30ª dose

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Apesar de eu estar muito bem, tive que encontrar com Ítalo mais algumas vezes. As consultas passaram a ser mais frequentes por estar na reta final da gravidez, e os preparativos para a chegada do bebê se tornaram mais corridos, já que gastamos nosso tempo brigando. Nosso relacionamento era uma montanha-russa emocional, alternando entre momentos de tensão e breves instantes de paz. Fiz a ultrassonografia morfológica, e apesar de estar ansiosa, meu filho está forte e saudável, aliviando um pouco da minha preocupação. Apesar de ficar extremamente nervosa, a médica me tranquilizou, garantindo que meu filho não apresenta nenhum problema de saúde. É um alívio saber que, apesar de todas as dificuldades e brigas, meu bebê está bem. Fiquei com muito medo de ele ter algo por culpa minha e de Ítalo. Não estava sendo bem uma gravidez calma.

Depois da consulta, fomos ao shopping juntos e compramos algumas roupas para o nosso filho. Compramos mais peças do que já havíamos comprado usando o salário de Ítalo e um pouco do que juntei trabalhando nas festas. Faltam apenas dois meses e tudo deve estar arrumado. Até agora, temos poucas roupas: alguns presentes e algumas peças que ganhamos, mas só o básico. Vamos precisar comprar muito mais.

No fim da tarde, Ítalo insistiu que deveríamos terminar de comprar os móveis do quarto e escolher o nome do nosso filho. Eu sei que ele está certo quanto a isso, mas não queria ficar muito perto dele. Está tudo bem, mas, lembrando do pouco tempo que temos, decidi ir direto do shopping para a sua casa. Não podemos perder tempo.

— Já pensou em um nome? — ele questiona enquanto procura um berço na internet.

— Não.

Mentira. Pensei em alguns, mas descartei todos, sempre encontrando algum defeito. Ítalo assume que não conseguiu pensar em nada e continua digitando algumas coisas no notebook. Vejo uma página de nomes de bebê salva na parte superior e sorrio, percebendo que ele realmente está se dedicando.

— Cor clara ou escura?

— Clara!

Ele digita no site da loja, filtrando por berços de cores claras, e logo aparecem vários modelos. Um mais lindo que o outro e mais caro também.

— Como está no trabalho?

Me surpreendo com a pergunta repentina. Ele nunca demonstrou interesse antes.

— É bom! Gosto das festas, das crianças. Gosto de ter contato com pessoas diferentes.

— Tipo o Bernardo?

— Ele não é exatamente uma pessoa diferente.

Eu rio achando que foi uma piada, mas ele permanece sério. Parece tenso. Pede para eu escolher o berço e eu digo que não temos dinheiro para isso. Ele diz que vem guardando dinheiro faz algum tempo para comprar uma moto, mas mudou de planos já que agora a prioridade é outra. Também diz que vai parcelar algumas coisas no cartão. Insiste para que eu escolha um berço e fico entre dois no mesmo valor e com poucas diferenças. Deixo para Ítalo a escolha final.

— Vamos na loja amanhã. Tem esse berço no estoque, ok?

— Uhum. Cadê Yara?

— Foi caminhar com umas amigas. Ela está fazendo zumba na praça aqui perto. Não faço ideia do que isso seja.

— Espero que não seja algo relacionado a nudes — rio, mas ele não.

Ele diz para escolhermos o nome e eu me sento ao seu lado no sofá enquanto exploramos a magia da internet. Ele abre um site de nomes de bebês e começamos a navegar pelas opções. Ítalo sugere alguns nomes tradicionais, mas nenhum deles me encanta de verdade. Passamos por listas e mais listas, trocamos opiniões e comentários sobre cada nome que surge na tela. A escolha do nome parece mais difícil do que comprar um berço.

Quando estiver sóbrio (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora