Sixteen / HAYES

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Joguei a cabeça pra trás, reprimindo a minha vontade de gritar ali mesmo, Loren cobriu o rosto com as mãos e soltou um grito abafado. Nós dois não estávamos no clima para ficar preso juntos, acho que não estávamos no clima para fazer qualquer coisa juntos.

— Liga para o guincho — Loren disse, recebendo um olhar entediado da minha parte — Liga para quem você quiser, só nos tira daqui.

Eu bufei e peguei meu celular, discando o número do guincho, mas para a minha infelicidade, a chuva fez o favor de cortar o sinal do telefone. Suspirei e joguei o telefone no colo da Loren, escutando a mesma bufar e me devolver o celular logo em seguida.

O silêncio reinava no carro e eu não fazia a mínima ideia de como quebrá-lo. Era óbvio que Loren ainda estava magoada comigo, mas ela precisava entender que a culpa não é minha, ela foi embora por dois anos e depois de procurar ela, eu superei.

Meus pensamentos foram interrompidos quando eu vi que Loren estava passando no vão entre os bancos, procurando alguma coisa na parte de trás do carro. Ela voltou com o corpo pra frente alguns minutos depois, segurando vários doces nas mãos.

— Aí caralho! — Eu resmunguei assim que senti o tapa na minha mão quando tentei pegar uma fini.

— Meus doces, você não toca.

Revirei os olhos e peguei meu celular, começando a gravar um vídeo pro canal, faz um tempo que eu não atualizo e não tem jeito melhor de voltar do que com um vlog.

— Gente, a Loren não quer dividir os doces comigo — Eu apontei o celular para a Loren que me olhou espantada.

— Benjamin, sério que nós estamos presos no carro e você vai gravar um vídeo?

— Não é um vídeo qualquer, é um vlog.

Ela bufou e me deu um tapa no braço, voltando a comer os doces e me ignorando completamente. Revirei os olhos e coloquei o celular apoiado em uma parte qualquer do carro e comecei a comer os doces, recebendo um olhar feio de Loren.

— Vamos jogar um jogo — Eu quebrei o silêncio.

— Que tipo de jogo? — Ela me olhou desconfiada.

— Jogo das perguntas, mas só valem perguntas de sim ou não — Ela arqueou a sobrancelha — Eu corto as partes mais pessoais.

Ela olhou para mim e suspirou, jogando os doces para o banco de trás e ficando sentada de frente mim.

— Você começa.

— Tudo bem — Eu pensei um pouco antes de perguntar — Os dois anos fora foram legais?

— Não.

— Você sentiu falta da gente?

— Você não faz ideia.

— Só pode responder sim ou não — Eu disse em um tom divertido.

Ela bufou mas abriu um pequeno sorriso brincalhão.

— Sim.

— Essas marcas nas suas costas, você conseguiu lá? — Ela me olhou confusa — Nesse lugar que você esteve.

— Sim.

— Você gostava da... — Ela me interrompeu.

— Podemos mudar o rumo das perguntas? Não gosto de lembrar muito dessa época.

— Certo, desculpe — Ela abriu seu típico sorriso de "não está tudo bem mas eu vou fingir que está" e assentiu — Sua vez.

— Você sentiu minha falta quando eu fui embora?

— Sim.

— Você sofreu muito? — Por mais que ela tentasse disfarçar, eu percebi a tristeza na sua voz.

— Sim.

Ela assentiu e olhou para baixo, murmurando um "desculpa" antes de levantar a cabeça com os olhos vermelhos, ela estava segurando o choro. Sorri e abri os braços, a convidando para um abraço, o qual ela aceitou sem pensar duas vezes.

Loren sentou no meu colo e afundou a cabeça no meu pescoço, onde ela suspirou, me causando um arrepio.

— Ainda é seu ponto fraco? — Eu não podia ver, mas tinha certeza de que ela estava sorrindo.

— Uma fez ponto fraco, sempre ponto fraco.

Ficamos assim por alguns minutos, ela segurando o choro e eu fazendo cafuné nela enquanto sussurrava que tudo bem se ela chorasse, no seu ouvido. Ela respirou fundo e voltou para o seu lugar, colocando um sorriso no rosto, eu ainda vou conseguir fazer ela perder essa mania de fingir que está tudo bem quando, na verdade, está tudo uma droga.

— Quer que eu corte essa parte do vídeo?

— Por mim não tem problema, mas eu acho que vai ficar muito grande se tiver essa parte.

Concordei e nós voltamos a brincadeira de perguntas e respostas, mas dessa vez valia qualquer tipo de pergunta e qualquer tipo de resposta. Estava um clima divertido, as perguntas estavam sendo mais por brincadeira do que por curiosidade, até que Loren fez uma pergunta que eu não esperava:

— Quando você se apaixonou pela Lucy?

Eu analisei seu rosto, querendo ver qualquer resquício de brincadeira ou coisa parecida, mas a única coisa que eu encontrei foi a seriedade que ela usa na maioria das vezes.

— Acho que não me apaixonei.

Nossos olhos se encontraram e eu reparei que seus olhos estavam mais claros do que antes. Percorri meu olhar pelo seu rosto inteiro, até chegar na sua boca, seus lábios estavam mais convidativos do que nunca e eu estava conseguindo reprimir a minha vontade de beija-la ali mesmo, mas quando ela mordeu o lábio inferior, eu não resisti.

Eu a beijei.

O beijo era lento, mas ao mesmo tempo cheio de vontade, era como se cada um quisesse aproveitar ao máximo aquele pequeno momento. Parecia que não conhecíamos mais a boca um do outro e estávamos conhecendo novamente, era uma sensação ótima, uma sensação que eu não sentia a muito tempo. Ela nos separou e colou as nossas testas.

— Acho melhor você cortar isso do vídeo.

Rock Bottom ;; Hayes GrierWhere stories live. Discover now