09 - Jantares em família & Estrelas cadentes

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Louis

Foram exatamente uma hora e meia para conseguir tirar Harry de casa. Ele havia colocado na cabeça que hoje não iria para lugar nenhum, mas eu sempre consegui ser bastante convincente.

Andávamos pelo mercado do centro de braços dados e Harry resmungava ao meu lado.

— Eu odeio multidões, vou acabar batendo essa bengala em alguém.

— Ai simplesmente nos desculparemos e superaremos isso. — afirmei seguindo para uma loja de livros.

— Onde estamos?

— Em uma livraria. — respondi.

— Eu tenho livros. — resmungou e o deixei sentado em uma poltrona.

— Pare de ser rabugento. — sorri me erguendo nas estantes altas para pegar o que eu queria. Peguei o segundo volume de Nárnia, Sherlock Holmes e A letra escarlate.

— Onde você está? — questionou e parei a sua frente.

— Bem aqui. Peguei livros em braille.

— Eu não sei ler em braille. — resmungou novamente.

— Por isso contratei um maravilhoso professor particular que achei na internet.

— Por quê?

— Porque está na hora de recomeçar a viver. — sorri pegando na sua mão e Harry sorriu levantando-se.

Seguimos para a caixa e pagamos os livros, logo depois pegando as sacolas.

— Você me trouxe aqui para isso? — perguntou enquanto caminhávamos pela rua agora mais calma.

— Sim. — sorri. — Você pode ler para mim quando aprender.

— Bom, será a primeira coisa que eu farei.

Quando chegamos em casa Harry se sentou na janela como sempre e comecei a arrumar as coisas para o seu almoço.

Depois do almoço me deitei com Harry no jardim aproveitando o tempo sem fazer nada.

— Sabe, quando eu ainda enxergava eu costumava ficar acordado até de madrugada para ver alguma estrela cadente e, elas quase nunca passavam. — confessou Harry sorrindo e se ajeitando, colocando os braços atrás da cabeça. — Eu tinha catorze anos quando o meu primeiro namorado me deixou e nesse mesmo dia passou uma estrela cadente.

— E você desejou que ele voltasse?

— Não. — falou sorrindo. — Eu desejei que ele tivesse catapora e morresse. Eu não havia tido catapora ainda e nem ele, e para mim, aquilo matava.

— Que criança maldosa. — declarei divertido.

— O mais engraçado é que ele teve catapora naquela mesma semana e, eu chorei tanto achando que ele iria morrer porque eu desejei isso. — disse e virei para ele de olhos arregalados e ele gargalhou já prevendo minha reação. — Gemma me zoou por semanas.

— Me desculpe, mas... Eu também zoaria. — falei e Harry sorriu.

— Às vezes eu sinto falta de quando eu visitava minha mãe e minha irmã reclamava de como eu era ausente e sempre dizia que sentia minha falta. Lembro como ela me abraçava todas as vezes que eu aparecia. — falou com sua voz ficando mais baixa. — Sempre que ela arrumava um namorado novo ela dizia: "Harry, desce aqui, venha conhecer o meu namorado!" E hoje, ela pede para que eu nao desça.

— Elas irão aprender um dia, você vai ver. Elas se arrependerão.

— Algum dia, Louis, você irá cansar também, se cansará de me carregar por aí, de me alimentar, de narrar filmes para mim e, então... Então eu estarei sozinho. — disse e me apoiei em meus cotovelos.

— Você nunca estará sozinho, Harry. Enquanto você precisar de mim, eu estarei aqui. — afirmei e o mesmo apenas sorriu.

— Você é o meu anjo irritante.

— Eu posso aceitar esse apelido.

Harry

Já estava tarde e Louis ainda não havia ido embora, por um convite de minha mãe. Ele ficaria para o jantar, e confesso que me deixava mais a vontade com ele por perto.

Desci as escadas calmamente e Louis descia tagarelando ao meu lado, sobre como odiava peixe e, de como eu o pagaria por esse ser o jantar de hoje. Adentramos a sala de jantar e Louis me guiou para me sentar e se sentou ao meu lado em seguida.

— Barbara e Michele irão vir para o jantar hoje. São membros do clube do livro e suas filhas vem também, Louis pode ajudar Harry com... Você sabe, o peixe? — minha mãe perguntou.

— É claro. — Louis respondeu agarrando minha mão por debaixo da mesa me encorajando a permanecer no lugar.

Logo vozes estranhas preencheram a sala de jantar e senti alguém se sentar na cadeira ao meu lado.

— Meninas, esse é o meu filho, Harry. — disse minha mãe.

— Olá, Harry. É um prazer conhecê-lo, eu sou a Barbara. — disse simpática mulher.

— Prazer. — respondi.

Logo depois de todos se sentarem o jantar começou a ser servido. Louis evitava a conversa e colocava pequenos pedaços de salmão na minha boca. No momento da sobremesa - que era bolo de laranja, eu tive que recusar. Não havia mais espaço em meu estômago e eu estava completamente satisfeito.

No fim da noite, estávamos sentados no balanço do jardim. Louis tinha sua cabeça em meu peito e eu podia sentir seu calor, seu cheiro e a maciez do seu cabelo onde minha mão repousava.

— Uma estrela cadente, uma estrela cadente! — Louis exclamou me assustando e gargalhei acariciando sua mão para acalmá-lo.

— Você fez um pedido? — perguntei sorrindo.

— Sim.

— E o que pediu? — perguntei e senti seus lábios em minha bochecha, fazendo-me fechar os olhos e sua voz, que aqueceu meu coração e reacendeu o pavio da esperança quando ecoou como um sussurro em meu ouvido.

— Que um dia você possa ser plenamente feliz.

dark greens ❀ {lwt+hes+mpreg}Where stories live. Discover now