07 - Dias ruins & Livros novos

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Louis

Hoje completa duas semanas do meu trabalho aqui na casa dos Styles. Eu estava aprendendo bem a lidar com as oscilações de humor do Harry, mas excepcionalmente hoje ele acordou insuportável.

Reclamava que estava cheio de dores e parecia estar começando a gripar.

— Leve um chá para ele. Isso deve animá-lo. — disse a Sra. Styles e assenti.

Fiz o chá e logo levei a xícara fumegante para o quarto. Bati na porta e em seguida, entrei. Harry estava sentado na cama e me aproximei.

— Trouxe um chá. — anunciei.

— Deixe aí, eu não quero agora. — ele falou com um ar de cansado e analisei seu rosto pálido e, passei a mão por sua face depois de colocar a xícara na mesinha.

— Você está suando, o que está sentindo?

— Me traga um balde.

— O quê?

— Um balde, Louis. Agora! — mandou e corri para fora do quarto, voltando um minuto depois com o mesmo em mãos.

— Peguei. — falei sem fôlego.

— Coloque na minha frente. Bem na minha frente. — instruiu e o coloquei.

— E agora o-oque...

Antes que eu terminasse de falar Harry começou a vomitar e eu automaticamente segurei em seu cabelo, passando a mão para cima e para baixo em suas costas. Depois de algum tempo Harry parou, ainda mais pálido e cansado. Ele limpou a boca com o dorso da mão e se jogou para trás, deitando-se na cama.

— Eu vou buscar algum remédio. — avisei e sai do quarto.

— Ele está melhor? — a irmã de Harry perguntou quando cheguei no andar de baixo.

— Vomitou e não parece nada bem.

— Deve ser o estômago. Harry tem um estômago muito sensível devido a uma úlcera que teve. Ele tomou rémedios muito fortes depois que saiu do hospital e ainda tem muitas dores de cabeça e muitos resfriados repentinos. Dê à ele apenas um chá e tente distrai-lo, um rémedio agora pode agredir muito seu estômago. Dê apenas os antidepressivos, os outros darei em outra hora.

Peguei os antidepressivos de Harry e um copo d'água voltando para o quarto.

— Aqui. — falei gentilmente, colocando o comprimido em sua mão e ajudando-o a guiá-la até a boca.

— Obrigado. — agradeceu e eu sorri.

— Você está me agradecendo. Então não está bem, com certeza. — afirmei e o mesmo gargalhou baixinho. — Vamos, tome o chá enquanto ainda está quente, isso deve te ajudar a melhorar.

— Tudo bem. — sussurrou se sentando de pernas cruzadas na cama e pegou a xícara com as duas mãos. Me sentei ao seu lado na cama e o ajudei com o chá.

— Terminamos Nárnia, então você quer outro livro? — perguntei para distrai-lo quando vi sua cara de dor.

— Acho que... Talvez, Nathaniel Hawthorne.

— A letra Escarlate?

— Olha... Não é tão leigo quanto pensei. — disse e gargalhou recolhendo a xícara.

— Eu irei buscar o livro Sr. Inteligente. — murmurei saindo do quarto e ouvi sua gargalhada e sorri.

Pelo menos estava conseguindo animá-lo um pouco.

Harry

Ouvi Louis puxar sua cadeira e me apoiei na cabeceira da cama, ouvindo ele começar a contar a história de Hester Prynne e sua dura vida.

Fechei os olhos respirando fundo tentando esquecer a dor que parecia que alguém estava me amassando por dentro e focar na voz calma e serena de Louis. Minha sudorese diminuía gradativamente, acho que o chá realmente ajudou.

— Você já pensou em algo que fosse, sei lá, acabar remotamente com algum sofrimento? — comentei interrompendo a sua leitura.

— Como assim? — perguntou e identifiquei a confusão e curiosidade em sua voz.

— Um ano depois de ficar assim... Cego. Uma noite, eu havia ouvido uma conversa entre minha mãe e a minha irmã. Elas diziam que os vizinhos estavam comentando, Gemma chegou a falar que era vergonhoso e então eu não deveria mais sair, e nem ser convidado a me juntar à eles no jantar quando tivessem visitas, afinal, ninguém iria querer me alimentar em frente aos outros.

— Nossa. — ele murmurou perplexo e senti a cama afundar ao meu lado. Ele estava aqui.

— Naquela noite, eu tomei todo o meu frasco de antidepressivos e fiquei em coma por duas semanas. Meu pai me encontrou antes que eu pudesse de fato morrer. Desde então, eu basicamente, não saio. Não janto com nenhum deles e mal falo com a minha mãe e Gemma.

— Sinto muito. Isso é realmente horrível.

— Você não entende que as pessoas não são como você? Você não se importa de me dar comida, onde que estejamos, você não se importa em agarrar na minha mão e me guiar por um caminho desconhecido. Você simplesmente aceita como eu sou.

— Harry, você é uma pessoa normal, tem limitações na vida, mas já parou para pensar em quantas pessoas passam por isso ou até pior, quantas pessoas estão solitárias com isso? — questionou e senti sua mão contra a minha. — Você não está sozinho, Harry. Então não se feche para o mundo.

— Eu não me fechei para o mundo, Louis. O mundo se fechou para mim. — afirmei tirando minha mão da sua e me virei para o lado aposto ao que ele estava.

— Harry...

— Eu acho que não quero mais ouvir nada por hoje, deixe o livro para outro dia. — sussurrei e ouvi seu suspiro.

— É uma pena que pense assim, Harry. — murmurou e em seguida, a porta fechou e suspirei fechando os olhos.

dark greens ❀ {lwt+hes+mpreg}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora