05 - Dores irritantes & Progressos quase perdidos

20.2K 2.6K 2K
                                    

Louis

Assim que cheguei para mais um dia de trabalho retirei meu cachecol e meu casaco, virando-me para encontrar a Sra. Styles.

— Oh, bom dia. — saudei surpreso por ainda encontrá-la por aqui.

— Harry está com dores, isso acontece às vezes.

— Por quê? — questionei confuso.

— Ele costuma cair de vez em quando, às vezes tem coisas fora do lugar de costume e ele não as vê. Ele caiu ontem, está com dores nas costas, recomendo que de um analgésico e faça uma massagem com um óleo especial anestésico, ele deve dormir bastante por conta do analgésico.

— Tudo bem.

— Eu preciso ir, tenha um bom dia. — declarou pegando sua bolsa e casaco desaparecendo pela porta.

Suspirei enquanto caminhava para a cozinha e peguei um dos analgésico e um copo d'água seguindo para o quarto. Bati na porta e abri vagarosamente. Harry estava sentado na cama tateando a cômoda e sua bengala estava caída no chão.

— Bom dia, Harry. — sorri colocando o copo e o remédio na mesinha.

— Olha só quem voltou. — ironizou e eu sorri.

— Tenho um remédio para você. — falei colocando em sua mão. Harry colocou na boca e lhe entreguei a água.

— Mais alguma coisa Sr.? — ironizou novamente e meu sorriso desdenhoso só ficou maior.

— Venha aqui que o senhor tem uma massagem marcada. — brinquei subindo em cima da cama e levantei sua camisa com cuidado.

Depois de massagear com cuidado suas costas lhe providenciei um café e ele logo adormeceu.

Me encarreguei das coisas de casa para me distrair enquanto Harry dormia. Coloquei sua roupa para lavar, passei a vassoura na casa e lavei a louça. Fiz o almoço, uma sopa de legumes e por fim, me sentei para folear a mesma revista de ontem.

Quando deu meio-dia e meia caminhei para o quarto de Harry com o prato de sopa.

— Harry, o almoço. — sussurrei colocando a bandeja na cômoda e me sentei ao seu lado.

Ele se sentou na cama olhando para as mãos e olhei para seu peito nu esculpido por tatuagens.

— Eu estou ouvindo sua respiração. — Harry murmurou fazendo uma careta.

— Desculpe, me distrai.

— Com o quê?

— Fiz sopa de legumes. — falei rapidamente e Harry gargalhou com a minha mudança de assunto.

— Tudo bem. — disse e peguei a tigela. Peguei uma colherada, soprando para esfriar.

— Lá vem você cuspindo minha comida.

— Engraçadinho. — sorri lhe estendendo a colher e encostei nos seus lábios para abri-los.

O almoço ocorreu em silêncio. Harry permaneceu encostado na cama e lhe dei mais alguns analgésicos para dor.

— Devíamos sair amanhã, vi que iria fazer sol. — comentei ajeitando seus travesseiros.

— Não deveríamos. — respondeu suspirando e se acomodando na cama.

— Você não quer sair, então? — questionei confuso.

— Eu quero que você saia daqui e me deixe em paz.

— Mas e-eu...

— Lembra do que eu te disse ontem? Quando chegou aqui?

— Você me falou algumas coisas.

— E disse também "Não seremos amigos, você é apenas o meu empregado."

— Eu apenas sugeri que...

— Não sugira e saia daqui. — mandou virando-se com cuidado para o lado e me virei também, bufando e recolhendo suas coisas.

Harry parecia adorável em seus dias bons e insuportável em seus dias ruins.

Harry

Ouvia os passos de Louis pela casa, parecia estar sempre de um lado para o outro. Desde a minha perda da visão desenvolvi uma audição aguçada contando com o fato de que isso seria o que me guiaria.

Depois da conversa de ontem decidi que o melhor seria não me envolver, eu não me acostumaria com Louis, seria bem mais fácil assim quando ele se fosse.

Ontem depois de mais um diálogo desagradável com minha mãe, acabei tropeçando nas botas de Gemma que estavam pelo caminho e me arrebentei no chão. Às vezes acho que se eu ficasse apenas sobre os cuidados delas duas eu morreria logo.

Minha mãe não contratou Louis para me levar a passeios e nem tomar um bronzeado no jardim quando a época de chuva passasse. Ela o contratou para que me mantê-se alimentado, cheiroso, bem cuidado e inteiro. Na sociedade rica em que vivemos ela se envergonhava de ter um filho cego, por isso a muito tempo ela não andava ao meu lado em público.

— Louis. — chamei me sentando na cama, agora mais aliviado da dor.

— Chamou?

— Eu quero ouvir um pouco de história, você pode ler?

— Tudo bem, eu vou pegar o livro de ontem.

— Me traga duas xícaras de chocolate quente, por favor.

— Ta bom. — ele murmurou e pude distinguir a confusão em sua voz.

Depois de arrumar tudo ouvi Louis puxar a cadeira e seu joelho encostou no meu.

— Sua xícara. — falou pegando minha mão e encostando-a sobre a cerâmica.

— Comece, por favor. E... Acho que podemos sair amanhã.

— Podemos? — ele questionou e identifiquei a surpresa em seu tom de voz e sorri com isso.

— Sim, podemos.

dark greens ❀ {lwt+hes+mpreg}Where stories live. Discover now