Capítulo 9 - Amor

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Matt

Decido passar o resto do fim de semana em casa depois daquele acontecimento constrangedor para mim mesmo, eu odeio estar em casa.
-Onde você estava?-Pergunta minha mãe, ela está amamentando meu irmão de um ano e meio.
-Deixa o garoto namorar, querida.-Diz meu padrasto assistindo TV, ele nem sabe o quanto o odeio.-E aí, cara, quantas essa noite?
É tão idiota a forma como ele tenta interagir comigo, ignoro seguindo para o meu quarto.
-Ei!-Diz a minha mãe.-Por que está dormindo fora todos os dias?
Por mais que eu queira, não posso ignorá-la, da última vez que "desobedeci", ela foi na minha escola pedir para o treinar me suspender de um jogo.
-Estou na casa de um amigo.-Respondo.
-Você ainda tem uma familia.-Ela diz, meu padrasto começa a se mexer na cadeira, acredito que ele faz isso quando está incomodado.
-Vou dormir.-Digo, indo até a escada.
-Não aceite drogas.-Diz o idiota novamente, só quero mostrar o meu dedo do meio para ele.

Menos de uma hora em casa, e já me arrependo de não ter ficado na casa de Ace. "alguém" pegou a chave do meu quarto, não posso nem me isolar dessa familia por algumas horas. Quando percebo que errei feio vindo para cá logo hoje, decido enviar uma mensagem de texto para Ace, sua presença e seu playstation meio que me faz falta.
"Já deve estar com saudades"
Envio, ele responde no mesmo momento.
"Com certeza."

Ace

Matt decidiu ir para casa tão de repente, eu não perguntei porque, ele deve estar sentindo falta da sua família.
Minha mãe acaba de chegar em casa. De taxi, pois já não tem mais carteira de motorista.
-Cadê as bebidas que deixei em baixo do balcão?!-Ela grita, desco as escadas imediatamente.
-Eu bebi.-Digo.
Ela se aproxima, minha mãe não parece comigo, talvez só um pouco, a cor dos olhos. O vício em bebidas acabou com sua beleza, mas ela insiste em se vestir como se tivesse 20 anos.
-Filho...-Ela diz, emocionada ao me ver depois de quase um mês internada.-Eu... Vou comprar mais bebidas.
-Não mãe!-Tento impedir.-Você não pode beber mais!
Ela está bebada. Não sei onde achou bebida, mas está.
-O seu pai quer te levar embora...-Ela diz.-Não vá com ele...
-Que história é essa?!-Pergunto.
-Eu... Estou perdendo sua guarda... Ele quer te levar para outro país com ele.
Não! Eu não quero ir! Mas meio que não tenho escolhas, acabei de fazer 16 anos, eu não posso ser responsável por mim mesmo.
-Mãe...-Falo.-Vai dormir um pouco... Segunda você volta para a clínica.
Ela sobe aquelas escadas. Estou em choque. Não posso ir embora assim! Não, eu não vou!

Lewis

Lexi não parou de me enviar mensagens, até fotos do exame de gravidez ela enviou, droga! Ela acabou com a única chance que eu tinha de reconciliar com Ace! Acho que ele nem quer mais olhar na minha cara!
Mas eu não vou desistir, preciso consertar isso.
Depois de bloquear o número de telefone de Lexi, vou até a sua casa na noite de domingo, pela primeira vez nessa semana, o carro de Matt não está estacionado na frente.
Penso duas vezes antes de tocar a campainha. Eu estou disposto, mas ele pode não estar.
Assim que toco, a porta é aberta. Assim que Ace aparece, meu coração bate mais forte, sinto um frio na barriga, é como estar no paraíso, frente a frente com um anjo, ele levanta seu olhar triste para mim.
-Você de novo...-Ele diz, decepcionado.
-Ela não está grávida de mim, eu juro!-Tento explicar. Não adianta.
-E por que isso me importaria?
-Eu quero que você saiba.-Volto a falar.-Que eu não tenho mais nada a ver com Lexi.
-Lewis, por favor...
-É você quem eu amo.-Quando digo essas palavras, é como se tivesse me livrado de um enorme peso nas minhas costas. Ace está claramente espantado, como quem não esperava ouvir isso de alguém hoje, e ainda mais quando esse alguém sou eu.-Eu não consigo parar de pensar em você! E isso está me matando!
Ace olha para o chão, pensando.
-Você...-Ele começa a dizer.-Está mentindo.
Eu não posso esperar. Eu não consigo, não consigo aguentar, o garoto que está com parte de meu coração está na minha frente, é o momento certo, o momento perfeito.
Quando me dou conta, já estou beijando Ace, ele corresponde, de uma forma que me faz desejá-lo cada vez mais, minhas mãos seguram sua cintura, ele está na ponta dos pés para me alcançar. Eu só queria que esse momento não acabasse jamais.
Ace se afasta um pouco, claramente envergonhado, na verdade ele não tem nem a chance de se envergonhar, eu o puxo para perto de novo, o abraçando, é desse jeito que quero tê-lo, perto de mim.

Matt

Segunda de manhã, finalmente, o clima nessa casa parece cada vez mais pesado, sinto que vou enlouquecer.
Daisy não responde minhas mensagens, pedirei para Ace falar com ela, por isso liguei para ele.
-Ela disse que estava envergonhada por ter ficado bêbada na festa da amiga.-Ele me explica.
-Mas... Eu nem vi ela naquele dia!
-Como eu já disse, uma louca.
Não sei se é impressão minha mas Ace parece mais alegre, sei lá, ele não atenderia a minha ligação se tivesse no seu humor normal.
-Mas e aí...-Pergunto.-Vai aparecer na escola hoje?
-Claro! Daisy disse que precisa da minha ajuda, não sei pra quê.-Ace explica, irônico. Posso até sentir como ele está intolerante em relação a lidar com Daisy e outras pessoas.-Parece que ela me ama.
Minha mãe começa e me chamar lá em baixo para tomar café, eu me disperso e desligo o telefone.
-E quem não te ama, Ace?-Digo, quase sussurando, não costumo falar sozinho, dessa vez foi realmente necessário.

O Novo AmigoWhere stories live. Discover now