Six / LOREN

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A chuva estava forte, com direito a relâmpagos e trovões, isso não ajudava nem um pouco o grupo de quatro amigos que corriam desesperadamente por uma pequena parte da floresta.

Mesmo sendo expostos à tantos perigos, eles não se separavam, eles se mantinham unidos, pois, em suas mentes inocentes, isso os manteriam vivos.

Animais selvagens, que antes estavam escondidos entre a vasta mata, começaram a surgir, com os seus olhos frios e sem piedade. Aqueles animais eram treinados para matar. Os corpos dos meninos se encheram de adrenalina e começaram a correr novamente, mas dessa vez, eles não estavam mais juntos.

Os meninos que antes corriam em grupo, agora estavam separados, cada um em algum ponto da floresta. O pânico era visto de longe, e nem mesmo as súplicas mais desesperadas conseguiriam salvar as suas vidas.

Eu estava assistindo isso tudo por uma televisão que John fizera o favor de colocar no meu quarto. Não para a minha diversão, é claro, mas sim para o meu sofrimento. Eu era obrigada a assistir isso tudo, uma vez a cada duas semanas, John pegava um grupo de amigos drogados em uma festa qualquer e esperava o efeito das drogas passar, quando isso acontecia, ele jogava os meninos para a floresta que se localizava do lado desse lugar e filmava tudo, transmitindo ao vivo para mim. Os meninos sempre acabavam mortos, mesmo se eles sobrevivessem a todos os tipos de testes.

Voltei o meu olhar para a televisão e vi que os animais já haviam pegado um dos meninos, fechei os olhos diante dessa cena. Os outros quatro estavam perdidos em outras partes.

Com o passar do tempo, os meninos foram morrendo, cada um de alguma maneira diferente, uns por armadilhas para animais e outros pelos próprios animais. Até que sobrou o último, meu corpo se arrepiou e eu senti a adrenalina começar a circular livremente por minha veias.

Consegui ver John aparecer onde o pobre garoto estava e o prensar contra uma árvore, apontando sua arma para a testa do garoto e engatilhando. Ele fazia isso tudo lentamente, ele queria torturar tanto o garoto, quanto a mim.

Meus olhos estavam atentos, talvez John deixasse o menino viver. Eu não acreditava nisso, mas eu tinha que acreditar, era o único jeito de me manter sã. Quando eu pensei que o menino iria sobreviver, escutei o barulho do tiro e gritei, sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto.

Acordei em um sobressalto, passei a mão pela minha testa e senti meu suor frio escorrendo por todo o meu rosto. Respirei fundo, tentando me acalmar e obriguei meu coração a bater normalmente.

Olhei para os lados e como eu esperava, eu estava deitada em um dos milhares de colchões que estavam espalhados pela sala do Nash. Depois de sair da praia, nós resolvemos dormir na casa de alguém e como Cameron disse que não queria bagunça na sua casa, só sobrou a casa do Nash.

Levantei com o maior cuidado para não acordar o Aaron que, por algum motivo, dormiu segurando a minha mão enquanto me abraçava de lado. Andei até a cozinha com passos leves e quase tive um ataque do coração quando bati de frente com o Hayes na entrada/saída da cozinha.

— Aí capeta!

— Não, sou só o Hayes mesmo.

Olhei para ele e dei uma leve risada, tomando cuidado pra não fazer nenhum barulho capaz de acordar o resto.

— Por que está acordada essa hora?

— Estou com sede — Eu respondi enquanto estraga na cozinha, sendo seguida por ele.

Enchi um copo d'água e me sentei no balcão, brincando com as minhas pernas enquanto aquele silêncio constrangedor tornava tudo mais difícil.

— Então... — Eu comecei — Como vão as coisas com a Lucy?

Ele me olhou de um jeito estranho, provavelmente estava se perguntando por que caralhos eu fiz essa pergunta.

— Vão bem, quer dizer, nós não somos um casal que briga muito.

— Entendo.

Eu realmente entendia. Não é só porque ele está com outra que eu vou ter que fazer o maior escândalo, eu fui embora por dois anos e não dei notícias nenhuma vez, eu sabia que ele ia seguir em frente, é bom ver a pessoa que você ama feliz, mesmo que não seja com você.

— Ela te faz feliz?

Por mais egoísta que isso pareça, eu queria queria que ele dissesse não, eu queria que ele disse que era mais feliz comigo, eu simplesmente queria ele para mim. Eu queria que a resposta fosse um "eu te amo, Loren Lancaster".

— Faz — Ele abriu um sorriso e eu retribui o gesto quase que imediatamente — Muito feliz.

Rock Bottom ;; Hayes GrierWhere stories live. Discover now