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Desde de que eu era pequena, uma das frases da minha mãe ficou gravada na minha mente mais do que qualquer outra, porque era a que ela mais repetia: "se você não tem persistência, você não tem nada, porque não vai alcançar nada sem ela." Foi incumbido em mim que, uma vez dada a oportunidade, era unicamente minha responsabilidade tirar o melhor proveito e perseverar, não importando quantas vezes eu falhasse. Fracasso, não era somente perder, mas também desistir de tentar.

Fracasso era a palavra proibida em Prescott Hill. Não havia espaço para isso na cidade e qualquer um que não estivesse dando o seu melhor em qualquer que fosse sua função seria devorado como uma presa em um mar cheio de tubarões. As pessoas aqui gostavam de ganhar e ganhar apenas, não havia espaço para menos do que isso.

Esse era o motivo pelo qual as arquibancadas da Prescott High estavam sempre lotadas de pais que assistiam aos jogos como falcões, prontos para cair sobre os treinadores caso o resultado não fosse satisfatório. Futebol, basquete e principalmente hóquei, o esporte de ouro de Prescott, deveriam permanecer na melhor forma, no topo e, na maioria das vezes, o custo não importava.

Eu não estava sentada na arquibancada do rinque de hóquei da escola naquela noite, assistindo ao meu time no jogo de estreia da temporada. Eu não estava lá para ver os fãs sedentos, os patrocinadores atentos ou os jogadores enérgicos. Ao invés disso, eu estava em meu próprio rinque, do outro lado da cidade, executando o que era o meu trigésimo double Alex Paulsen. O único som nesse gelo era o dos meus patins aterrissando após cada salto, as lâminas deslizando pela superfície congelada e perfeitamente lisa. Eu não estava no jogo pois estava ocupada com meu próprio treinamento.

Havia uma coisa que conectava toda a minha família: esporte. Minha mãe havia sido jogadora de vôlei durante todo o ensino médio e faculdade, e meus dois irmãos mais velhos jogavam hóquei desde crianças. Quando pequena, eu havia tido anos de aula de balé e realmente amava aquilo então, quando descobri que eu podia dançar no gelo, aquela se tornou minha grande ambição. Eu havia implorado para a minha mãe pela mudança e, quando deslizei pelo rinque pela primeira vez, sabia que não haveria volta. Enquanto eu provavelmente teria permanecido contente no balé, a patinação do gelo fazia eu me sentir em casa.

A patinação havia se tornado minha grande paixão e agora eu vivia para patinar, não conseguindo imaginar minha vida de outra forma. Cada treino exaustivo, dores e bolhas nos pés valia a pena, porque eu nunca me sentia mais viva do que quando estava no gelo, executando uma coreografia elaborado e cheia de sentimento e perfeccionismo.

Estar no gelo também era praticamente a única conexão em comum que eu tinha com meus irmãos, especialmente Aidan. Eu era atraída pelo o rinque tanto quanto eles, apaixonada pela sensação de estar voando enquanto estava de patins, a sensação de liberdade.

- Você ainda está aqui, Alli? - uma voz chamou minha atenção e eu me virei para ver minha melhor amiga Jasmine encostada contra a borda do rinque, olhando para mim com uma sobrancelha erguida, mesmo que ela me conhecesse bem o suficiente para saber que eu tinha o hábito de treinar sozinha até mais tarde sempre que podia.

Jasmine Moore, com sua pele morena, cabelos escuros e corpo esguio e esbelto, tinha sido minha melhor amiga desde que tínhamos dez anos. Nós éramos o porto seguro uma da outra desde então, uma dupla harmoniosa e inseparável. Ela era a animação para a minha calmaria, a voz para o meu silêncio. Algumas pessoas diziam que podiam enfrentar qualquer coisa desde que seus amores estivessem ao seu lado, mas minha fortaleza não era um namorado, mas sim a garota diante de mim.

- Você me conhece, Jaz. - eu respondi, deslizando até ela.

- Eu ache que sua mãe acabaria te convencendo a ir ao jogo ver Aidan. - ela comentou.

The Colors BetweenOnde as histórias ganham vida. Descobre agora