Capítulo 20

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"Eu falei: era uma questão de tempo e tudo ia mudar. Eu lutei. "
-Projota



Estava parado, de braços cruzados, enquanto Tiago pegava uma fila enorme para comprar pipocas. Queria dizer a ele que já havia comido, mas ele nem me deu tempo de dizer algo quando saiu falando onde ia.

Eu não me sentia feliz por ele estar ali, nem triste. Era estranho, tudo era, na verdade. Não esqueci da noite anterior, quando ele dormiu fora de casa. Sabe-se Deus onde.

– Aqui. – me entregou um saco pequeno de pipoca doce. – trouxe dos dois, não sabia qual você queria. – mostrou o outro saquinho.

– Obrigado. – falei e comecei a andar, observando as pessoas ao nosso redor.

– O que aconteceu lá em casa? – ele estava um pouco sem graça. – Quer dizer... Você quebrou tudo e não deu noticia o dia todo.

Parei de andar e fiquei olhando algumas pessoas se divertindo nos Carrinhos de bate-bate.

– Foi meu jeito de dizer que estava magoado, Amor! – fui bem irônico, talvez mais do que devesse ser.

Ele chegou do meu lado e passou o braço por cima dos meus ombros. Quem visse de fora acharia que eramos um casal feliz. Na verdade eramos dois fodidos, e nem era no melhor sentido da palavra.

– Você não era assim, sabe?! – não dei resposta à sua fala e um pequeno silêncio se fez. Ele continuou. – Você não guardava rancor. Era compreensivo.

Me afrouxei de seus braços e peguei um punhado de pipoca, das duas, e taquei na boca.

– Antes eu era idiota, né? – perguntei sem olha-lo nos olhos. – Você estralava os dedos e bom, eu estava lá para você. – me soltei dele e continuei a andar, sendo seguido. – Aliás – parei de novo. – Onde ficou a noite passada?

Ele chutou um pedrinha que estava perto de seu pé e jogou um pouco de pipoca na boca, mastigando enquanto me olhava.

– Se passou a noite com ele, por favor, não me fale. Não quero sentir nojo de você. – mais do que já sinto, pensei.

Ele olhou nos meus olhos e respirou fundo.

– Eu dormi em um hotel do centro. Precisava ficar um pouco sozinho.

Continuei comendo a pipoca.

– E porquê sera que não consigo acreditar nisso? – e eu não conseguia mesmo. – Você já mentiu muito 'pra mim, Tiago.

– Eu sei. – disse se aproximando. Mexeu em algo no bolso traseiro da calça jeans que usava e sacou um papel. – Por isso eu trouxe isso. É o recibo do hotel.

Peguei e li.

– E quem me garante que ele não dormiu com você? – cruzei os braços e levantei uma sobrancelha.

Ele fez um som indecifrável com a boca e falou já sem paciência.

– Que caramba de cara teimoso que você é. – ele levantou os braços pro alto. – Se você querer a gente vai naquela merda e você olha o video das câmeras de segurança, merda.

Apertei os lábios. Isso poderia me convencer. Por enquanto.

– Que tal a gente ir na casa assombrada? – mudei de assunto.

Ele deu um pequeno sorriso e passou na minha frente, não sem antes pegar a pelúcia dos Minions da minha mão.

– Tá esperando o quê? – parou e me olhou. Dei um sorriso e segui ele.

Tiago pagou os ingressos e entramos no brinquedo.

– Eu te protejo. – falou me agarrando por trás.

Deu uma cotovelada na sua costela e me afastei.

– Não precisa. – comecei a andar. – não é só porque você me provou onde passou a noite que eu te perdoei por tudo.

Ele veio atrás de mim.

– Tudo bem. Mas ainda vou te provar que mudei... Ao menos um pouco. – deu um tapa na minha bunda e passou na minha frente.

Tudo ficou silencioso.

Pela decoração do lugar em que eu estava, presumi que eu estava na sala da casa. Quando eu estava passando para ir para o próximo cômodo uma caveira enorme e medonha caiu em minha frente. Dei um grito tão alto que algumas pessoas que vinham atrás de mim se assustaram também.

Não seria uma má ideia ter Tiago por perto agora.

Olhei envolta e ele já tinha sumido. Provável que estava do lado de fora a essa altura.

Dez minutos e vários gritos depois eu já estava fora daquele lugar.

– Demorou – Tiago disse assim que sai. – achei que precisaria ir te buscar.

Revirei os olhos.

– Demorei porque me perdi em alguns lugares. Acho que estou com fome. O que acha de ir comprar um Cachorro- Quente? – perguntei.

– Tudo bem, capitão. – ele disse divertido. – me espera naquele banco ali. Volto em alguns minutos.

E saiu a procura de alguém vendendo cachorro-quente.

Acho que posso me acostumar com esse novo Tiago. Pensei.

-

Depois de comermos e brincarmos bastante no parque, fomos embora. Logo na saída uma menininha começou a fazer birra, querendo minha pelúcia dos Minions. Não que eu gostasse de crianças mimadas, pelo contrário. Mas ela não parecia ter condição de comprar uma, então eu dei.

Dentro do carro Tiago era só sorrisos. Vez ou outra ele até cantarolava algumas músicas que passavam na rádio, a maioria rap.

– Tô morrendo de sono. – falei quando estávamos chegando perto de casa.

Tiagou olhou para mim e riu safado.

– Achei que a gente ia brincar quando chegasse em casa. Ou não? – disse colocando a mão na minha coxa.

– Ou não! – tirei a mão dele de mim. – Já falei que não e por... – parei de falar assim que o carro virou na rua em que morávamos. Rafael estava sentado na calçada, mexendo em seu celular. Como se ali fosse o melhor lugar do mundo.

Tiago também pareceu ter visto ele, porque apertou o volante e fez um tsc com a boca.

Foi chegando perto da calçada e parou o carro quase encima dele.

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Obrigado por lerem!
<3

O Monstro (Romance Gay) Where stories live. Discover now