Semideusa

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P. O. V. Elena

Meu pai vem me visitar depois de quatorze anos, eu devia estar feliz, mas na verdade estava preocupada.

- Não vai falar nada, Elena? - ele pergunta, sorrindo.

- E-eu não... Eu não sei o que falar, é tanta coisa na cabeça. Tô esperando alguém explicar!

- Sendo assim, eu explico se você prometer prestar atenção e interpretar as coisas direito. - ele disse calmamente, os olhos verdes fixos nos meus, desvio na hora. Contato visual não é comigo.

- Tá. Pergunta número um: o que cargas d'água te fez vir atrás de mim? - sou simples e direta, um pouco acavalada, mas ok.

- Você é minha filha, e já tem 14 anos não?

- Treze, mas o que tem a ver? Quero dizer... Espera! Netuno, Anfitrite... Esses nomes...

- Mitologia Greco-romana. Vêm de lá. - Anfitrite respondeu. - Nós também, você também.

- Ãhn? Desculpe, mas a mitologia conta histórias de monstros, deuses, mortais super fantásticos de antes de a Grécia ser Grécia! - falei o óbvio.

- Sim. Elena, deuses, semideuses, monstros, todos são reais, você é uma semideusa. Filha do deus do mar e de uma mortal. - minha mãe completou.

Sabe aquele meme da tela azul de bug do Windows XP? Minha mente está assim. Acho que colocaram erva no meu expresso!

- Eu sou uma semideusa? Você é o deus romano do mar? E essa é uma das cinquenta nereidas? E a minha cadela de estimação é um mini Pégaso? - palmas pra mim, que li um livrinho de criança sobre o assunto.

- Sim, e se eu não estiver enganado, tem uma história em que eu tenho um irmão mais novo chamado Zeus e fui engolido pelo meu pai. É, acho que foi assim que estava escrito nos livros. Mas a cadela não é um mini Pégaso. - ele riu. Droga! Isso faz sentido. Mas ao mesmo tempo, não faz.

Pus a cabeça entre os joelhos, derrotada. Mas eu tinha uma carta na manga. Não vão me sacanear mais! Hora de contarem a história de verdade.

- Prova. Se for quem diz ser, prova. - fechei os olhos ao falar isso. Se ele é Netuno, coelhinho da páscoa ou Batman, que prove.

- Megan, você criou bem a garota. Não estou surpreso. Se quiser que eu prove, o que quer que eu faça?

- O tridente. Quero ver! E você tem que mostrar sua forma de deus, mas sem aquela parte de derreter quem olha, por favor. Conheço as histórias, quero ver o que os deuses veem, só que compactado...

- Conheces as histórias, não as verdades. Mas faço o que me pediu. - tomei.

Um brilho tomou conta da sala e quando minha visão voltou ao normal, Netuno estava de armadura romana e um tridente prateado na mão. Anfitrite usava suas vestes de rainha do mar, um vestido cor de pérola, uma coroa de conchas, pérolas e coral. Ele estendeu o tridente pra mim, que o peguei rapidamente. Pesa, e muito! Sinto um oceano, o cheiro, o som, ao tocar a arma. A brisa marinha percorre meus cabelos e olha que estamos a uns bons quilômetros da costa californiana.

- Agora eu acredito. - devolvi a arma a ele.

O brilho voltou e eles ficaram com a aparência humana.

- Nossa, meu pai é um deus! Gente, como faz agora? - sorri abobada.

- Era isso que ele queria falar pra mim. Quer que você vá pra um centro de treinamento. - minha mãe completou.

- Sim, existem dois acampamentos nos EUA, o meio-sangue, para semideuses gregos, em NY e o Júpiter, aqui em Berkeley, pros romanos. Você deve ir, para se proteger. Já tem quatorze, os monstros farejam com mais facilidade e na condição de lucidez sobre quem é, facilitam em dobro as chances de ser caçada. - disse, ainda é estranho pensar assim, meu pai.

Livro I - Filha Do MarOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz