Capítulo 11

13.1K 1K 242
                                    

"Só eu posso abraçar. Ninguém pode tocar. Sinto ciúme, sim! Nasceu pra mim. Você é meu, só meu. "
-Robson Biollo

Depois do "pedido de desculpas" e a repentina saída de Tiago, só me restou pedir uma pizza já que a fome também já tinha me alcançado. Desta vez liguei para o número certo e esperei o "jantar" chegar.

Depois de comer 3 pedaços já estava mais que satisfeito. Eu ia guardar o restante dentro do microondas, para quando ele chegar esquestar, mas o objeto estava tão sujo que poderia passar uma doença mortal a ele. Quem dera!

Guardei na geladeira mesmo. Suspirei pesado e fui no quarto trocar de roupa, hora de limpar essa merda.

-

Dois meses haviam se passado. Minha vida ainda era igual, tirando a mudança brutal no comportamento de Tiago. Sempre que ia para algum lugar me avisava antes, não me proibia de sair desde que eu o comunicasse antes, também já não era tão frequente as mal respostas dadas por ele.

Era próximo as oito da manhã, eu estava voltando da padaria com uma sacola cheia de pães, quando passo em frente a um beco em uma das várias ruas daqui. Era um local completamente escuro, não dava pra ver nada lá dentro. Acho que por esta questão o lugar era ponto de uso de drogas e até de sexo. Mesmo com a escuridão tomando o lugar eu não pude deixar de ouvir um som que vinha lá de dentro. Parei um pouco pra ter certeza.

- Isso... Eu sei, a mercadoria vai ser fácil dessa vez... - risos - Aquela babaca nem desconfia de nada! - alguém estava claramente ao telefone ali dentro. E o pior de tudo era que eu sabia muito bem de quem era aquela voz, e, para não ter mais problemas com ele, eu segui meu caminho o mais rápido que podia em direção a segurança da minha casa.

Cheguei em casa mais rápido que o previsto. Estava vazia e nenhum som se fazia no local. Rumei em direção a cozinha e deixei a sacola no balcão. Catei a manteiga na geladeira e peguei também presunto e queijo. Esquente o café e me sentei.

Por mais que eu queresse, aquela conversa não saia da minha cabeça. É certo que aqui é bem normal se ouvir falar em trafico de drogas, afinal por mais que o lugar seja pacifico, os traficantes precisavam de dinheiro e já que trabalhar estava fora de questão... Mas, mesmo com todo esse movimento de drogas, aquilo ainda me parecia suspeito. Ninguém precisaria ir até um beco para falar sobre tal assunto aqui no morro.

Deixei o assunto morrer em minha mente, por enquanto. E acabei meu café.

-

O dia passou voando e nada de Tiago aparecer em casa, nem no almoço ele veio. Me mandou apenas uma mensagem dizendo que não voltaria cedo porque ia resolver alguns assuntos, que não me foram confidados.

O quarto estava bem frio por conta do ar e eu me encontrava debaixo das cobertas assistindo, inconformado, ao final do filme A Menina Que Roubava Livros. Ninguém merecia um final daqueles, ver todos a sua volta morrerem não deve ser algo agradável. Bom, minha vida também não era nada agradável. Talvez eu consiga superar tudo isso, tal como Liesel Meminger conseguiu.

Meu celular tocou bem no fim do filme. Quem quer que esteja ligando adivinhou a hora certa.

Atendi sem olhar o visor. Ainda atordoado com o tal final.

- Alô!

- Bru? - era Rodrigo. - Como vai?

Pensei um pouco antes de responder:

- Oi, Rodrigo. Estou bem e você?

- Bem também...

Um silêncio constrangedor se fez na linha. Não era falta de interesse da minha parte, acho que era mais falta de assunto, misturado ao medo de Tiago chegar em casa.

Liguei o foda-se e falei:

- Eu gosto de pão.

Rodrigo riu do outro lado.

- O quê? - falou ainda rindo.

- Dizem que quando alguém quer realmente falar com você mas não tem assunto essa pessoa fala até sobre pão. Então: qual seu pão preferido?

- Ah, eu não como pão. - ele disse. Eu poderia jurar que havia um sorriso em seus lábios finos.

- Isso é sério? - falei fazendo drama. - E como você sobrevive? Sabe, sem o tão glorioso pão?

Ele fez uma pausa.

- Bom, pode parecer bobagem, mas dizem que pão engorda, né!? - eu tive que rir. Sério que ele se preocupava com isso? - Não ria. É serio. Não quero ser um delegado Careca e barrigudo. - falou também rindo.

- Ok

Outro silêncio se fez. Mas desta vez ele quebrou.

- Mas não liguei pra falar de pão. Eu queria te convidar para algo. - ele parecia receoso. - Um almoço. Que tal?

Eu ia responder. Mas a porta do quarto foi aberta por Tiago todo sério e suado.

- Ta falando com quem? - questionou curioso.

Pensa rápido.

- Ah, era só a operadora. Oferecendo um plano melhor. Sabe como são: não param até que ganhem o dobro que já ganham... - falei e desliguei o celular.

- Hum...

Ele passou direto para o banheiro, mas antes colocou a carteira e uma pistola encima da cama. Voltei minha atenção para a televisão, que agora exibia Cinquenta tons de cinza. Adoro esse filme/livro.

Quando percebi que já estava seguro mexer no celular sem ele ver, eu peguei e abri nas mensagens.

-Vamos almoçar, Na sexta!

Digitei e apaguei a chamada e a mensagem.

Tiago saiu apenas de toalha do banheiro. Seu corpo quase todo à mostra. Se ele era um estúpido idiota? SIM. Se ele era o ser mais gostoso que eu já vi? CLARO!

Na mesma noite eu e ele fizemos sexo depois de muito tempo sem faze-lo.

-

Obrigado a todos que acompanham a história, mesmo com toda a demora para atualizar, obrigado de coração!

Finalmente a capa que eu queria. Espero que também gostem.

O Monstro (Romance Gay) Where stories live. Discover now