Capítulo 14 - Intenções

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Ace

Os meus dias voltaram a ser estranhos, assim que chego na escola, Noah me procura.
-A Amber continua me ignorando...-Diz, furioso, de punhos cerrados, como se eu tivesse culpa. Não está com seus amigos hoje. Ele não pretende me bater aqui, no meio do corredor, pelo menos acredito que não.-Você não consertou...
-Não é minha obrigação.-Tento continuar andando, ele me puxa pelo braço, se aproximando.
-Isso não vai ficar assim...
Noah finalmente me larga, e então sai. A marca dos seus dedos ainda está no meu braço, vejo Lewis me observar de longe, está nos meus planos ignorá-lo, há dias tenhos feito isso, então deixo o lugar.

Decido comentar com Amber o acontecimento, ela está muito ocupada organizando a viagem de acampamento.
-Não liga para aquele idiota.-Ela me diz.-Ele está treinando no time de basebol agora, descobriram que ele estava usando drogas.
Bem que percebi a ausência do casaco do time de futebol. Por que Matt não me conta essas coisas?
-A nossa viagem é depois de amanhã.-Amber, minha aquariana favorita volta a dizer.-E você vai. Ou eu te levo a força.

Lewis

Desde que Ace virou as costas para mim, tenho sofrido como nunca. Contínuo me torturando, como sempre faço quando estou longe dele.
Mais cedo, o vi falar com um cara no corredor, é o cara que bateu nele uma vez, eu não sei o que faziam juntos, e não sei do que seria capaz se soubesse que alguém pretende machucá-lo, se bem que já o fiz.
Eu só gostaria de voltar no tempo e desfazer a merda que fiz.
As vezes chego a vê-lo rindo ao lado do Matt, isso me incomoda, me faz sentir raiva, remorso, entre outros sentimentos confusos.

Matt

Por que me preocupo tanto com Ace? É como se eu tivesse a obrigação de proteger-lo, estou sempre vendo se ele está bem, isso nunca me aconteceu antes, nem com garotas.
-Está nesse planeta?-Diz Daisy, já que estou a tanto tempo observado Ace, que está sentado com as meninas na outra mesa.-Você tá olhando para o decote da Jessy.
Ela tenta saber para onde olho, ainda bem que não percebe.
-É... Sim... Claro.-Respondo, voltando a realidade.
-Safado!-Ela me bate levemente no rosto, Daisy fica o tempo todo sentada no meu colo, e os caras do time se sentem desconfortáveis sendo que ela é a única menina nessa mesa, não nos dando liberdade para determinados assuntos.
Ace percebe que estou olhando, e então sorri pra mim, sinto um alívio interno. Ele parece até mais feliz, isso é bom.

Ace

Depois do treino, pouco antes de irmos para casa, Matt me pede para pegar o seu casaco no vestiário, eu não hesito, não quero ter que ficar assistindo meu amigo se pegar com a Daisy.
O vestiário é enorme. Repleto de armários azul-escuro e cabines de chuveiro, eu facilmente me perderia aqui, por sorte, Matt diz que há nomes nas portas.
Continuo caminhando e observando os nomes nas portas, a princípio, acredito que sou o único aqui agora, mas ouço passsos lentos atrás de mim.
Eu não olho para trás ainda, nem todos os garotos do time gostam de mim, poderiam me ver aqui de mal forma, mas acho que posso perguntar onde fica o armário de Matt.
Quando viro-me para trás, me assusto imediatamente com aquele olhar. Noah. Ele segura um taco de basebol, lembro que Amber me disse que ele havia mudado de esporte.
-Acabou o seu prazo...-Diz, se aproximando. Não tenho a mínima chance, ele tem o dobro do meu tamanho, praticamente um gigante na minha frente. Me afasto devagar.-Eu te dei uma chance!-Noah bate com o taco em um dos armários, eu acabo me assustando.
-Não!-Digo.-Eu não fiz vocês terminarem.
Ele começa a rir, seus olhos estão vermelhos de fúria, eu quero fugir daqui o mais rápido possível.
-É melhor correr.-Ele diz. Não hesito, e então corro. Eu poderia me esconder em um desses armários que podem facilmente me caber, mas não tenho tempo pra isso, ele já me segue.
Eu tenho como prioridade correr silênciosamente enquanto ele tenta me achar, ainda rindo e dizendo que vai me quebrar em pedaços.
Eu não sei o que é pior. O silêncio sombrio nesse vestiário enorme, ou Noah gargalhando e batendo nas portas dos armários com seu taco.
Próximo a uma cabine de chuveiro, vejo um interruptor, não hesito antes de apertar, pode ser mais fácil para mim fugir no escuro. Entretanto, só parte das luzes são apagadas. E para o meu azar, Noah deve saber que estive aqui.
De repente, silêncio, as luzes desse lado do vestiário permanecem apagadas, não ouço nem passos.
Caminho cuidadosamente até finalmente poder ver a saída, tento não comemorar tão alto.
As luzes dessa parte também se apagam, dessa vez não fui eu.
Paro de andar e, com todo o cuidado do mundo, olho para trás, nada. Porém, quando volto a olhar para frente, vejo uma silhueta alta perante a escuridão apenas iluminada pelas lâmpadas lá fora. Noah.
-Te achei!-Ele então me acerta no rosto, é claro que fico tonto imediatamente, tento me equilibrar segurando nos armários perto de mim. Quais são as minhas chances? Porém, não caio. Tento continuar andando.-Gente como você tem que morrer!
Noah me acerta novamente com o seu taco na parte traseira do meu joelho, dessa vez acabo desequilibrando, e caíndo. Dói muito, mas não vou gritar, e nem chorar ainda.
Tento levantar, com as mãos e os joelhos no chão, ouço o barulho do taco de madeira cair no chão.
Não consigo ver Noah atrás de mim, mas consigo perceber que ele se abaixa.
-Vamos recuperar o que perdi todos esses dias?-Ele diz, logo depois puxando o meu jeans agressivamente, com boxer e tudo.-Parece bem apertadinho...
Noah levanta-se. Você não pode imaginar o quando é estranho estar com a bunda a mostra, e de quatro, logo na frente de um cara que tentou te matar.
Ouço o ziper do seu jeans se abrir.
-Se gritar vou colocar tudo!-Ele alerta, enquanto aperta a minha bunda com a sua mão, eu só queria escapar daqui.-Bicha do caralho!
Noah então dá um tapa, e isso doi até de mais. Tento olhar para trás para ver o que acontece, Noah cospe na sua mão e começa a masturbar o seu pênis.
Eu procuro escapatória. Não tenho. Não tenho a mínima chance com esse gigante estuprador. Minhas lágrimas começam a cair, por mais que eu não queira.
Logo, uma esperança. Ouço alguém chamar meu nome lá fora, é a voz de Matt, Noah não parece ouvir de primeira, então continua batendo na minha bunda, e quando sinto sua glande na minha entrada, a voz de Matt parece mais perto.
-Porra!-Exclama Noah, ouço o barulho do seu ziper imediatamente.
É uma chance. Levanto-me, aproveitando a oportunidade, em um rápido movimento, subo o meu jeans, e então corro, sem olhar para trás para ver a situação de Noah, que tentou me violentar.
Eu corro como nunca. Matt está ali parado, como se não entendesse nada, há mais ou menos cinco metros do vestiário, ainda bem que ele não viu aquela cena.
Sei que há pânico na minha expressão, tento parar imediatamente quando percebo que estou prestes a colidir com Matt, que permanece plantado ali.
Paro, então na sua frente, ofegante, ele percebe as minhas lágrimas. Matt segura o meu rosto com uma das mãos.
-O que aconteceu?-Ele passa o seu polegar na minha maçã do rosto, onde Noah me atingiu.
Eu já posso imaginar que isso ficará roxo imediatamente. Sou quase pálido, qualquer besteira é motivo de hematoma.
-Quem fez isso?!-Matt já caminha em direção ao vestiário, ele não quer demonstrar, mas percebo que está furioso. Eu acabo segurando seu braço para que ele não vá. Não quero mais problemas hoje.
-Não.-Digo.-Vamos pra casa, por favor.
Matt permenece parado por volta de um minuto, e então decide fazer o que pedi. Caminhamos até o carro. Nenhuma palavra a mais.

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