O Novo Amigo

Capítulo 4 - Resultado

Ace

-Ela é mentirosa pra caralho. Só quem é idiota de verdade acredita nisso.-Diz Amber, uma das líderes de torcida que incrivelmente são minhas amigas.-Não se preocupe.
Até onde eu sei, Lexi espalhou para algumas pessoas (todo mundo) que eu tentei roubar seu namorado. Lewis não deve estar sabendo disso, os meninos do time me olham feio, as meninas não, só ignoram Lexi friamente. Ninguém gosta dela mesmo.
-Quem ela pensa que é para falar do melhor amigo do mundo?!-Diz Daisy, chegando na nossa rodinha no meio do pátio.-Quando ela me contou isso, eu meio que quis vomitar na cara dela.
-Eu nem me importo...-Digo.- Provavelmente todos os meninos do time querem me matar, mas eu não me importo.
-Aqueles idiotas não tem nada a ver com isso.-Amber volta a dizer.-Eles não podem arriscar.

Quando toca o sinal, vamos para a sala. Recebo diversos olhares indiscretos, não só dos meninos do time, mas de todos que foram enganados.
Encontro Matt no corredor, ele não me olha desse jeito, não me olha de jeito nenhum, apenas me olha.
-É verdade?-Pergunta discretamente.
-Claro que não!-Paro para falar. Me surpreende que ele tenha acreditado nisso.
-Eu sabia!-Ele diz, e então sorri.-Até mais.
Luto para chegar a minha sala de aula ignorando aqueles comentários.
Percebo que Lewis já está na sala, ele escreve algo no seu caderno, não parece saber de nada. Eu prefiro assim.

No horário de almoço, Lewis é o primeiro a sair da sala como seus amigos, ele me olhou as vezes, sempre com o olhar de quem não sabe da mentira que nos envolve.
No corredor, alguns garotos me cercaram, eu não me importo, não fiz nada que me lembre.
-A minha namorada, recusou me dar hoje por causa de você...-Diz Noah, namorado da Amber. Ele não esconde que me odeia.-Isso tudo... Porque falei que você é gay.
Seus amigos riem, me cercando, eles estão de punhos cerrados, todos enormes, quase de modelo padrão com o mesmo casco do time da escola.
-E ela diz que não gosta de mentiras...-Ele volta a dizer. Seus amigos, idiotas, riem junto.
Ouço um deles dizer "bate logo nele!".
Eu começo a rir.
-Tá rindo de quê?!-Noah se aproxima, na intenção de me intimidar.-Você sabe que vai apanhar muito, né?!
-Sim, eu sei.-Digo, ainda rindo.-Eu estou pouco me fodendo.
Noah então me acerta com um soco no olho, isso vai doer muito mais tarde. Acabo caindo no chão, e quando me preparo para levantar, levo outro soco, dessa vez no rosto.
Eu continuo rindo.
-Porra! Você é masoquista?!-Pergunta Noah.
-Você bate fraco de mais.
Noah me da um chute na barriga, esse dói, mas eu finjo não ligar. Eu sei que tenho muito menos de que 50 quilos, mas ainda assim tento levantar. Noah me dá outro chute no mesmo lugar. Estou sangrando pela boca, já sinto meu corpo doer.
-Cara, já tá bom.-Diz alguém.
-Não!-Noah continua me chutando.-Essa bicha tem que apanhar pra caralho!
Eu já estou tonto o suficiente para desmaiar aqui, mas ainda assim tento levantar.
-O que merda tá rolando aqui?!-Ouço a voz irritante, estridente e reconhecível ecoar pelo corredor. Daisy.-Seus idiotas! Me ajude, Riley.
Os caras do time saem dali. Sinto alguém me levantar, e me carregar no ombro, eu sou muito leve, esse alguém não deve nem sentir.
-Vocês tem merda na cabeça?-Pergunta Daisy de novo. Eu acabo desmaiando.

