You Are My Cure

Banho gelado

  POV Louis

Harry e eu continuamos deitados no ringue por mais um longo tempo, perco completamente a noção das horas enquanto vou desvendando outros lados dele, mas ao mesmo tempo percebo que ele mantém reservado tantas coisas sobre si, em nenhum momento ele volta a tocar no assunto do seu possível casamento, nem mesmo quando eu falo um pouco mais sobre a minha história com o Rick, assunto, aliás, que ele parece curiosamente interessado em saber mais.

-Você ainda sofre por causa dele? – Harry pergunta com certa seriedade, mas parecendo genuinamente curioso.

-Não sei, eu sofri muito assim que descobri, até porque nunca tive nenhuma desconfiança de que ele me traía, mas acho que a pior parte do sofrimento passou. – digo. –Sei que ainda estou magoado, decepcionado... Só que hoje não dói mais tanto quanto antes.

Ele me olha por mais alguns instantes, uma expressão distante e pensativa em seu rosto, como se analisasse a minha resposta. Fico esperando que ele volte a falar algo sobre a sua vida amorosa, suas decepções, chego a morder os lábios para evitar fazer perguntas, mas ele não diz nada sobre isso, pelo contrário, muda completamente de assunto.

-Está com fome? – me pergunta enquanto se levanta. –Eu vou comer alguma coisa na lanchonete, quer vir?

Só então me dou conta de como a hora passou e já está mesmo na hora do jantar.

-Pode ser. – me levanto também e nós dois descemos do ringue.

Harry já vestiu uma camisa e nós seguimos lado a lado para a lanchonete, no caminho sinto alguns olhares nos seguindo e isso me incomoda um pouco. A lanchonete está tão movimentada quanto o resto da academia, mas Harry não tem dificuldades em conseguir uma mesa para nós dois. O cardápio é nitidamente saudável, mas bem variado e eu fico tão na dúvida do que pedir que aceito a sugestão dele de um dos sanduíches naturais e também peço um suco de laranja.

Enquanto comemos volto a sentir olhares em nossa direção e Harry não demora a perceber o meu incômodo.

-O que foi? – ele pergunta.

-É impressão minha ou tem gente demais nos encarando? – murmuro.

Ele arqueia uma sobrancelha e olha ao redor descaradamente.

-Não liga, é por minha causa. – dá de ombros.

-Por sua causa? – é a minha vez de arquear uma sobrancelha.

-Soei meio convencido agora, né?!

-Um pouco. – concordo e ele revira os olhos.

-O povo daqui gosta de fofocar sobre mim, sobre os Styles no geral, eu já me acostumei... E você é novo na cidade, então isso contribui também. – ele explica.

-Isso não te incomoda?

-As fofocas? – ele franze o cenho e dá de ombros. –Sim, mas, como eu disse, já me acostumei.

-Bem, não deve ser fácil ser um Styles por aqui. – digo. –Não sei se eu aguentaria.

-Você é o primeiro a me dizer isso. – ele me olha com mais intensidade e depois sorri. –A maioria das pessoas sempre faz questão de dizer o quanto sou sortudo por tudo o que a minha família tem.

-Mas não é mesmo fácil, é?

-Não. – ele concorda. –Eu tenho orgulho de tudo o que a minha família conquistou, porque foi com muito trabalho, mas desde crianças Gemma e eu sabíamos que um dia isso tudo seria nosso e era, ainda é às vezes, meio assustador.