afinal, nenhum pai quer doentes os filhos de casa e os de familiaridade ao ver todos juntos, Grahams e Stanfield, como se fossem todos seus. No momento que entrou ali, já era noite feita, e um ressonar coletivo indicava que todos estavam ferrados no sono. Aqui e ali, ajeitou cobertas e acariciou-lhes a fronte de cada um numa revista silencioso aquela tropa adormecida.

Por uma fresta da porta da ala infantil, ela assistiu a cena. Como não adorar aquele homem naquele momento?, perguntou-se Elizabeth vendo a cena de George com as crianças. Ela viu ele se sentando numa cadeira ao fundo e observando todas os meninos como se estivesse ali para velar o seu sono. Apesar dela dizer que homens não eram úteis para tratar de doenças, ali estava ele provando o contrário ao se colocar no lugar dela como um aviso silencioso, mas muito claro para ela, de que deveria descansar, o que ela cumpriu de bom grado e sem reclamar. 



O azul dos olhos teusTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon