Sentimentos

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Tyler Narrando

O sol acaba de nascer e estou novamente entrando na mansão de Safira.
Deixei Evelyn aos cuidados de Nicolai na minha mansão, David está fora de si e Johnson confiou a mim a segurança de Evelyn. Evelyn apesar de querer ficar a mãe teve que fica em minha casa, eu deveria estar por perto dela para ter certeza de sua segurança, mas uma ligação de Safira me fez vir às pressas a sua residência e tenho certeza que ela ficara ao meu lado.
Passo pelo Hall de recepção e me deparo com um corpo de um humano no chão. O corpo masculino está sem vida e pela camiseta aberta vejo marcas de mordidas, ou seja Safira passou de uma vampira depressiva fazendo greve de fome enquanto superava o término de sua relação com um humano, para uma vampira furiosa com o irmão que a mesma idolatrava.
Olho para a escada vendo sangue deduzindo que o humano estirado no chão tentará fugir de Safira antes que ela o matasse.
Safira surge no início da escada usando o mesmo robin sobre a camisola de hoje mais cedo, mas desta vez suas vestes estão repletas de sangue e olho para o outro lado da enorme sala vendo outro corpo humano no chão.
-Enfim está se divertindo, sinto me incomodado que não tenha me chamado para a festa. -Falo irônico não me contendo e fito Safira friamente sabendo que ela não me chamou aqui para isso. Em um piscar de olhos Safira para a minha frente e me analisa com seus olhos vermelhos com uma breve pitada de culpa. Noto que ela estava a chorar.
-Foi um momento de fraqueza, não vai se repetir. -Safira justifica o fato de ter acabado de matar dois humanos e noto arrependimento no seu olhar. Penso em revirar os olhos por seu momento de remorço, mas permaneço sério. -Vou ajudar você a encontrar o segundo diário de Elizabeth apesar de não saber em quem confiar agora. -Safira fala e percebo tristeza em sua voz apesar da mesma tentar fingir que está bem. -Você sempre esteve certo sobre Felipe. -Safira conclui num comentário amargo deixando evidente que não perdoará Felipe tão fácil.
Tento não sorri de satisfação por saber que enfim Felipe não vai ficar mais no caminho, e que em breve Sam e Sebastian estarão fora do caminho também pois algo em mim anuncia que Elizabeth sabia como impedi-los e se ela tinha dois diários ela com certeza sabia de algo.


[...]


Evelyn Narrando

Frustada por Tyler me deixar trancada em um quarto sob a vigilância de seu mordomo sento em uma poltrona cansada de ficar em pé.
As fotos de Felipe e Celeste juntos me vem à mente e sinto o nojo me predomina ao lembrar das cenas das fotos que não vou esquecer tão cedo.
Como Felipe pode dizer de forma cínica que me ama e tem encontros amorosos com Celeste? -Me pergunto indignada sabendo que não poderei confiar mais na palavra de Felipe.
Olho para o quarto e lembro que foi neste quarto em que acordei no dia seguinte do jantar de noivado de Eduarda. Quando percebo acabo esquecendo as fotos de Felipe e tento me lembrar do que aconteceu de verdade entre eu e Tyler.
Batidas na porta chama minha atenção e após um tempo Nicolai abre a porta e me olha.
-A senhorita deseja comer ou beber algo? -Nicolai pergunta de forma atenciosa e o olho seria sabendo que não posso odia-lo por me deixar trancada aqui pois o mesmo apenas segue ordens de Tyler.
-Não, obrigada. -Recuso ainda sentada e olho para o papel de parede lembrando de Eduarda.
-A senhorita tem que comer, deduzo que ainda não comera nada desde o amanhecer. -Nicolai insiste me lembrando que já está de dia e que não como nada desde a morte de Eduarda.
-Eu deveria estar com meus pais e não aqui trancada. -Digo cansada de esperar pois sei que mamãe precisa de mim assim como preciso dela agora.
Olho para Nicolai que permanece parado no mesmo lugar.
-Senhorita Green não posso permitir sua ida, são as ordens de Tyler e... -Nicolai fala justificando novamente o fato de eu não poder ir embora enquanto Tyler sumira do nada.
-Eu não entendo, como alguém sensato como você pode ser tão leal à alguém como Tyler. -Falo o interrompendo sabendo que Nicolai é um dos poucos vampiros que parece sensato, enquanto é o mordomo de Tyler, que faz coisas cada dia piores devido ao seu egoísmo.
Nicolai fecha a porta e respira fundo, ele me fita de forma mais relaxada, porem ainda sério sem perder sua postura.
-O senhor Wells pode parecer egoísta e ter algumas atitudes que não são de se orgulhar-se, mas devo a minha lealdade à ele. -Nicolai fala de forma calma aflorando minha curiosidade para saber o que Tyler fez de tão importante para ele.
-Me permite saber o que porque? -Pergunto tentando não parecer tão curiosa apesar da pergunta e ainda sentada na poltrona fito Nicolai que senta na beirada da cama king ficando cerca de dois metro e meio longe de mim devido ao enorme quarto. Ele olha para mim de um jeito calmo e respira fundo.
-Já faz mais de um século que trabalho para o senhor Wells. -Nicolai fala novamente se referindo a Tyler como senhor Wells. -Ele salvou minha vida e me deu a eternidade, ele foi o único que acreditou em minha palavra numa sociedade que na época me tratava como um andarilho, um ladrão, um assassino. -Nicolai fala e o olho surpreso pois não sabia que Tyler pudesse ser capaz de ajudar alguém na vida. Fico quieta sabendo que ele ainda tem mais o que dizer. -Fui criado por meus avós, minha mãe era uma prostituta e por ser seu filho nunca fui aceito por completo na cidade que morávamos. -Nicolai da uma pausa e permaneço em silêncio. -Apesar de minha mãe ter me deixado com meus avós nunca nutri ódio algum por ela, afinal de contas ela evitou que eu crescesse num bordel. -Continua ele falando e noto a verdade em cada sílaba que diz.  -Enfim, quando completei 16 anos comecei à trabalhar na casa do banqueiro da cidade, mau sabia eu que não estava ali por a caso, o homem que eu servia era meu pai. Quando eu perguntei para ele uma certa noite do porque ele nunca me assumiu foi então que eu percebi que o homem era a pessoa mais fria, egoísta, suja e gananciosa. -Ele da uma pausa e percebo o rancor que ele guarda quando fala desse homem que um dia fora seu pai. -Depois disso ele disse que iria me assumir diante a sociedade, mas a esposa dele descobriu e arrumou um jeito dele me expulsar de sua casa, e após isso ela o matou, e eu fui um dos suspeitos. Acabei indo para as ruas, vivendo dos restos da cidade e ainda sendo visto como um ladrão e assassino, ou apenas como um andarilho ingrato. -Nicolai da outra pausa e desvia o olhar. Apesar de meus olhos estarem quase lagrimejando de pena não choro com sua história pois algo nele afirma que não gosta que sintam tamanha pena de seu passado.  -Certo dia o prefeito decidiu por fim a minha vida para sua diversão, se Tyler não aparecesse a tempo eu estaria morto. Tyler além de salvar minha vida me deu a eternidade para que pudesse me vingar de todos que um dia me humilharam. -Nicolai conclui e me olha sério.
Fico em silêncio por uns breves segundos surpresa pela a história de Nicolai suspeitando que Tyler talvez não seja tão insensível assim.
-Desde então você é o braço direito de Tyler? -Pergunto sabendo que Tyler lhe conta tudo.
-Sim. -Responde Nicolai.
-E porque continua ao lado dele, digo você já fez o que ele queria por tanto tempo, porque continuar sendo o mordomo dele? -Pergunto intrigada para saber por que ele não vai viver sua vida.
-Sou de uma época que a única coisa que importava era a palavra e a lealdade. -Responde Nicolai ainda soando educado, porem sei que ele ainda trabalha para Tyler porque ainda se sente em dívida.
Nicolai se levanta e segue até a porta, deixando óbvio que tem algo a fazer além de me fazer companhia.
-Certeza que a senhorita não deseja comer algo? -Nicolai pergunta novamente preocupado comigo e me recomponho por ter ficado abalada pela a história de seu passado.
-Não, obrigada. -Digo a verdade, estou sem fome, a morte de Eduarda é muito recente e ainda não digeri isso.
-Tudo bem, Licença. -É a única coisa que Nicolai fala após se dar por derrotado e sai do quarto me deixando a sós.
Lembro da história do passado de Nicolai. Tyler o ajudou, ele poderia ter deixado Nicolai morrer, mas ele não o permitiu. -Penso confusa começando a suspeitar que não sei quem Tyler realmente é.
Não! -Penso me repreendendo mentalmente. -Tyler apenas me quer por causa do meu sangue. -Repito mentalmente, mas ao lembrar de Felipe percebo que me enganei em relação à ele e que talvez pode ser que eu esteja me enganando em relação à Tyler. -Penso confusa e passo a mão no rosto cansada disto.
Fico um tempo pensando em algo para me ajudar, mas sempre volto ao mesmo lugar.
Eu devo ir com Sam e Sebastian e liberta-los da maldição daqui duas semanas, posso ir embora agora, mas algo em mim precisa saber quem Tyler realmente é.
O barulho na maçaneta chama minha atenção e fico tensa por não saber quem é. A porta se abre e vejo Tyler, quando noto suspiro aliviada em ver ele e não David.
-Por que me deixou presa aqui enquanto saiu? -Pergunto irritada e me levanto.
Sem dizer nada Tyler fecha a porta e se aproxima. Ele continua com a mesma roupa, seus cabelos estão soltos e ele me fita estranho com seus olhos azuis acizentados.
-Eu já expliquei, estou lhe protegendo de David. -Tyler fala sério sem demonstrar nada. Ele para cerca de um metro à minha frente e me olha nos olhos. Mesmo emocionalmente abalada pela morte de Eduarda acabo me perdendo em seus olhos incrivelmente lindos.
-Você está se aproveitando da situação. -Afirmo tentando parecer calma com sua aproximação após sair de tal transe e me afasto dele antes que não pense direito.
Sigo até a janela e olho à vista do segundo andar. Tyler para atras de mim e sei que ele está perto quando arrepio. Ele da a volta ficando a minha frente e meu coração acelera.
-Por que sempre foge? -Tyler pergunta de um jeito estranho e do jeito que ele me olha me sinto como se fosse sua presa e que a qualquer momento eu posso ficar presa em seu olhar único. Tyler se aproxima mais e permaneço parada, minha mente diz para eu fugir o quanto antes, mas é como se meu corpo não me obedecesse. -Posso te fazer uma pergunta? -Tyler pergunta calmo e estranho tal mudança.
-Sim. -Digo tentando fingir que ele não me afeta.
-Você tem andado falando com Sam e Sebastian? -Tyler pergunta e engulo em seco supresa por tal pergunta.
Me afasto dele rapidamente ficando há apenas um metro longe.
-Por que isso importa? -Pergunto seria sabendo que Tyler está armando algo.
Tyler se aproxima e desta vez não me afasto.
Ele me olha nos olhos de um jeito único.
-Eu me preocupo com você e não quero que você corra mais perigo por causa deles. -Afirma Tyler e novamente estranho suas palavras. -Evelyn você tem que acreditar em mim, eu realmente me importo com você. -Continua Tyler.
-Tyler pare de mentir. -Peço cansada de sua cena que quase chegou a me convencer. Ele para a centímetros de meu rosto e meu coração acelera enquanto o fito.
-Você sente algo por mim, eu sei disso, por que você apenas não para de fugir, estamos noivos e... -Não permito Tyler terminar sua frase apesar de suas palavras mexerem comigo de um jeito estranho.
-Você nunca vai mudar, jamais seremos um casal de verdade e... -Não concluo minha fala pois sou surpreendia quando ele me agarra e me surpreende com um beijo. Ele me abraça forte e mesmo tentando me soltar após alguns segundos respondo o seu beijo.
Coloco minhas mãos em seus ombros me rendendo aos seus beijos e a parte minha que tanto o deseja predomina. Meu coração parece que vai sair pela boca, minhas pernas bambeiam e como sempre ao beija-lo sinto coisas que jamais senti .
Enquanto o beijo esqueço de tudo, como se nada mais importasse além de beija-lo ainda mais.
Com uma mão sua em meus cabelos sinto outra mão sua vaguear por minha costa.
Após um tempo paramos o beijo e tento controlar minha respiração ainda em seus braços enquanto o olho nos olhos. Ele me olha de um jeito diferente e vejo desejo com misto de confusão em seu olhar. Meu corpo o deseja de forma única assim como seu corpo deseja a mim.
Um turbilhão de emoções, pensamentos e desejos me invadem. Sinto culpa por ainda não estar de luto por Eduarda, sinto raiva de mim mesma por não conseguir me controlar quando estou perto de Tyler e pela primeira vez fico em dúvida se devo partir ou não com Sam e Sebastian.
-Tyler o que você está fazendo comigo? -Pergunto num fio de voz respirando com dificuldade com meu corpo ainda colado ao de Tyler, ele me fita de um jeito vidrado e sorri.
-O que você também está fazendo comigo? -Tyler pergunta num sussurro me olhando de um jeito que me deixa ainda mais confusa. Ele acaba com a distância entre nossas bocas e nos beijamos novamente.
Está pode ser uma das maiores burrices na qual estou me entregando, mas sei que nutro algo por Tyler e não da mais para negar.

__

Tyler Narrando


-Por que me deixou presa aqui enquanto saiu? -Evelyn pergunta irritada e se levanta da poltrona que estava sentada assim que abro a porta.
Entro no quarto que já considero dela e fecho a porta, me aproximo dela. Seus cabelos castanhos escuros estão como antes, seus olhos azuis denunciam seu cansaço e sono, seu suéter preto apesar de um pouco largo contorna algumas curvas de seu corpo junto de uma calça jeans clara e noto que ela ainda usando um tênis branco.
Assim que sai da casa de Safira vim imediatamente para cá, combinei com Safira de começar a procurarmos o segundo diário de Elizabeth amanhã, o diário de capa vermelha que está com Evelyn por incrível que parece não atrai minha atenção, como uma intuição sinto que é no segundo diário de Elizabeth que é que vou descobrir como me livrar de Sam e Sebastian.
Volto o foco para Evelyn que me fita seria.
-Eu já expliquei, estou lhe protegendo de David. -Falo para Evelyn o que na verdade não é uma mentira pois realmente estou a protegendo. Paro à sua frente, longe apenas o suficiente para que eu saiba o tanto que eu a afeto e uma parte minha gosta de saber disto.
-Você está se aproveitando da situação. -Evelyn afirma tentando parecer calma com minha aproximação e segue até a janela fugindo de mim.
A sigo calmamente e paro atras dela. Noto que ela fica inquieta com minha aproximação novamente. Dou a volta e paro à sua frente. Posso inclusive escutar seu coração acelerar.
-Por que sempre foge? -Pergunto a olhando com uma incrível vontade de beija-lá e torná-la minha. Me repreendo mentalmente me relembrando de minha meta que é fazê-la ficar totalmente entregue a mim e não eu entregue à ela. Aproximo mais dela e fico atraído por sua palidez e olhos azuis intensos, tento não ficar olhando sua boca avermelhada. -Posso te fazer uma pergunta? -Pergunto calmo lembrando que tenho que saber se ela ainda fala com Sam e Sebastian.
-Sim. -Responde ela e me olha seria.
-Você tem andado falando com Sam e Sebastian? -Pergunto tentando soar natural e calmo, e não preocupado com o fato de eles poderem rouba-la de mim.
Evelyn se afasta um pouco de um jeito estranho.
-Por que isso importa? -Pergunta Evelyn e preciso contar até dez para não perder a paciência.
Aproximo dela novamente e desta vez ela não se afasta de mim.
A olho nos olhos optando por esquecer este assunto de Sam e Sebastian por enquanto.
-Eu me preocupo com você e não quero que você corra mais perigo por causa deles. -Invento a primeira coisa que me vem à mente. -Evelyn você tem que acreditar em mim, eu realmente me importo com você. -Continuo a falar sabendo que ela está quase em minhas mãos.
Depois que ela descobriu quem Felipe realmente era, foi como se eu desse um passo à frente para conquistar Evelyn. Em breve ela será totalmente minha.
-Tyler pare de mentir. -Evelyn pede e fico a centímetros de seu rosto sabendo que este é o momento.
-Você sente algo por mim, eu sei disso, por que você apenas não para de fugir, estamos noivos e... -Começo a encenar precisando aproximar dela logo pois não posso permitir que ela se afaste ainda mais de mim.
-Você nunca vai mudar, jamais seremos um casal de verdade e... -Não permito ela terminar de falar pois de um jeito impulsivo acabo a beijando quando olho muito tempo para a sua boca.
A agarro e mesmo após tentar resistir ela cede ao beijo. Seguro ela com uma mão em sua cabeça com os dedos entre seus cabelos e a puxo mais para mim com minha outra mão a segurando pela costa. Sentindo seu corpo colado ao meu lado pensamentos maliciosos rondam minha mente com vontade de te lá.
Sinto algo estranho, como se não fosse eu mesmo não consigo soltá-la. Uma parte minha à quer para mim, não apenas como mulher, mas sim por completo, seu corpo, seus pensamentos, sua alma. Suas mãos sobre meus ombros deixa evidente que ela sente o mesmo por mim. Admito que novamente ao beija-la me sinto estranho.
Paramos o beijo após um tempo pois sei que ela precisa respirar, mas não a solto pois simplesmente não consigo.
Pensamentos bobos invadem minha mente, e por um momento nada que fiz de mal importa, pois é como se Evelyn me trouxesse de volta à uma luz que não sentia à séculos, noto que nem mesmo Elizabeth despertara isso em mim.
A olho nos olhos e assim como eu a desejo sei que ela me deseja.
-Tyler o que você está fazendo comigo? -Pergunta Evelyn num fio de voz me olhando nos olhos enquanto ainda respira com dificuldade devido ao nosso beijo e tento evitar uma ereção.
-O que você também está fazendo comigo? -Pergunto sem entender o que está havendo comigo e olho para sua boca. Novamente a beijo ao não resistir em ter sua boca tão próxima da minha.
Algo novo me invade, algo único e no qual sei que não vou conseguir me livrar tão cedo.

A Noiva ErradaWhere stories live. Discover now