"Vou ter que te socar. Vou ter que te ensinar. "
-Costa Gold
Quanto tempo um táxi pode levar pra andar alguns quarteirões? É o que eu me perguntava a cada segunda dentro daquele veiculo. Sempre fui péssimo em fazer cálculos exatos, mas sábia que 15 minutos não seria o suficiente e quando se trata de Tiago exatidão é essencial.
Parecia brotar carros cada rua que o motorista virava.
- Você disse que poderia chegar em 15 por 200 reias. - falei meio sem ar para o moço.
Ele me olhou pelo retrovisor.
- Desculpa. É que o fluxo de carros esta maior hoje, até bicicleta tem nessas ruas. - ele disse apertando a buzina, como se isso fosse fazer todos os carros sumirem da nossa frente.
Encostei a testa na janela do banco de trás, me preparando física e mentalmente pelo que estava por vir. Apertei minha coxa esquerda por cima da calça, no local em que um roxo se formara semanas atrás quando, por um descuido, eu levai mais tempo do que o esperado para ir até a padaria. O hematoma estava quase sumindo e seria uma pena ter outros no lugar. Uma lagrima solitária escapou do meu olho esquerdo, ao qual eu nem tive a honra de secar.
"Viu o que me obriga a fazer? "
O barulho da buzina do taxista invade minha cabeça.
- Vai fechar a mãe, babaca! - ele fala irritado do com o transito. - Foi mal, cara. Vai demorar um pouco mais que o esperado! - e mais uma vez o som da buzina.
Minha cabeça girava em todas as direções.
- Só tenta chegar rápido. - falei cansado. Ele olhou pelo retrovisor e fez que sim com a cabeça.
"Se você não fosse tão desobediente isso não aconteceria."
- É a namorada, né? - perguntou e eu olhei confuso. -, Eu sei bem como é; se tu' não chegar na hora que elas querem fica sem sexo por semanas. Isso é uma droga!
Dei risada dele. Era um cara baixinho, meio gordo e com pizas em baixo da camisa social, com pouca beleza. Não parecia o tipo que teve muitas namoradas, mas ostentava uma aliança no dedo.
- Acho que meu caso é pior que uma namorada... - dei uma pausa e olhei pra ele, não sabia qual a opinião dele sobre homossexuais então decide não falar para ele que meu problema era um marido. -... Digamos que uma namorada possessiva e de TPM!
Ele riu alto.
- Acho que você 'tá fudido, rapaz!
Com certeza. Pensei.
- Eu tenho certeza disso. - falei encerrando o assunto.
-
Beto, que era o taxista, insistiu que não queria subir no morro, pois poderia ser perigoso e ele não estava disposto a sofrer um assalto ou ser baleado.
Eu tive que rir dele. Se tinha um lugar nessa cidade que era seguro esse lugar era no morro. Tiago não era um anjo de pessoa mas odiava violência, fora de casa pelo menos.
Depois de eu muito insistir Beto me levou até a porta de casa.
Olhei no visor do meu celular. 45 minutos. Droga!
A rua estava estranhamente deserta. Abri o enorme portão de metal enfrente a casa e entrei. Por dentro nem parecia que se tratava de uma casa de favela. Toda pintada de branco. Janelas e portas de vidro. Um pequeno jardim na parte da frente e atrás uma piscina com área de churrasco. Não era grande, mas era linda.
Parei diante da porta e tateei minha calça em busca das chaves, que estavam no bolso de trás. Estava preste a abir quando a porta foi escancarada de uma vez.
- Brunito. - aquela voz irritante e afeminada me chamou. - já estou de saída, gato! O gostosão é todo seu.
Passou por mim e deu um tapa em minha bunda.
Meu sangue ferveu de raiva. Rafael era claramente a puta de Tiago. No começo eu até sentia ciúmes dele, mas agora só sinto raiva. Torcia todos os dias para Tiago se apaixonar por ele e largar do meu pé.
Quando entrei em casa ele estava saindo da cozinha só de calça jeans, ostentando as tatuagens e os músculos avantajados, o cabelo bagunçado e uma cara nada boa.
Passei apresado em direção a cozinha. Deixei as sacolas das compras de mais cedo no balcão de mármore e fui atrás de um copo de água.
Ouvi passos pesados atrás de mim.
Mãos fortes agarram meu pulso me fazendo soltar o copo na pia.
- A gente tem que conversa. - sua voz grossa e mau humorada se fez presente atrás de mim.
-
Bjs e abraços <3
