39ª dose

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Lembrando que tenho o número salvo de Antonella, resolvo ligar para ela e pedir para que ela fosse com calma quando tocasse no assunto de Rômulo. Ela foi simpática e amorosa como sempre, mas sei que ela pode ter pensado que sou uma mimada e que, por não ter nenhuma formação, eu não deveria me meter, mas saber que Ítalo parou no hospital porque bebeu demais e teve que tomar glicose na veia, ativou a minha coragem para pedir algo que nem deveria ser pedido. A terapia é sobre nós dois! Rômulo é um desajustado que não demonstra amor e nem arrependimento.

Bernardo e outros amigos ficaram no hospital com Ítalo. Por causa da falta de disposição de Yara e suas dores repentinas, todos resolveram que cuidariam do amigo e não atrapalhariam ninguém. Fiquei sabendo no dia seguinte.

Bernardo: Sei que você se preocupa, e também sei que ele não vai te contar nada, então... Ítalo exagerou na bebida e paramos com ele no hospital. Agora tá tudo bem, mas ele não tá levando tudo na boa como fala. Ele nunca passou mal assim. - 15:03

Fico conversando com Bernardo durante meia hora. Ele diz que precisa resolver algumas coisas e que assim que tiver um tempo, conversa mais comigo. Antes de se despedir, ele diz que sabe que eu não tenho nada a ver com a vida de Ítalo, mas que, por estar esperando um filho dele e viver tão envolvida em tudo o que acontece, merecia saber o que houve. Agradeço e mando mensagem para Jessica.

Julia: Eu preciso procurar alguém especializado pra saber como tenho que lidar com Ítalo. - 15:40

Jess: Você não tem que lidar com nada! Quem foi abandonado foi Ítalo. Ele que tem que procurar ajuda, Julia. - 15:42

Jessica sempre tem razão, mas não consigo ser aquela que larga de mão uma pessoa que precisa. Ela diz que não podemos ajudar quem nunca pediu ajuda e eu sei que está certa, mas há algo em Ítalo que me faz ficar perto e não desistir. Talvez essa mesma coisa seja o motivo de eu ter gostado dele por um ano.

Por causa dos pródromos parei de trabalhar na casa de festas, então decido ir à casa de Ítalo. Quando chego, vejo Rômulo na sala assistindo televisão. Seu ar de superioridade me irrita assim que entro.

— Cadê o pessoal?

— Boa noite, Julinha. Estão no mercado.

Ignoro o apelido ridículo que ele me chamou. Minhas costas estão doendo e minha barriga parece que vai explodir de tão grande que está. Deixo minha bolsa no sofá desocupado e me sento. Pego o controle e desligo a televisão sem vontade alguma de ser simpática.

— Por que você voltou?

Tento manter o tom de voz calmo, mas só em olhar para ele me sinto nervosa. Eu não me importo se todo mundo está batendo palma para a volta dele. Até agora ele não fez nada que me faça pensar que ele voltou para conhecer Ítalo.

— Quero me aproximar do meu filho. Na vida a gente comete erros, menina.

— Você chama desprezar seu próprio filho de um erro?

— Você tem Ítalo ao seu lado e também quer esse filho que está esperando. Agora tente não ter nada disso e me diz se é fácil.

— Não invente desculpas! Você poderia ter voltado antes. Não enxerga que está magoando Ítalo?

— Ele supera!

— Não sente amor por ele?

Ele ri e dá de ombros. Tenho vontade de socar a cara dele, mas me mantenho quieta esperando por uma resposta que sei que não quero ouvir.

Quando estiver sóbrio (COMPLETO)Where stories live. Discover now