Capitulo II

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[Camila's PoV]



Subi as escadas de dois em dois degraus, virando três corredores enormes e encontrando muitos empregados que faziam mesuras para mim quando eu passava. Cheguei à porta que eu sabia ser meu quarto e entrei, encontrando-o do mesmo jeito de quatro anos atrás. A cama de dossel, o armário e todos os outros objetos, de mogno refinado. Só os pôsteres haviam sido retirados e eu sabia ser ordem da minha mãe. Não me preocupava, no entanto, eu não gostava das mesmas bandas de alguns anos antes. 

Pisquei os olhos, sentindo o fuso horário finalmente se abater sobre mim. Mas a 'senhora Jauregui' estava me esperando e... ah, quer saber? Ninguém vai ficar me dizendo o que fazer como se eu fosse uma marionete, mesmo que esse alguém seja extremamente bonita.

- Eu pensei isso mesmo? – perguntei em voz alta. Passei a mão pelo rosto e tirei a calça, ficando só com a roupa de baixo, como costumava dormir. Eu só ia deitar um pouquinho... pra tirar um cochilo e...

Hum... batidas na porta...Ahn, não vou atender mãe.

- Princesa Camila Cabello!

- Han...? – murmurei, virando para o outro lado.

Mais batidas na porta, ainda mais fortes. Saquinho....

- Karla Camila Cabello Estrebao Iero Segunda!

- Que é?! – gritei. Odiava esse maldito nome com essa maldita 'Segunda' no final.

- Acho que a senhorita esqueceu seus afazeres.

- Mas...quê? – sentei, coçando os olhos. Por que a gente estava gritando através de uma porta, afinal? – A porta tá aberta, conselheira.

Ela entrou parecendo um tanto irritada e quando me viu, desviou o olhar um tanto sem jeito.

- Senhorita, você não está vestida.

Olhei para baixo e me encontrei com a roupa de baixo. Levantei a sobrancelha, negando com a cabeça. Pulei da cama, indo em direção ao armário que ia até o teto.

- Isso é estar vestida, senhorita Jauregui. Se eu estivesse pelada, a senhora veria muito mais que uma calcinha. – fui até o armário, abaixando para abrir uma gaveta.

Ela continuou com o rosto virado e logo me deu as costas, de braços cruzados.

- Isso é impróprio.

- Pra menores de dezoito? – alcancei uma calça, indo sentar na cama de novo. Só ouvi um resmungo da sua parte. Vesti e fui até ela, na sua frente, encarando-a cínica.

- Estou vestida, vossa realeza. O que a senhorita quer?

- Acho que tínhamos combinado alguma coisa? – disse ela me encarando nos olhos de forma penetrante.

- Tipo um... encontro? – coloquei as mãos na cintura, rindo depois.

Lauren arqueou as sobrancelhas.

- Um encontro com seus futuros maridos.

- Ah sim. Tem uma loja que vende desses por aí?

Ela sorriu falsamente. - Claro, dá até para escolher o tamanho do bumbum.

- Eu adoro bunda. Aliás, essa loja deve viver cheia, não? – sorri, travessa.

Revirou os olhos. – Claro que sim, princesa.

- A senhorita freqüenta muito essa loja? – perguntei, passando por Lauren e indo até o espelho do canto.

- Não. – respondeu sem interesse.

- Então homens gostosos e com bundão à venda não interessam a senhora?

Lauren acertou a postura, arqueando as sobrancelhas de forma compenetrada. – O que isso lhe interessa, princesa?

- Nada, é só uma pergunta aleatória. – fui até sua frente de novo, ficando ridiculamente na ponta do pé. – Você é muito alta. – reclamei, tentando alcançar seu ombro.

Ela revirou os olhos. – A senhorita que é muito baixa. Não tem porte.

Não acreditava. Era extremamente divertido discutir com ela, já que ela tinha esse jeito meio britânico, que se um terremoto estivesse acontecendo debaixo do seu nariz afinado, ela só ergueria uma sobrancelha e faria aquela cara de 'não me importo'. Mas era extremamente irritante ao mesmo tempo. Postura aqui, porte ali, blá blá. Eu era algum tipo de cachorro, por acaso?

Aposto que se eu dançasse rumba pelada na frente dela, ela ia bocejar e falar pra eu ter postura. Além é claro dessa idéia obsessiva de encontrar meu futuro esposo. Eu já tinha deixado claro minha opinião sobre isso, não tinha? Então, leve sua bunda pomposa para fora da minha vida, caramba!

Bufei, ficando com a coluna reta e coloquei uma mão no peito e a outra nas costas, exatamente como ela estava. Imitei sua expressão de quem está com bosta debaixo do nariz.

- Desculpe, ó senhora elegante e com postura ereta Jauregui. Prometo-lhe nunca mais na minha humilde existência perder a postura diante de tão real pessoa que a senhora é. – inclinei-me, sem desviar o olhar.

- A senhorita não é tão boa com as ironias. – e pela primeira vez uma sombra de sorriso passou por seu rosto pálido. Os olhos cor de oliva eram direcionados desafiantes contra os meus.

Suspirei, sorrindo com seu sorriso. Era até bonito de certa forma apesar de eu saber que era mais raro que...alguma coisa bem rara.

- Então, a gente vai ficar aqui papeando ou você vai me levar num encontro, senhora Jauregui?

- A senhorita que me deixou esperando e esqueceu de nosso comprometimento. – Lauren arrumou momentaneamente seu cabelo escuro, respirando como se preocupasse com sua calma interior, virando-se de forma pomposa e abriu a porta. Fez uma reverência para que eu passasse primeiro. – Temos muito trabalho a fazer.

Olhei-a confusa, momentaneamente estática. Quando a razão se apoderou de mim, eu não entendi minha reação em relação ao seu gesto no cabelo. Enfim, passei por ela e sorri.

- Espero que esse trabalho seja prazeroso ao menos. – brinquei, ao passar.

- Depende do seu ponto de vista.

Lauren fechou a porta e postou as mãos para trás de sua roupa impecavelmente limpa e arrumada. Caminhou ao meu lado de forma altiva pelo corredor com seu nariz fino empinado. Observei-a com os olhos estreitados. Ela era tão... séria. Ri comigo mesmo. Eu ia fazer da vida dela um inferno.

Charmed |Camren|Onde histórias criam vida. Descubra agora