15. Fogo

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Peeta me encara com a testa franzida, confuso. Nada ele faz apenas me olha como se eu estivesse falando em outra língua. A impaciência e frustração me engalfinham.

- Vamos Peeta! O que está esperando? Me ame, droga! – Ótimo, agora estou ficando com raiva dele. Por que ele não toma nenhuma atitude?

Lentamente, percebo que a compreensão o atinge como um tijolo. Seu livro cai da mão e ele se dirige para a janela. Fecha rapidamente as cortinas e se vira para mim. Observo seus músculos se tencionarem, enquanto caminha cautelosamente na minha direção, avaliando-me. Ele se posiciona a centímetros de mim. Eu levanto o queixo para poder olhá-lo. E pela primeira vez eu vejo algo que nunca tinha visto antes, em nenhum momento sequer, naqueles brilhantes olhos azuis. Fogo.

Borboletas rodopiam desgovernadas no meu estômago, enquanto eu engulo em seco. Impossibilitada de conseguir desviar o olhar, mesmo que eu quisesse. Se antes Peeta conseguia me dominar apenas com um sorriso, diante de tanto desejo eu me sinto totalmente impotente, sem ação. Perdida nas profundezas dos seus olhos. Um pequeno suspiro escapa dos meus lábios levemente afastados, que acaricia as suas bochechas. Ele desvia o olhar para minha boca e a encara intensamente por longos segundos. Baixa morosamente o rosto para me beijar, mas momentos antes de seus lábios tocarem os meus, eu sinto seu nariz esfregar carinhosamente no meu. Uma, duas... A agonia me inunda e eu sou tomada por um ímpeto inabalável em querer beijá-lo.

Seu lábio inferior é consumido pelos meus. Quentes. Ambiciosos. Famintos. Peeta passa as mãos pela minha cintura e me puxa para mais perto de si, levantando-me ligeiramente do chão. Caio delicadamente no colchão da cama, enquanto ele se posiciona ao meu lado. Sinto minha respiração pesar, assim como meu coração bater forte e rápido.

Esse menino, que agora é um homem avança sobre mim, apoiando-se no braço esquerdo e com o direito acaricia minha face com os dedos. Desprendo-me dos seus olhos e miro sua boca, um pouco vermelha, entreaberta. Umedeço meus próprios lábios desejosos e observo que ele percebeu o gesto. Sinto-me enrubescer levemente. O que é ridículo, visto que já nos beijamos mais do que nunca nessa tarde. Entretanto, dessa vez é diferente, muito distinta de tudo. A situação mudou e estou completamente nervosa.

Peeta para o que está fazendo e me olha tão intensamente a ponto de eu conseguir descobrir todos os seus segredos omissos. E então pergunto-me se ele consegue ver os meus também.

- Katniss... – Ele me chama baixinho com os olhos melosos.

- Peeta... – Eu respondo, sentindo meu corpo inteiro se agitar com tanta veemência.

- Sei que é estupidez eu lhe pedir isso, mas você poderia me conceder um beijo? – Peeta pede com tanta aspiração, vontade e de um modo tão bobo e puro, que meu coração se derrete calorosamente de tanto prazer e alegria.

Um milhão de palavras percorrem minha mente e nenhuma delas me satisfaz o suficiente para responder. Fato é que eu não quero conceder apenas um beijo, muito pelo contrário, quero conceder infinitos beijos sinceros de amor, que serão eternamente dele e somente. Então, mais uma vez sem conseguir me expressar, eu apenas levanto minha cabeça e meus lábios tocam graciosamente os seus. Selados, por alguns instantes, sentindo a textura. Peeta desce a cabeça, fazendo-me apoiar a minha de volta no travesseiro. Assim, puxa meu lábio inferior nos seus, gentilmente. Mas ele o escapa. Peeta solta um muxoxo de frustração e logo volta a puxar novamente, entretanto agora com os dentes. Enquanto, sua mão direita retira o elástico da minha trança, liberando meus cabelos.

Meu lábio fica livre, só para em seguida receber mais beijos soltos, beijos molhados, beijos de Peeta. Ele para repentinamente, deixando-me ansiar por mais. Então, ao perceber que não receberei o que quero, abro os olhos, irritada. Ele me fita e eu observo seus olhos se desviarem para meus cabelos ao lado. Sinto seus dedos desfazerem minha trança com cuidado, espalhando os fios sobre a cama. Depois eles esquadrinham o meu rosto, seguindo os traços, como se estivessem decorando cada linha. Percorrem meu maxilar, cruzando meu queixo, deslizando pela ponte do meu nariz, subindo para minhas sobrancelhas, circulando meu olho, até finalmente cair pela minha bochecha, desviando-se para meus lábios. Sinto seu mindinho traçar levemente o contorno do meu lábio inferior, repetidas vezes, e então subir para meu superior. Ele está me desenhando mentalmente e pergunto-me quantos desenhos ele já mentalizou.

Jogos Vorazes: O DespertarOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz