03 - Pratas brilhantes & Diálogos no banheiro

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Louis

Polia pela segunda vez a prataria da casa a mando do Sr. Styles, que tentava descaradamente me manter ocupado para que eu não falasse com ele. Assim que terminei de guardar o último talher refinado que ele já nem usava, desliguei as panelas e comecei a servir seu almoço. Coloquei legumes, arroz e carne que estavam incluídos na sua dieta, seguindo para a sala com o prato fumegante.

— Harry, a comida. — falei e o mesmo continuou virado para a janela, fazendo apenas um aceno para que eu me aproximasse.

Me sentei à sua frente e comecei a soprar, para que a comida esfriasse.

— Você não está babando na minha comida... Está? — indagou inclinando a cabeça para o lado.

— Não, estou esfriando, quer se queimar? — retruquei.

— Está nervoso, Sr. Tomlinson?

— Não, me desculpe pelo meu tom, às vezes me esqueço que...

— Que eu não vejo os seus gestos? Que sou cego? — falou de forma ácida e dei de ombros me almadiçoando mais uma vez por ter respondido com um gesto.

— Não foi exatamente isso que eu pensei. — respondi dando a primeira colherada de comida à ele. — Posso perguntar, por quê o senhor não come sozinho?

— Poder, não pode. Mas parece que você fez a pergunta mesmo assim. — disse e sorri balançando a cabeça em negação. — Apenas porque não me adaptei, fiquei cego, minha mãe me colocou aqui sobre os cuidados de Gilda e não me acostumei a comer, tomar banho e ler sozinho, apenas ando.

— Gilda lhe dava banho? — perguntei separando mais uma colherada da comida.

— Sim. — sua voz era neutra e ele abriu a boca para receber o alimento. — Mas nunca me viu completamente nu. — explicou depois de mastigar.

Meus ombros relaxaram em alívio e terminamos a refeição em silêncio.

Assim que terminou de comer, Harry pediu para que eu ascendesse a lareira e lesse um pouco para ele. Me sentei confortavelmente na poltrona e comecei a ler em voz alta as crônicas de Nárnia que parecia diverti-lo.

Na metade do livro, Harry me pediu para levâ-lo ao banheiro e eu o levei esperando do lado de fora. Instruído a nunca deixá-lo sozinho, tive que segurar a minha própria vontade de usar o banheiro enquanto ele demorava lá dentro.

— Pronto. — diz e ouço o barulho da descarga. Quando entrei ele estava lutando com as cordas do moletom e sorri, me ajoelhando à sua frente para poder amarrar.

— Senta aí, eu preciso usar. — falei sentando-o no balde de roupa suja fechado.

— Você vai... Vai usar o banheiro na minha frente? — questionou enquanto eu abria meu zíper.

— Vou. Você não enxerga. — retruquei divertido e logo olhei para ele, que tinha um sorriso de diversão em seu rosto.

— Então, vamos assumir que você está seminu em frente a um pobre cego, isso poderia ser algum tipo de aliciamento, não? — brincou se apoiando em sua bengala de ferro.

— Absolutamente não. Quer dizer... Eu não estou te tocando e nem coagindo a me tocar. — falei fechando meu zíper e arrumando minha calça.

— Você é bem desinibido. — afirmou e sorri quase dando de ombros novamente.

— Um pouco, não sou puritano também. — falei apertando a descarga e Harry gargalhou.

— Defenda sua decência, Louis. É o seu direito. — sua voz era abertamente irônica e então ele agarrou em meu braço depois que lavei a mão. Não consegui conter meu sorriso.

— O senhor pode ser muito aceitável em seus dias bons.

— Não se acostume, eu não gosto de você.

— É claro.

— Você é irritante.

— Eu sei. — falei gargalhando.

— Eu realmente não gosto de você.

— Bom, você não está na minha lista de pessoas favoritas, mas... Teremos um tempo para mudar isso. — o lembrei enquanto me sentava e voltava a pegar o livro, aconchegando-me confortavelmente na poltrona para retornar a leitura ao pé da lareira.

— Um longo tempo para mudar.

dark greens ❀ {lwt+hes+mpreg}Where stories live. Discover now