16. Eclipse

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Sinto como se um abismo se abrisse sob meus pés e não há nenhum apoio para eu me segurar. Continuo caindo. Peeta ir embora... A descrença chicoteia meu rosto, mas são as feridas em meu coração que se abrem. Ele não pode me deixar, não pode. Olho nos seus olhos e vejo que há mais dor do que ele pretende transparecer. Dessa vez não existem palavras para serem ditas, consolos para serem proferidos. Um abraço. Isso é mais do que suficiente para expressar tudo o que nossas bocas não conseguem falar.

Envolvo meus braços ao redor dele. Sinto a fragrância da sua pele inebriar meus sentidos. Suas mãos quentes afagando minhas costas. Por que as coisas têm que ser desse jeito? Por que, quando finalmente estou recuperando minha sanidade, tiram de mim a única pessoa que consegue transformar meus pesadelos em doces sonhos? Não posso deixa-lo ir embora, simplesmente não posso permitir que ele volte para Capital. Mas como farei isso? Não tenho apoio de ninguém. E pedir para Haymitch ajuda é o mesmo que falar com qualquer ganso do quintal dele. Inútil.

- Katniss, eu não quero ir. – Peeta fala baixinho perto do meu ouvido, quase como um menino birrento.

- Eu sei Peeta, eu também não quero que você volte para a Capital. Juro que eu estou pensando em algo para evitar seu retorno. Mas nada me ocorre. – Digo um pouco desesperada. Sem amparo, sem saída.

- Não Katniss, dessa vez não podemos fazer nada. Tenho que ir. Dr. Aurelius disse que é apenas uma visita para checar minha saúde, o problema é que não há uma data certa para minha liberação. A última vez que eles fizeram esse tipo de exame, eu só pude voltar para o Distrito 12 depois de meses. Contudo, sei que agora é diferente, eu estou bem, muito bem. E com você raras foram as vezes que tive algum flash.

- Mas Peeta, você não pode ir...

- Prometo que vou fazer o possível para retornar o quanto antes. Quando você menos imaginar, estarei ao seu lado. Infelizmente, eu tenho que ir.

Peeta me dá um beijo nos rosto, levanta-se do sofá e vai embora arrumar suas coisas. Uma pesada névoa de tristeza assola meu consciente. Vê-lo ir embora dessa forma, o desespero em querer mais tempo, o desejo em não deixá-lo partir. Mas não posso fazer nada, isso é algo que está totalmente fora do meu alcance. É a inevitável ação do meu fatídico destino. Quando penso que, finalmente, tenho alguém especial perto de mim, a vida trabalha em tirá-la de mim.

O telefone toca novamente.

- Alô?

- Katniss? Está tudo bem?

- Mãe? Como é bom falar com a senhora. – Pondero rapidamente se extravaso para ela todo o meu pesar ou se guardo para mim. Lembro-me do conselho do Dr. Aurelius, em não manter os sentimentos presos dentro de mim, principalmente para as pessoas que me amam. – Não mãe, não está nada bem. Peeta vai embora.

- Oh, Katniss. Sei que assim que possível ele voltará para você. Eu conversei muito com o Dr. Aurelius, e soube da necessidade em se fazer exames regulamente no Peeta. Querendo ou não, o garoto foi telesequestrado, sua mente pode a qualquer momento sofrer algum revés, injetaram muito veneno na corrente sanguínea dele. Tenho certeza que não passará de alguns dias.

Tenho que ser compreensível com tudo isso. Não posso ser egoísta, Peeta também precisa de cuidados com a saúde. Assim como eu, ele teve muitas perdas nesta guerra. Agora, tenho que ser forte para suportar sua ausência, mais ainda para estar sã, quando ele voltar para mim. Converso um pouco com minha mãe e desligamos. Alguns minutos depois, Peeta aparece na minha sala com uma pequena mala de viagem. Pulo em seu pescoço e o beijo. Meus lábios, mesmo ainda sentindo os seus, já estão saudosos. Controlo-me para não fazer nenhuma loucura, como puxá-lo para a floresta e nos perdemos pela mata. Juntos. Sem ninguém a nos importunar.

Jogos Vorazes: O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora