Capítulo 13 - Erros

9.6K 1K 284
                                    

Lewis

Quando penso que estou livre de problemas, Lexi chega a minha casa pela manhã.
-O que merda você faz aqui?-Pergunto ao abrir a porta, tentando falar baixo.
-Olá!-Diz a minha mãe, Lexi passa por mim, entrando.-Que surpresa você aqui!
Eu sinto vontade de me trancar no meu quarto, mas meus pais podem querer me levar num psicólogo de novo, então decido aturar isso.
-Vocês formam um casal lindo!-Diz o meu pai, eu só desejo que ele se concentre no seu jornal e pare de falar besteira.-Eu aprovo o casamento!
Minha mãe ri, Lexi parece assustada o tempo todo, eu diria que ela está drogada, ou apenas assustada mesmo, até eu ficaria diante da minha familia.
-Podemos falar á sós?-Digo, forçando um sorriso, e apontando para Lexi.
-Claro!-Diz a minha mãe.-Nós já vamos sair, não é, querido?-Ela lança aquele olhar de "me obedeça" ao meu pai, que levanta-se, pegando a chave do carro no balcão, e se despede. Pelo visto, eles aprovam muito a minha união com Lexi, acredito que a minha mãe acha que namorando, não vou ter mais problemas, ela está enganada. E além disso, eu não faria nada para agradar meus pais.- Juízo, hein?-Diz, antes de fechar a porta.
Observo Lexi, como se exigisse uma explicação, quando ouve o barulho do motor do carro distante, ela começa a tirar a roupa. Pelo que percebi, depois daquele vídeo a vagabunda perdeu totalmente o valor, e acha que ainda sinto alguma coisa por ela, por isso a perseguição.
-Lexi...-Começo a falar.
-Qual é?!-Ela para, estando somente de calcinha.-Vai mesmo me trocar por aquele alien?
-Não fale assim do Ace.-Evito olhar para os seus peitos.-E eu já te mandei não vir mais aqui.
-Eu já sei o que tá rolando.-Ela senta-se no balcão.-Você tá comendo ele.
Eu só queria fugir desse assunto.
-Eu?!-Ela assente.-Ficou maluca?
-E além disso, estou esperando um bebê.-Ela passa a mão sobre a barriga.-O nosso bebê.
-Não.-Respondo.-Não é meu. Usamos camisinha, e você chupou aquele cara lá.
Lexi desce do balcão, intolerante.
-Eu não tenho útero na garganta!
Começo a andar de um lado para o outro quando ela tira a calcinha, como um predador numa jaula.
-Se você ainda gosta de mulher, prova.-Ela diz.-Ou tá comendo seu amigo lá?
Lexi me joga uma camisinha. Não tenho escolhas. Ela pode inventar alguma merda, meu pau começa a endurecer quando me aproximo, já colocando a camisinha, e então continuamos nisso.

Acabou que gozei pensando em Ace, e me arrependi intensamente de ter feito isso. Lexi finalmente vai embora, sinto vontade de me matar depois do que aconteceu, e essa vontade é bem maior quando vejo aquelas três ligações perdidas de Ace.

Ace

Depois de levantar-se e dizer que aquele momento era muito gay para ele, Matt insiste em ir embora, peço para que ele fique, ele acaba ficando e dorme naquele sofá que já deveria ser dele.
Vai embora pela manhã, e deixa um bilhete dizendo que pode me buscar, porém precisa resolver umas coisas.

Pela manhã, ligo para Lewis só para que ele saiba que não estou com raiva por causa do que aconteceu ontem, mas ele não atende.
Por sorte o encontro na primeira aula de hoje, Lewis parece nervoso, eu nem imagino o por que.
-Oi?-Digo, animado quando ele chega a minha carteira.
-Oi.-Responde, com um sorriso forçado.-Você ligou para mim.
Assinto.
-Queria saber como estava.-Ele abaixa seu olhar quando respondo.-Você está bem, né?
-É...-Lewis está inquieto. Sinto que ele não está tão bem assim.
Permanecemos em silêncio por alguns minutos, se ele não estiver bem, vai me contar alguma hora, continuo estudando, ele ainda está em pé ao meu lado.
-Ace...-Lewis começa a falar, como se tivesse medo da minha reação e estivesse me dando a chance de me acalmar.-Eu... Preciso te dizer uma coisa.
-Diz.-Olho bem nos seus olhos, rindo para descontrair, ele desvia seu olhar do meu.
Eu não estou tão curioso, Lewis sempre foi previsível.
-Eu... E Lexi... Transamos hoje.
Um espanto. Meu coração acelera. Não tenho reação e nem palavras. Lewis ainda está diante de mim, ele também procura o que dizer.
Levanto-me subitamente, tem lágrimas nos meus olhos, penso em dizer tudo o que quero e mais um pouco improvisado para ele, mas realmente não consigo, não estava preparado para isso hoje. Caminho em direção a saída dessa sala, não demora muito até Lewis me seguir.
-Ace...-Diz, já no corredor, eu paro de andar, por mais que Lewis tenha cometido mil erros, todos merecem chances, entretanto não me viro para ele, que caminha até estar de frente para mim, meu olhar está baixo, eu não sei se consigo encarar o seu rosto.-Eu errei de novo... Eu sei.
Não estou esperando que ele diga mais. Só não tenho palavras. Sinto um pouco de raiva, talvez nojo. Preciso de um tempo só para mim.
Lewis tenta tocar meu rosto, acho que para limpar minhas lágrimas, me afasto.
-Por favor...-Tenta dizer.
-Não...-Começo a me afastar.-Não me toque novamente. Nunca mais.
-Ace!
Ele não me alcança. Já estou distante o suficiente.

Matt

Não deixo de reparar que Ace parece mais triste do que o normal hoje, ele inclusive evita a todos, até as meninas. Mais cedo, quando lhe trouxe, ele não estava assim. Entretanto tento não pensar muito nele.
A única coisa que me deixou irritado hoje é que quando estávamos prestes a transar no meu carro, Daisy diz que está menstruada.
-Você sempre procura uma desculpa!- Exclamo, já irritado.
Daisy sobe sua calcinha, e então abre a porta do carro, logo acendendo a luz.
-Dessa vez é verdade.-Ela me beija, e então desce. Vejo Ace finalmente chegar, Daisy vai até ele imediatamente, eu desceria do carro se não fosse a minha ereção.
-Você sumiu praticamente o dia todo!-Diz ela, vejo Ace lhe dar o sorriso mais falso que já vi na vida, Daisy lhe abraça.-Até mais, e me liga mais tarde!
Ele então entra no carro quando ela se vai.
-Você tá bem?-Pergunto assim que ele fecha a porta, consigo ver Ace assentir, mas não parece nem um pouco bem.-Sabe que pode confiar em mim...
-Eu estou bem!
-Mentir é muito feio...
Respira fundo, e relaxa no banco do carro.
-É só o idiota do Lewis.-Eu já podia imaginar.-Nada que possa sair do controle.
-Espera, o que ele te fez?
-Não importa...
Decido parar de perguntar quando Ace parece estar ao ponto de deixar o carro em movimento. Até onde eu sei, os dois estavam afastados depois daquilo que Lexi contou a todos, e que ainda não sei se é verdade, o que esse tal de Lewis pode ter feito a Ace?

Permanecemos todo o resto do caminho em silêncio, até que finalmente chegamos.
-Nós vamos jogar hoje?-Pergunto, Ace vai direto para a escada após largar seu celular no outro sofá.
-Nem pensar.-Ele me olha, e então da um sorriso fraco.-Você rouba.
Lembro de ter dito para a minha mãe pela manhã que iria dormir aqui para estudar, já que ela não queria me deixar vir devido ao velório da minha avó, mas acho que ficar lá só iria me fazer lembrar, e lembrar é ruim.
O telefone de Ace começa a vibrar enquanto jogo, eu sei que não uma atitude muito boa, mas decido pausar o jogo para ver o que o faz vibrar tanto.
São mensagens de texto. Lewis, ele diz "desculpa" "eu juro que não queria ter feito isso" e "podemos conversar, por favor?" entre outras. Admito que estou curioso.
-Procurando algo?-Ouço Ace dizer bem atrás de mim, acabo largando o celular devido ao susto.
-Eu...-Tento me explicar.-Achei que fosse algo importante...
-E provavelmente não é...-Ele diz, acaba rindo já que sou péssimo em disfarçar.
Só então reparo que Ace veste o seu pijama de sempre.
-Com certeza não...-Respondo, voltando ao sofá.-Você sabe que pode me contar.
Ao contrário do que achei, Ace não parece intolerante agora, parece mais receoso, como se tivesse em dúvida.
Ele senta-se ao meu lado, e me conta tudo o que realmente aconteceu, e bem, eu ouço.

Ace

Assim que termino de contar tudo, ou quase tudo, deixando de lado os momentos íntimos, Matt levanta-se e vai direto a cozinha, sem mais.
Estou perplexo com a sua reação, já esperava diversas perguntas.
-Tem alguma coisa para comer aqui?-Pergunta.
Matt me faz querer rir. Ate nas situações mais tensas. Ele é ridículo, no bom sentido.
-Se você procurar bem...-Respondo.
Ele vasculha os armários enquanto deleto o número de Lewis. Não vou precisar mais. Não o quero na minha vida.
-Me desculpa...-Ouço Matt dizer.
-Pelo quê?-Levanto-me e vou até lá, ele abre uma caixa de cereal.-Você sabe que pode comer o que quiser...
-Não estou falando disso.-Ele me encara enquanto coloca o leite na tigela, estando eu debruçado no balcão.-Sobre ontem...
Eu acabo sorrindo. Ele deve estar com vergonha.
-Tudo bem!-Exclamo.-Os amigos servem pra isso.
-Os amigos servem para jogar com a gente também.-Matt dá um meio sorriso.
-Não.-Digo.
Ele larga seu cereal sobre a mesa, e caminha até onde estou.
-Você me obrigou a chorar, eu vou te obrigar a jogar, agora. Vai ser uma vergonha menor para você, perder.-Continuo negando, Matt então me levanta nos braços sem parecer fazer esforço nenhum, logo estou em um dos seus ombros e por pouco não dou de cara com as suas costas. Me levando até a sala.
-Você me faz rir enquanto estamos jogando... Isso é roubar.-Tento dizer, quase impossível pois quase não consigo parar de rir.-Ei!
Ele me larga no sofá.
-Pode aquecer.-Diz, indicando o controle para mim.
Eu o seguro, com expressão de ódio que tento fazer.
-Não adianta!-Matt permanece na minha frente.-Eu vou comer, e quando voltar, nós vamos jogar.
Eu não sei se ele faz questão de jogar comigo só para ganhar e ter mais motivos para ficar empolgado com si mesmo, ou simplesmente para não me ver sem fazer nada.
Eu não posso julgar. Algumas semanas de amizade com Matt, por obséquio, me fez mais bem do que quase um ano com Lewis.

O Novo AmigoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora