Capítulo 10 - Incapaz

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Ace

Matt passa para me levar na escola. Geralmente vou de ônibus, mas ele começou a dar mil motivos pelo qual ônibus é ruim.
Enquanto caminho no corredor para a minha primeira aula de hoje, vejo Lewis, eu estou sem jeito pelo que aconteceu ontem, não sei se ele também está.
Nada mais faz sentido, Lewis só vivia falando sobre garotas, mas enfim, não me esforço mais para entender nada que seja em relação a esse garoto.
-Bom dia.-Diz, e sorri ao ver que estou claramente tímido.-Já podemos voltar a ficar juntos?
Bem, isso meio que é escolha dele, algumas pessoas já nos olham estranho devido aquelas histórias que Lexi inventou, mas mesmo assim assinto. Eu gosto de vê-lo sorrir.
Vejo Daisy se aproximar, ela para de sorrir ao me ver com Lewis.
-Bem... Nos falamos depois.-Ele se despede. Eu não curto muito essa ideia de as meninas comandarem as minhas amizades, por mais que Lewis tenha errado comigo uma vez, acredito que ele não faria isso de novo.
-Vou ignorar o fato de que vi vocês dois juntos de novo.-Diz Daisy, ela fala isso alto, como se quisesse intimidar alguém.-Advinha quem vai acampar no fim de semana?
-Você?
-Nós!-Daisy parece mais animada do que nunca agora.-E os meninos do time.
-Eu não posso ir...-Digo, já pensando em inventar alguma desculpa.-Vou viajar.
-O Matt disse que você vai.-Ela então me olha como se eu não pudesse resistir a isso.-Ah, e ele também não gosta muito que você fique conversando com esse cara.
Desde quando? Matt não tem motivos para não gostar dele, até onde eu sei. Quando todo mundo vai aprender que os meus problemas são somente meus?!
-Tudo bem...- Respondo.-Matt não precisa gostar dele.
-Vou ficar triste se você não for.-Daisy então me deixa só, finalmente.

Lewis

Meu dia não tem sido dos melhores hoje. Começou com Lexi indo a minha casa logo de manhã, ela se apresentou para os meus pais como minha namorada. Eu fiquei puto, lógico, mas a vadia podia inventar algo sobre Ace, eu não quero arriscar. Ela insistiu em me abraçar, e disse no meu ouvido "Estou com saudades do seu pau", é claro que respondi "Então vai ficar assim". Ela se afastou, e fez uma cara feia.
Ainda bem que não fez nenhuma merda, foi embora logo.
Quando chego a escola, logo vejo Ace, o que faz meu dia ser um pouco melhor, é claro que uma das líderes de torcida estragou tudo, tão gostosa e tão chata, porém, felizmente, acabei o encontrando no intervalo depois do horário de almoço.
-Não liga pra Daisy, ela quer me controlar.-Ele diz, claramente intolerante.-Aliás, todo mundo parece querer me controlar...
-Está exagerando.-Digo, enquanto como um x burger.
-Não. O meu pai quer a minha guarda e disse que vai me levar embora com ele.
Ele só pode estar brincando. Não, Ace não pode ir! Essa notícia, que a propósito só fui saber agora, vem do nada, como se Ace não estivesse se importando comigo, ou como se já tivesse controle sobre a situação.
-Mas... Você não vai, né?-Pergunto, cheio de esperanças.
-Claro que não, se depender de mim.-Eu amo o jeito determinado como ele responde.-Mas como ele é rico... e idiota, vai achar que pode me levar a força.
Continuo comendo, talvez um pouco mais tranquilo, e ficamos em silêncio por longos vinte minutos. Ace permanece na minha frente, sentado naquela cadeira, ele está fitando algo com seus olhos azuis que me destroem. A mesa que nos separa parece nos deixar muito mais distantes quando se trata do meu desejo de estar sempre perto dele. Ace então olha para mim quando percebe que estou olhando para ele.
-Você quer falar sobre ontem?-Pergunta, eu não sei o que falar, só posso sentir.
-E-eu... É...-Começo a gaguejar, pois como já disse, sou idiota.-Bem... Eu...
-Não precisa ficar envergonhado.-Ele sorri.
Quando me preparo para falar, vejo um tumulto no corredor, eu não me importo, deve ser só mais uma briga, mas Ace sorri, e levanta-se imediatamente para ir ver, eu jamais imaginária que ele gosta de ver o circo pegar fogo.
-Posso te visitar a noite?-Pergunto, antes que ele saia.
-Tudo bem!

Matt

Eu não queria bater naquele cara hoje. Na verdade, foi muito necessário, por isso fiz. Começa quando estou falando com os caras do time, eu dizia que estava prestes a transar com a Daisy, e que ela, assim como as outras, se apaixonaria imediatamente. Até que aquele cara que vi Daisy anotar o número de telefone na mão aparece, ele não é ninguém, é só um babaca, nem é mais do time, só é um pouco popular, emfim, ele diz algo como "vamos ver quem vai ser mais rápido". Os garotos do time gritam, uns dizem "eu não deixaria assim", e para não sair por baixo, eu dei um soco na cara dele. O cara tentou me bater também, mas eu comecei uma sequência de socos na cara dele, e bem, ele meio que sangrou e não aguentou mais. Vi Ace observar tranquilo de longe, ele mexia a cabeça negativamente para mim. Qual é?! Vai me julgar? Foi necessário!
Eu vou para a detenção, é claro, além de receber mais algumas ameaças de expulsão do diretor.
Dessa vez, não tem casal se pegando, e não tem Ace, só o cara que apanhou de mim. Ele está com um curativo no nariz, e parece se segurar para não vir me matar.
-Como tá aí?-Pergunto, só para irritar mesmo.
-Vai se fuder!-Ele bate na mesa, acabo rindo.
De repente, tipo, bem de repente mesmo, Ace aparece na porta daquela sala.
-É a última pessoa que eu esperava ver hoje.-Digo, ele ignora.
-Não é legal ficar brigando.-Diz para mim, está de braços cruzados na minha frente, e permanece sério.-Pra você também.-Diz ao garoto que bati, que nem sei o nome.-As meninas não gostam.
-Foi esse idiota que começou!-Ele diz.
-Não importa.-Rebate Ace. É impressionante como esse garoto que quase explode de irritação não começa a ofendê-lo.
-O que faz aqui?-Pergunto.-Até onde eu sei você é muito exemplar...
Ele ri.
-Esperando minha carona.
-Vai mesmo ficar esperando até a noite?-Pergunto, pois é impressionante.-E ficar sem fazer nada esse tempo todo?
-É exatamente isso...-Ele diz.-Vou te irritar até você se arrepender de brigar com esse garoto.

Duas horas depois. Ace não me irritou muito, não... Eu só senti vontade de me suicidar quando ele me fez pedir desculpas a aquele cara.
-Você gostou?-Ele diz, enquanto caminhamos até o estacionamento. Claro que não gostei, perdi o meu treino por essa simples besteira de detenção.
-Não.-Respondo.
-Mal humor não faz bem...-Ele diz, eu não sei por que, mas quando Ace está sorrindo, me sinto como se tivesse aliviado por algum motivo.-Vai se apossar do meu sofá hoje?
-Acho que sim.-Entro no carro.-Ninguém consegue ficar lá em casa por muito tempo.
Ace cola algo no meu para-brisa, é um adesivo de unicórnio, super colorido, e bem gay. Onde isso vai parar, droga?
-Tá de brincadeira...-Digo, indignado.
-Não.-Ele volta a rir, sentando-se no banco.-Eu ainda posso publicar o que quiser no seu facebook, esqueceu?
Porra! Como eu tinha esquecido disso?! A princípio, por que fiz isso? Ace provavelmente vai acabar com a minha vida, logo depois vai rir, e eu, como sempre, não vou conseguir odiá-lo.

O Novo AmigoWhere stories live. Discover now