Capítulo vinte e quatro - Cidade dos Caídos.

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Um silêncio desconfortável tomava conta da floresta, onde a noite predominava e os mais recentes prisoneiros dos caídos: Enzo, Olívia, Dave, Dakota e Naomi marchavam contra sua vontade seguindo os passos astutos de Dara que serpenteava pela mata com satisfação.

A maioria dos pássaros se recolhia e era possível ouvir ao longe o canto de corujas e demais animais noturnos. Mesmo envoltos no manto da noite, a temperatura na floresta tropical ainda era o suficiente para criar gotículas de suor no corpo de todos aqueles que caminhavam na mata; desde os sobrenaturais, aos anjos, os caídos, e claro, Dave. 

Os caídos ainda os escoltavam, brandindo seus arcos celestes e atentos a qualquer movimentação repentina; era um beco sem saída para o grupo. Somente um plano muito bem arquitetado os tiraria dali, e dezenas deles rondavam a cabeça dos anjos.

Naomi constantemente limpava o suor escorrendo por seu rosto, enquanto analisava tediosamente a mulher que os guiava.  Mesmo com a escuridão eminente, era possível ver a serpente deslizando no pescoço do caído e raposa se surpreendeu ainda mais quando notou  na pele nua das costas dela, dois cortes diagonais opostos, em formato de V e com a média de quinze centímetros de comprimento, além de sangue talhado por toda sua extensão – como se a ferida nunca tivesse cicatrizado; a cena fez a kitsune tapar sua própria boca contendo a ânsia de vômito.

— As asas dela, Naomi. Foram arrancadas por sua traição. Dizem os boatos que a ferida nunca se cura para lembrar aos caídos de seus atos rebeldes. E como podemos ver...é verdade, e repugnante. — a loba explicou com uma careta ao analisar a ferida horripilante; manteve seu tom baixo evitando que os demais lhe ouvissem.

Naomi engoliu em seco e se perguntou que tipo de crimes cada caído ao seu redor havia cometido para tamanho castigo; Qual seria o motivo da queda de Dara ? Scarlett, talvez ? A raposa não sabia dizer.

— Tudo bem. — ela sorriu para Dakota e evitou olhar para as costas de Dara novamente.

Um pouco mais à frente, os anjos procuravam uma solução para a situação:

Plano de contingência ? Olívia questionou impaciente ao querubim, enquanto contava sutilmente a quantidade de caídos ao seu redor. Conforme Dara os guiava, ela apertava cada vez mais seu machado, ansiando em ter o sangue dos caídos decorando sua lâmina afiada.

Ao todo eram dezessete caídos, muito bem armados. Não seria uma luta nada justa e isso preocupava os celestiais.

Sugiro esperarmos até entrarmos na Cidade dos Caídos. Seja cordial e estes caídos ao nosso redor se dissiparam. Eles gostam de pensar que estão no controle e exibir isso. Enzo explicou analisando o olhar orgulhoso de cada caído. Para estes rebeldes celestiais, era o Criador no Paraíso, Lúcifer no Inferno e os Anjos Caídos na terra; sua soberba e ambição para com a humanidade  era evidente. Não seria fácil contra atacá-los nessa dimensão, mas também não seria impossível.

Olívia acenou sutilmente ao angelical como resposta e ao notar o olhar questionador da raposa e da loba em sua direção, ela murmurou um inaudível "Depois."

— Sabem porque não tomei suas armas ? — Dara questionou, parando no meio de sua trilha irregular; o anjo caído não fez menção alguma de virar-se para encarar o grupo. — Porque qualquer simples movimento que pareça ameaçador, meus escudeiros matarão todos vocês. Então eu sugiro o manuseio cuidadoso do seu machado, Olívia. — ela finalizou, olhando para a celestial da morte sob os  ombros, antes de finalmente prosseguir em sua caminhada.

Olívia cerrou seus dentes, num gesto que demonstrava todo seu ódio e insatisfação perante aquela situação, mas o toque suave de Enzo em seu ombro a fez repensar seu próximo movimento e a contra-gosto, continuar seguindo Dara.

Criaturas Celestiais - A Ascensão [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now