Capítulo vinte e um - A Busca pelo Anjo Caído

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Em uma aventura solo, o nephilim cruzou a pacata rua que fez parte de sua infância; sua antiga morada estava em cinzas. Os destroços materiais constituindo um cenário assombroso. Fazia apenas alguns dias desde que tinha ido embora de Cambridge, atendendo ao pedido autoritário e protetor da mãe. Joe sabia que cedo ou tarde eles viriam buscá-la, só não imaginava que ela não tentaria resistir a isso ou pelo menos lutar. Obviamente, ela havia planejado tudo para tirar o foco de Scarlett e protegê-la. No entanto, isso não duraria para sempre. Os demônios ainda não tinham descoberto sua existência, mas os nephilins sim e mais do que nunca planejavam obtê-la a todo custo. Estava na hora de buscar Elisabeth, para que tudo finalmente se resolvesse e apenas uma pessoa poderia ajudá-lo.

Amara Brittani.

A bruxa e vizinha, era a única apta a rastrear o lugar para onde tinham levado o anjo caído, e era para a casa aparentemente acolhedora dela que o jovem nephilim estava indo.

O belo jardim era uma armadilha escondida para criaturas sobrenaturais. As rosas repletas de espinhos venenosos apenas para certas espécies de sobrenaturais. Runas de proteção moldavam secretamente os arbustos, a grama e a cerca viva, para evitar a entrada de demônios. Uma barreira mágica invisível para olhos humanos circundava a casa de arquitetura vitoriana. Sra. Brittani era extremamente cuidadosa e meticulosa com sua proteção por portar de livros, objetos e anotações que em mãos de criaturas malignas causariam a destruição global.

Joe caminhava cuidadosamente pela relva vívida, seguindo ordens da própria dona da casa. Era notável aos olhos do pequeno nephilim que todas as plantas ali tinham vida e pareciam lhe encará-lo como se ele fosse um porco prestes a ir para o abatedouro. Ele jurou que vira uma das roseiras salivar com sua passagem.

Arrepios tomavam conta de seu corpo quando ele alcançou a varanda da casa. Esta, por sua vez, também colorida por uma parreira de flores exóticas, eram as mais perigosas, segundo a própria bruxa que as havia  cultivado.

Caelestis. Flores nativas do jardim do Éden. Aparentemente celestiais, possuem toque mortífero. Um pouco de magia, cuidado e sangue angelical é suficiente para cultivá-las. Nas cores vermelho, violeta e dourado elas fascinam com sua beleza exótica. Basta um simples toque em suas pétalas ou folhas, ou mesmo a aspiração de seu aroma inebriante pode ser letal e irreversível.

São como pequenas e astutas serpentes do paraíso.

Ao lembrar das palavras da bruxa, o jovenzinho se esgueirou pela entrada larga e prendeu a respiração, subindo as escadas de madeira e temendo respirar aquele ar mortífero. Ele não sabia se funcionava com nephilins – visto que eram imortais, mas era melhor não arriscar.

As armadilhas no quintal da bruxa, explicavam o fato de que durante toda sua infância, Elisabeth jamais lhe permitira percorrer aquela grama tão chamativa. Joe ainda não sabia, mas ela apenas tentava protegê-lo de algum possível acidente.

Quando finalmente alcançou a porta envernizada e agradável da casa, o nephilim permitiu sentir o mínimo de alívio, rindo de si mesmo logo a seguir.

—Joe, criança dos anjos. Muito bom trabalho!— a porta imediatamente fora escancarada pela senhora elegante que a habitava. Ela abriu um sorriso terno para o menino, e o puxou para um abraço caloroso.

Nem de longe, Amara Brittani poderia ser confundida com alguém que fazia parte de um submundo sobrenatural. Suas roupas eram casuais e simples, lhe dando um ar mais jovial. Seu rosto não tinha quase nenhuma ruga aparente, a não ser quando ela sorria. Seu cabelo escuro estava perfeitamente organizado num coque no alto de sua cabeça. O verde amável de sua íris escondia conhecimentos diversificados, desde o mais simples, até o mais letal. Amara Brittani era a última de sua linhagem de bruxas, por ter optado não construir uma família. Em uma de suas visões, a mulher vira um mundo tomado pelas trevas e caos, o que a fez repudiar a ideia de colocar uma criança no mundo apenas para que esta viesse a sofrer.

Criaturas Celestiais - A Ascensão [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora