Capítulo 14

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"Esquece e entende: não tem mais a gente, porque eu não sou mais seu refém. "
-UM44K

Falar sobre a irmã de Rodrigo era meio doloroso, não só para ele, mas para mim. Ela era alguns anos mais velha que nós. Sempre tão responsável, tão educada.

Foi encontrada em uma vala, não muito longe da cidade, com um corte profundo no peito esquerdo. Seu coração fora arrancado, segundo a perícia, ainda em vida. A alegre Sônia tinha sido vítima de algum tipo de gangue, que segundo o noticiário, vendia órgãos humanos clandestinamente.

Era a única familia de Rodrigo. Já que seus pais, assim como os meus, haviam morrido em um acidente de carro anos atrás. Quando voltavam de um jantar entre casais. Foram tempos difíceis, que prefiro não lembrar.

– Eu... Sinto muito, mesmo! – segurei a mão de Rodrigo por baixo da mesa.

Ele olhou pra mim e tentou sorrir. Sem sucesso.

– Eu vou pegar esses caras. – soltou minha mão e deu um último gole em seu café. Ele parecia determinado em cumprir essa "missão" e, sinceramente, eu não sabia se aquilo era algo bom ou ruim.

Mas, segundo o noticiário local, esse pessoal era perigoso e geralmente não atacava no mesmo lugar uma segunda vez. E já que Sônia foi a única vítima reportada pela mídia, não achava que eles estariam por perto depois de tanto tempo.

– Mas... Como? – eu estava confuso. – No jornal disse que eles não estavam mais por aqui. Que faziam uma vítima e se mandavam.

Rodrigo pareceu estudar as palavras que usaria. Ficou um pouco em silêncio e disse:

– Acredite. Se a policia não quer que algo chegue aos jornais esse algo, jamais chegara a público.

Fiquei mais confuso ainda.

– Quer dizer que eles estão aqui? – não sabia o porque da minha preocupação. – Tipo, na cidade?

Rodrigo não respondeu. Apenas olhou nos meus olhos, suas oceano verde me revelou tudo que eu queria saber: Sim, eles estão aqui.

– Mas... – comecei a falar e fui cortado por ele.

– Você deveria voltar para a faculdade. – ele estava claramente mudando de assuntou, ou voltando no assunto anterior, EU. – Iria te fazer bem.

– Não sei se posso. – eu disse olhando pela janela, o tempo parecia estar fechando. Acho que logo cairia um pé d'água. – Não é como se eu tivesse não controle da minha própria vida agora.

Ele segurou no meu queixo e me virou para ele.

– Você não pode se prender a ele. Quer dizer... Não é como se você amasse ele perdidamente a ponto de aturar isso tudo, né?! – ele disse fazendo graça, mas eu não ri. Apenas desfiz o toque dele em meu rosto e me virei para a janela. – Droga! Você ama ele. – Rodrigo não parecia zangado ao dizer aquilo, só um pouco decepcionado.

– Não é como se eu morresse de amores por ele. Isso está diminuindo, daqui um tempo não vai mais existir sequer uma cumplicidade. – eu falei com a voz baixa.

Rodrigo pareceu pensar um pouco antes de responder. Segurou minha mão que se encontrava sobre a mesa, eu não olhei ele no rosto, mas não sessei o toque.

O Monstro (Romance Gay) Where stories live. Discover now