Capítulo 25 - Perdão

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Matt

Eu não estava tão bêbado assim. Só um pouco na verdade, depois do banho eu já tinha pelo menos noção do que fazia. Usei a bebedeira como desculpa para fazer o que tanto queria a muito tempo.
Quando percebi que o Zack traria Ace em casa, corri imediatamente atrás deles. Eu prefiro adiar mais um dia da minha transa com Jessy do que ver Ace conversando com esse cara de novo. Não é tão importante para mim ficar com Jessy agora. Já ficamos uma vez, só estou nessa de novo para os caras não descofiarem que não consigo pensar em ninguém além de um suposto amigo.
Deito-me na cama de Ace, simulando como se estivesse bêbado pra caralho.
-Você vai demorar?-Pergunto, enquanto ouço a água do chuveiro cair. Ace disse que não demoraria, acho que a minha vontade me faz achar que ele está demorando muito, não faz nem cinco minutos de que ele está no banho.-Eu não consigo esperar, você sabe.
-Estou percebendo.-Ace ri. É ruim saber que ele estava triste por causa daquele lance com o Lewis, foi vacilo da minha parte, eu sei que deveria dizer a ele, Ace é capaz de perdoar qualquer um.-Você deveria tomar algum analgésico, ou vai sofrer amanhã.
-Não!- Respondo, imediatamente.-O meu remédio pode ser você.
Ele ri de novo, não o vejo, mas sei que está envergonhado.
-Tudo bem, então.-Em questão de segundos, Ace sai de lá com sua roupa de dormir. Enquanto a minha consciência começa a pesar muito, ele parece até mais animado do que antes, e então volto a dúvida de se devo contar ou não, temendo que isso possa estragar a nossa noite.
Quando estou tentando descobrir se Ace tem mais alguma coisa para fazer antes de deitar comigo, seu celular começa a tocar. Ele vai atender de imediato.

Ace

Assim que atendo o telefone, Lewis começa a falar:
-É por causa daquele tal de Matt, não é?! Você tá muito estranho depois depois que ele decidiu ser teu amigo.
-Lewis?-Pergunto, ele está claramente alterado a julgar pelo seu tom de voz.
-O que merda eu fiz dessa vez?! Me fala!-Ele espera a minha resposta, eu não tenho, na verdade, eu não tenho nem idéia do que está acontecendo agora.-Vai falar ou tem coisa mais importante pra fazer com o Matt?
-Você... É louco!-Digo.-Não ligue para mim novamente, por favor.
Antes que ele possa explicar alguma coisa, desligo o celular e o jogo em uma gaveta. Já ouvi o suficiente.
O que há de errado com Lewis?! Ciúmes? Não... Tenho quase certeza de que não é só isso. Posso resolver depois.
-Me desculpa...-Digo para Matt, acendendo a luz fraca do abajur.-Eu não sei o que deu nele.
Matt senta-se na cama, antes deitado.
-Ace, eu...-Começa a dizer, continuo parado. Matt já não parece estar tão bêbado assim.-Primeiro me promete que você não vai ficar bravo.
-Matt...
-Vai!
-Tudo bem, eu vou tentar.
Matt abaixa a cabeça.
-Eu respondi as mensagens que ele enviou para você e as apaguei para que você não pudesse ver.-Matt respira fundo.-Eu sei que não foi uma atitude muito boa, mas você tem que saber que sou melhor do que ele pra você!
Eu não estou bravo. Não poderia estar, Matt não consegue me deixar muito irritado, mesmo que se esforce. Ele é impulsivo, não posso julgar. No momento em que tudo começa a fazer sentido, eu perco as forças que teria para perguntar se Matt ficou doido pra fazer isso. Seria essa uma prova de amor na percepção dele? Eu não sei, jamais vou saber.
Eu sou incapaz de odiar alguém, e principalmente quando esse alguém é Matt, ele causa algo em mim. E ao comparar com o tanto de merda que Lewis já fez, Matt merece mil perdões.
-Desculpa...-Diz, novamente.
-Vai dormir, Matt.
Ele levanta-se, ainda triste, caminha até a porta.
-Espera.-Digo.-Você fica.
Matt vira-se para mim, ele sorri, uma imagem que eu já esperava ver.
-Mas não faça isso novamente.-Volto a dizer, planejando um sermão, mas Matt me abraça tão forte que não tenho mais ar nem pra falar, assim acabando com qualquer vestígio de raiva que eu poderia ter dele hoje.

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