13. Quente - Parte II

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Esboço um sorriso, mas dessa vez não me permito transparecer o turbilhão de emoções que percorrem meu corpo. Não sei pelo o que Peeta está jogando e não faço a mínima ideia de quais são os objetivos dele, por isso minha defensiva. Só que apesar disso, essa é a alternativa que vinha procurando. Um modo de não ter que comparecer ao maldito evento, um jeito de escapar de tudo. Descemos as escadas, pego minha velha mochila de caça e alguns suprimentos. Observo a rua antes de sair.

Caminhamos um ao lado do outro em silêncio. Peeta em nenhum momento me questiona o nosso destino e eu tampouco o informo. No momento em que ele me fez a proposta, já sabia para onde iríamos. Com certeza, não era sair do Distrito, mas quase isso. Saímos da Aldeia dos Vitoriosos e começo a pensar no melhor modo de chegar à floresta sem me aproximar muito do centro da cidade e sem sermos vistos. Faço o caminho mais longo, porém seguro. Pela primeira vez depois que voltei para o Distrito, vejo minha antiga casa, ou melhor, o que sobrou dela. A Costura ainda possui profundas marcas de destruição, entretanto, aos poucos, é possível observar pessoas trabalhando, reconstruindo suas casas, suas vidas.

Não querendo me prender muito ao passado, apenas lanço um olhar para o lugar onde cresci. Peeta também não faz nenhum comentário. Chegamos à orla da floresta. Olho para trás e não vejo ninguém nos seguindo. Caminhamos até chegarmos em um enorme carvalho e nos embrenhamos na mata pela trilha. Aos meus ouvidos escuto a vida da floresta. Respiro profundamente relaxando meus músculos.

- Não sei por que, mas tinha um pressentimento que nós acabaríamos no meio do mato. – Peeta fala sorrindo.

- Até parece que conseguiríamos roubar um trem só para nós. – Respondo.

- Essa era minha ideia inicial. – Ele fala sério. Eu o olho atentamente, então vejo seu sorriso zombeteiro se formando. - Estou brincando, na verdade queria vir aqui também.

- Sério? – Pergunto, enquanto afasto um arbusto para o lado.

- Sim, por que não? Sempre tive curiosidade em conhecer sua floresta, o lugar aonde você se refugiava dos temores e podia ser você mesma.

– Peeta responde com sinceridade. – Eu me lembro dessa pedra! Quer dizer, tenho uma vaga lembrança de tê-la visto na tv.

- É... Acho que viu sim. Quando você foi telesequestrado e voltou para o Distrito 13, bem... Você não era mais o meu... – Limpo a garganta rapidamente e troco as palavras. – Não era mais o mesmo. Então, como não queria ficar perto de você, os rebeldes logo pensaram em um modo de ocupar nosso tempo com algo produtivo. Fazíamos depoimentos sobre nossas vidas, coisas pessoais, nunca ditas.

- Imagino o quão difícil deve ter sido para você.

– Ele comenta baixinho preocupado com meu bem estar e nem um pouco chateado pelo fato de eu não ter ficado ao lado dele, no momento em que mais precisava.

Evito olhá-lo a todo custo, pois sei que da feita que nossos olhos se encontrarem serei incapaz de omitir qualquer coisa, de me controlar e ele me dominará. Passo direto pela pedra e sigo o caminho pela trilha. Faço pequenas paradas, coletando o necessário, já que é impossível encontrar alguma caça, por conta de todo o barulho que Peeta inevitavelmente faz.

- Hãn... Katniss, você está andando em círculos, por quê?

- Não estou andando em círculos.

- Tem certeza? Estou quase certo de que já passamos por essa árvore! Ou você está querendo que eu me familiarize com ela para que possamos escalá-la? – Peeta pergunta. Eu levanto uma sobrancelha.

Jogos Vorazes: O DespertarNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