10. Quente

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Peeta retira sua mão das minhas que estão grudadas no seu pescoço. Desliza pelo meu braço, desce pelo meu ombro esquerdo e pousa na minha cintura junto com a sua outra mão. Meus dedos afrouxam o aperto nos seus cabelos e quando eu menos espero Peeta se afasta gentilmente de mim, deixando-me atônita.

– Senti sua falta. - Ele sussurra com os olhos fechados, a poucos centímetros da minha boca. Ainda sinto o gosto dos seus lábios nos meus, sua respiração acariciando minhas bochechas, mas no momento em que ele revela que sentiu minha falta, uma irritação se forma em mim. Se o que Peeta diz é verdade, então por qual motivo ele me abandonou por tanto tempo? Não deixou nenhum recado, nem um telefonema. Fugiu. Muitas perguntas para poucas respostas.

– Mentira. - Digo tentando a todo custo manter o controle. Empurro-o para longe de mim e sento-me na beirada da cama com as mãos na cabeça.

– Não estou mentindo para você, Katniss. Por que você acha isso? Por que você me afastou? Você não queria me beijar - Peeta pergunta com mágoa estampada na voz. Quase pude sentir remorso a ponto de pular no pescoço dele e voltar a beijá-lo, mas estou com mais pena de mim por estar na mesma situação, por ainda estar na merda, por não saber de nada! Nenhuma mágoa se compara com o vazio que senti quando achei que nunca mais voltaria a vê-lo.

– Katniss... O que você tem? - Ele espera uns instantes. Respiro fundo e respondo.

– Peeta, você passou semanas longe daqui. SE-MA-NAS. Foi embora sem dizer nada, não deixou um recado sequer, nenhum telefonema. Haymitch foi um inútil. Você me abandonou! - Digo explodindo. - Agora, eu que lhe pergunto, por que? Por que Peeta?!

Ele me olha alarmado e profundamente angustiado. Percebo que ele está ponderando me contar, mas muda de idéia. Não consigo mais conter, sinto meu lábio tremer de ódio e frustração. Meus olhos enxem-se de lágrimas e logo escorrem pelo meu rosto. Peeta tenta enxugá-las, mas afasto bruscamente sua mão. Acho que só assim ele vai entender o estrago que causou em mim. Só assim para ele compreender a dor que me infligiu, uma cicatriz que ainda sangra, que machuca. Puxo minhas pernas para meu peito e as abraço.

– Katniss... - Peeta sussurra próximo ao meu ouvido esquerdo. - Me desculpa, mas não tem como eu lhe explicar agora. Peço que confie em mim, só isso Katniss... Na verdade, nem sei ao certo o que está havendo. Para lhe explicar tudo, até os últimos acontecimentos na Capital é bom que Haymitch esteja junto, ele vai saber o que fazer. Por favor, você pode esperar mais um pouco? Até no máximo um ou dois dias?

Peeta tenta puxar delicadamente meus pulsos de minhas pernas. Entretanto, continuo travada, ainda sem decidir o que fazer. Meu desejo é ignorar tudo e apenas abraçá-lo, contudo meu gênio e minhas dúvidas me corroem e me impedem de dar o braço a torcer.

– Por favor... Olhe para mim, ao menos isso. - Ele implora baixinho. - Katniss... Novamente Peeta tenta puxar meus pulsos e dessa vez eu cedo.

Nossos olhares se encontram e deixo transparecer meus sentimentos. Não tenho mais força para omiti-los, estou em um nível de quase desespero. Sinceramente, não sei o que Peeta está lendo em minhas feições, apenas sei que dentre tudo o que sinto, provavelmente um prevalecerá mais que os outros, só não sei definir qual deles será. Observo seus cabelos loiros crescidos, assim como a barba que está por fazer. Peeta pode estar com a fisionomia mais madura, mas nada consegue afastar a inocência dos seus olhos azuis. Esses olhos que conseguem enxergar minha alma e agitar meu coração. Suspiro.

– Também senti sua falta. - Falo um pouco contrariada, entretanto aliviada por estar sendo sincera. - Mas você não está perdoado! Mesmo me expressando com arrogância, Peeta abre um lindo sorriso, que me desarma por completo.

Jogos Vorazes: O DespertarWo Geschichten leben. Entdecke jetzt