Capítulo XXIX

320 48 2
                                    


Ao longo do dia, Elizabeth evitou George e a proposta que ele fizera, mas a noite quando tudo ficou quieto, não pode fugir de si própria e de seus pensamentos. Em seu quarto, buscou o sono e não veio. Seus sentidos estavam em alerta e a cabeça estava lutando com todas as emoções. Era louca por George, mas era ainda mais apaixonada pelos filhos, que poderiam se opor a uma união que desonrasse a memória do pai. Por mais que George fosse próximo, não era possível prever como os meninos reagiriam a um novo casamento da mãe. Temia perder o carinho dos filhos ao trazer alguém que, querendo ou não, estaria no lugar do pai deles. Era novamente o dever se colocando acima do querer, pensou ela olhando a noite pela janela.

Quando a noite caiu, ele se esgueirou pelas sombras dos corredores de Graham Park até o quarto de Elizabeth. O corpo urgia por estar com ela mais uma vez, tê-la em seus braços e fazer amor com ela como se fosse a última vez. E talvez fosse, pensou seu lado mais pessimista enquanto observava porta do dormitório da baronesa. Não, por Deus, não seria, determinou um pensamento mais firme que o fez avançar e abrir a porta com cuidado. George entrou e viu a antessala mergulhada em escuridão. Lentamente foi avançando com cuidado para não fazer barulho. Por sorte, a conexão com o quarto de dormir estava aberta e ele pôde entrar. Ainda coberto por sombras, ele viu a cama vazia e suspirou. O pensamento pessimista vencera, pensou mal humorado se aproximando da cama.

Ao se virar para fitar o quarto, ela viu o brilho azul cortar o ar. Estava escondido na penumbra, mas o brilho era inconfundível e como ele a atmosfera se tornava mais elétrica. George estava ali e agora se aproximava lentamente sem fazer nenhum barulho, movia-se como uma noite sem lua cuja apenas o brilho das estrelas servem de guias.Logo, era possível sentir a respiração dele e depois as mãos a tomar-lhe a cintura e o corpo a aquecer o seu. Por fim, como o esperado, Elizabeth sentiu os lábios dele procurando os seus. Primeiro pelos ombros, depois subindo pelo pescoço até chegar aos lábios num beijo silenciador, capaz de turvar o sentido até do mais firme dos seres.

Seu dever aquela noite era não deixar que Elizabeth pensasse, pois se assim o fosse, voltariam ao que tinham antes: nada alem de amor reprimido. Era fácil, delicioso e apelativo. Quando um homem como ele apelava a cama para conseguir o que queria? A resposta era relativamente simples: quando estava desesperado para dominar o destino que havia o feito de bobo mais de uma vez.

"Lizzie", sussurrou enquanto se deitava por cima dela exibindo o corpo nu coberto apenas pela penumbra da noite. E aquela foi a última coisa racional que saiu da boca dele durante toda aquela noite. 



O azul dos olhos teusWhere stories live. Discover now