A Noiva Errada

A Viagem

Quatro dias depois

Evelyn Narrando
Continuo lendo o livro que selecionei para a viagem.
Apenas torço para que a viagem seja rápida pois parece que estou aqui há uma eternidade.
Nesse momento estou em uma poltrona sentada no jatinho dos pais de David. Eduarda conversa de forma animada com David e devido aos meus fones de ouvido com música um pouco alto não escuto o que eles falam. Tyler permanece em silêncio enquanto lê algo em alguns documentos e degusta um líquido vermelho escuro que deduzo que seja sangue. Um embrulho se forma em meu estômago fazendo eu me sentir enjoada com o fato dele estar bebendo sangue. Eu sei que eu deveria me acostumar com o fato de os vampiros beberem sangue, mas essa ideia me deixa enjoada.
Algumas vezes reparo Tyler me olhando em silêncio e não sei porque me sinto incomodada com isso. Não me sinto incomodada por ele ser um vampiro, mas me pergunto o porque que ele me olha tanto. Reparo um pouco nele. Ele está usando uma camisa social vinho e uma calça social de cor palha. Seus cabelos estão sobre os ombros e como sempre e seus olhos frios me analisam de uma forma que me incomoda mesmo com uma certa distância entre nós.
Tyler algumas vezes olha Eduarda de um jeito estranho eu diria, um olhar com misto de frieza e confusão e gostaria de poder ler mentes para saber o que ele tanto pensa.
Tento prestar atenção novamente no livro.
Raios! Não sei porque ando pensando tanto em Tyler, ele é idiota e arrogante. Devo estar enlouquecendo.
Lembranças do baile me vem à tona e me lembro de Safira e me pergunto o do porque que ela disse o disse. Me lembro da confissão de Felipe sobre ele, Tyler e David terem amado a mesma mulher.
Respiro fundo um tanto irritada por não conseguir me concentrar no livro novamente.
Talvez seja o fato do voo, nunca gostei de viajar de jatinho e me deixa um pouco nervosa.
Reparo a aeromoça se aproximando com um sorriso simpático. Tiro os fones de ouvidos.
-Senhorita Evelyn, o comandante pediu para colocar o sinto devido a aterrissagem. -Fala a aeromoça um tanto esquelética sorrindo.
-Tudo bem. -Falo e lhe dou um sorriso amarelo.
-Licença. -Pede ela e segue até Eduarda e David.
Coloco o cinto.
Após ela informar Eduarda e David ela avisa Tyler.
Coloco os fones de ouvidos novamente numa tentativa falha de que possa me ajudar.
Não sei por qual razão acabo apertando meu livro com mais força do que o necessário devido a aterrissagem.
Talvez eu tenha um pouco de medo de voos.
Fecho os olhos respirando fundo tentando não demonstrar meu nervosismo.

•••

-Evelyn aqui não é incrível? -Eduarda pergunta enquanto admira a vista das piscinas e da praia, devido a localizado da recepção do hotel da para ter uma visão ampla.

David e Tyler estão resolvendo os assuntos dos quartos e das bagagens. Eduarda me arrastou até aonde da para ver o mar que parece infinito.
Eu diria que Eduarda parece uma criança de 5 anos em um parque de diversão pela primeira vez.
Miami é lindo devo admitir, mas prefiro Londres com o seu clima difícil.
-Sim, realmente é lindo. -Digo a verdade e sorrio para ela enquanto a mesma olha a vista um tanto empolgada.
-Temos que ir a praia enquanto David e Tyler estiverem trabalhando. -Eduarda fala e a olho com uma sobrancelha arqueada.
Não sou muito fã de praias.
-Eduarda você sabe que não gosto muito de praia. -A lembro. -E também não trouxe biquínis e nem saídas de praia. -Argumento tentando convencê-la.
-Eu comprei alguns biquínis e saídas de praia para você, na verdade trouxe uma mala com coisas para você. -Conta ela e a olho seria. -Eu já imaginava que você iria esquecer o biquíni então apenas me previne por você. -Fala ela e sorri.
Apenas reviro os olhos e sorrio do jeito de Eduarda.
Talvez não seja tão ruim um pouco de praia, eu vou sobreviver.
-Voltamos. -David fala parando ao lado de Eduarda.
-Já organizaram tudo? -Pergunta Eduarda a David.
Tyler se aproxima um pouco e continua com sua cara amarrada. Acho que não sou a única que não é muita fã de praias e todo esse sol.
Eduarda segue até David e o abraça.
-Já levaram nossas bagagens para os quartos. -Responde David. Ele se aproxima e estende um cartão com um número. Pego o cartão. -O cartão da porta de seu quarto. -Informa ele e volta para o lado de Eduarda.
-Acho que vou para meu quarto descansar um pouco Eduarda. -Falo para Eduarda. A mesma me olha rapidamente.
-Mais tarde passo no seu quarto para sairmos e aproveitarmos o resto da tarde. -Fala ela sorrindo. Eduarda e seus "convites". Sorrio para ela.
-Ok. -Falo ainda sorrindo. -Vou indo. -Aviso e sigo rumo até o elevador.
Ando a passo firmes me afastando de Eduarda, David e Tyler.
A recepção do hotel em que estamos é bem organizada e enorme eu diria.
Reparo um elevador no qual acabara de sair duas mulheres. Ando um pouco rápido para não perdê-lo.
Meus saltos fazem um barulho um pouco irritante. Assim que entro no elevador aperto o número de meu andar e aguardo as portas se fecharem. Sem eu perceber o cartão da porta de meu quarto cai no chão. Me abaixo e o pego rapidamente. Me levanto.
Quando as portas estão se fechando uma mão as impede de fechar.
-Evelyn que coincidência! -Uma voz familiar fala. Olho para a pessoa que menos esperava ver agora.
-Paulo. -Falo não acreditando que ele está a minha frente e lhe dou um sorriso amarelo um pouco forçado. -Que coincidência. -Digo enquanto ele entra no elevador. Ele continua o mesmo. Seus cabelos castanhos um pouco bagunçados combina com sua barba a fazer. Seus olhos castanhos me fita de forma incansável.

(Paulo ⬆️)
-Sempre linda. -Fala ele e se aproxima para um cumprimento. Ele deixa um beijo em minha bochecha e um pouco sem jeito me afasto.
-O que faz aqui? -Pergunto querendo puxar assunto enquanto as portas do elevador se fecham me deixando nervosa com o fato de eu estar em um local fechado com Paulo. Não gosto disso.
-Precisava de umas férias rápidas e me recomendaram este hotel. -Fala ele tentando jogar seu charme e sorri.
Entre tantos hotéis em Miami porque não estou surpresa dele estar justo no mesmo em que estou? Talvez haja dedo de mamãe nessa história.
-A que bom então. -Falo tentando soar simpática.
-A cada dia que passa você fica mais linda. -Fala ele me olhando de cima a baixo. Lhe dou um sorriso amarelo me segurando para não mandar ele para certos lugares. Odeio esse jeito de Paulo. Talvez se ele fosse diferente eu até poderia aceitar sair com ele um dia.
Olho para Paulo que se aproxima mais que o necessário fazendo eu me afastar um pouco.
-Paulo melhor não, sabe somos de famílias amigas e coisas assim. -Falo desviando dele.
O barulho do elevador anuncia que cheguei ao meu andar. Minha impressão ou demorou chegar ao meu andar?
-Bom cheguei ao meu andar, até Paulo. -Digo me despedindo e saio do elevador rapidamente.
-Não brinca, é o meu andar também. -Paulo fala me acompanhando e o olho surpresa.
-Nossa. -Falo num sussurro inconformada. -Que coincidência. -Digo e lhe dou um sorriso amarelo.
Ó céus! Só pode ser brincadeira do destino isso. Sigo até meu quarto.
-Sabe quando se tem dinheiro o suficiente sempre podemos conseguir o que queremos em  um estralar de dedos. -Paulo fala de uma forma estranha e convencida, o que quer dizer que ele sabia o número de meu quarto.
Paro na frente da porta de meu quarto.
Sinto Paulo segurar meu braço e um certo desespero me atinge por não conseguir pensar em uma desculpa para escapar de Paulo.
-Paulo foi um prazer revê-lo. -Falo e puxo meu braço me soltando. -Mas estou cansada da viagem e tenho que descansar. -Digo a primeira coisa que me vem à mente.
-Mas... -Começa ele a falar e antes que ele diga mais alguma coisa passo o cartão na porta e abro a porta de meu quarto e entro rapidamente fechando a porta em sua cara.
Somente quando fecho a porta respiro com mais normalidade.
Ainda bem que me livrei de Paulo e suas investidas.
Quando eu chegar de viagem terei uma conversa séria com mamãe. Paulo nunca foi interessante para mim e sempre fujo dele.
Reparo um pouco o quarto numa tentativa de esquecer o ocorrido.