-Você tá bem?!-Pergunta Amber.
Estou no vestiário das meninas, cercado pelas líderes de torcida.-Meu Deus, eu vou cortar o pau daquele idiota!
Tento levantar, mas a minha cabeça dói.
-Não faça esforço, vamos cuidar disso.-Diz Daisy.-Já falei com o diretor.
Uma das garotas me ajuda a levantar.
-Preciso falar com o Lewis. Ele tem que saber que isso não é verdade.-Falo, indo até o espelho, eu tenho um hematoma roxo no meu olho esquerdo, ainda bem que é o único dano no meu rosto. Eu sinto gosto de sangue, mas caminho até a saída tateando a parede. Meu abdômen dói, parece que um carro passou por cima de mim. Eu tenho dificuldade até para respirar.
-Acho que vi a maldita da Lexi entrar com ele numa sala do último corredor.-Diz Amber, ao perceber que estou meio perdido próximo ao ginásio.
Eu fiquei inconsciente durante o dia todo, perdi provavelmente todas as aulas de hoje, mas como sempre eu não me importo. Não tem quase ninguém mais na escola, então é fácil caminhar pelos corredores sem ninguém olhar para os meus hematomas.
Nas salas do último corredor, ouço um barulho distante, e então corro até lá sem hesitar.
Não tenho palavras para descrever.
Lewis e Lexi fazendo sexo na mesa de professores. Meu coração acelera devido ao susto e ao flagra, Lexi geme alto de mais, graças a isso eles não devem ter ouvido meus passos. A mesa faz um barulho insuportável. Lewis vira-se, e me vê. Eu então saio dali, tentando acelerar meus passos.
-Ace!-Ouço ele tentar me alcançar no corredor, ouço seu cinto fechar.- O que aconteceu com você?! Espera!
Por mais que eu tente, não consigo correr. Essa cena que acabo de ver me afeta, não sei como, talvez ver meu ex melhor amigo transando com a menina que tentou colocar todos contra mim foi o motivo disso.
-Quem fez isso?!-Lewis poe sua mão no meu ombro para que eu pare. Eu viro-me para ele.
-Isso não te importa.-Digo, recuando para que ele tire sua mão.-Desculpa.

Matt

Ouvi um grande barulho no corredor durante o horário de almoço, o babaca do Noah espancou o Ace, eu estava ocupado resolvendo algumas coisas com o treinador, então pedi para Riley ajudá-lo. Eu ainda não sei o porque da briga, alguns dizem que Ace provocou, outros dizem que Noah simplesmente quis bater.
-É o seguinte!-Diz Amber, acompanhada das outras meninas subindo na arquibancada logo depois do treino.-Se mais algum de vocês, tocar, falar, ou até olhar para o Ace, nós todas estamos fora.
Droga! O time não compete sem as líderes de torcida, elas não podem sair por causa dessa besteira. Daisy está bem ao seu lado. Lexi é a única que não está lá.
-Não é justo!-Diz Noah.
-É justo sim...-Amber desce da arquibancada pulando, e caminha até ele, até onde eu sei eles estão namorando.-Injusto é um cara desse tamanho ter um pinto tão pequeno.
O ginásio logo é tomado por gritos, risos, e vaias, entre os garotos do time, as líderes de torcida, e quem assistia o treino.
-Mas... você gosta!-Noah tenta amenizar a situação.
-Não, eu nunca gozei de verdade transando com você.-Amber se afasta dele, enojada.-E estamos terminando, caso queira saber.
Noah e seus amigos se retiram, todos aqui ainda riem, inclusive eu.
As meninas se retiram também, elas aplaudem Amber antes de tudo.
Quando chego no estacionamento, Ace está encostado no meu carro.
-Quem é vivo sempre aparece.-Digo.-Ele te quebrou, né?
-É provável.-Ace entra no carro assim que abro. Quando a luz se acende, posso ver seu olho roxo.
-Puta merda!-Digo.
-Cala a boca!-Ele me olha perplexo, e então sorri.-Você é um idiota.
Começo a dirigir. Ele me conta tudo o que aconteceu naquela briga. Eu achei que ele estaria chorando em uma hora dessas, mas não.
-Posso comprar cerveja?-Pergunto. Ace me olha confuso, como se perguntasse se agora mandava em mim.-Sim, eu vou pra sua casa.
-Cuidado pra não cair no doping.
-Não tem jogo essa semana.
Ace então permite. Eu não quero ter que ir pra casa agora, ter que cuidar da minha vó, ou ligar para Daisy e ouvir ela falar mal de Lexi, estou cansado de tudo isso.
Decido ir beber e jogar na casa do meu "amigo" provisório e provavelmente gay que tem uma TV gigante.

Lewis

Quando chego em casa, recebo diversas notificações no meu facebook, isso não acontece todo dia, entretanto, alguém postou um vídeo da Lexi fazendo jus a vagabunda que ela é, se totalmente nua e se humilhando para alguém, e o mais deprimente é que ele me marcou, junto a umas cem pessoas. Jogo meu celular contra a parede.
Ace nem quer mais saber de mim, eu fui um idiota pra variar.
Lembro como Lexi disse no fim da última aula "só mais uma vez, ninguém vai ficar sabendo" eu precisava gozar, mas quando aconteceu, Ace apareceu na porta daquela sala, e eu me senti a pior pessoa do mundo quando ele se foi, com aqueles machucados.
Porra! Começo a socar a parede até a minha mão sangrar. Como pude ser tão idiota?!
Minha mãe bate na porta do meu quarto. "Filho, você está bem?".
-Vai se ferrar!-Digo, sem nem hesitar.
Derrubo os meus livros que estão sobre a cama, os quais perdi a noite estudando. Eu preciso falar com Ace.