Cap. II: INCIDENTE & AFFAIR

330 72 182
                                    

Nos dias e semanas seguintes, levantei e saí de casa o mais rápido possível para não perder o ônibus escolar que sempre parava no mesmo lugar, além da trilha pela qual eu caminhava para chegar ao ponto.

Minha avó saía bem mais cedo para cuidar da loja. O motor silencioso do Kia Sportage Vermelho que ela comprara recentemente não incomodava nem mesmo o casalzinho de tordos que ainda fazia seu ninho sob uma calha do telhado de casa, quando ela saía antes mesmo do amanhecer.

Chegando à escola, soube por algumas colegas, que naquele dia mudaríamos de sala, já que um estranho acidente num laboratório da escola causou uma estranha explosão.

- Até agora ninguém soube o paradeiro do professor Newton! - algumas pessoas murmuravam no corredor enquanto caminhávamos para a nova sala de aula.

Cerca de quase uma hora depois, a professora que substituiria o professor Newton finalmente adentrou a sala e se apresentou, mas ela não foi interessante o bastante para que eu lhe prestasse atenção naquele dia que estava apenas começando, por isso, sequer me prestei a ouvir seu nome.

A professora fulana de tal ainda se apresentava, quando algo totalmente inesperado aconteceu: um aluno atrasado entrou pela porta aberta.

No entanto, aquele não era apenas um aluno atrasado que entrou pela porta aberta, era... O aluno atrasado que entrou pela porta aberta!

O rosto angelical, de pele pálida e meio rosada tinha belos cabelos castanhos, meio alourados, com grandes cachos armados e quase arrepiados que criavam um penteado desgrenhado.
Uma barba meio escura e meio clara, completa e cerrada, porém bem desenhada decorava as faces daquele colírio para os meus olhos.
Os olhos dele; por sinal... Foram as coisas que mais me encantaram, por serem lindos e diferentes.
Um era incrivelmente verde, o esquerdo era verde e o direito, quase dourado.
Ele certamente notara que sua lente de contato verde estava torta, logo no dia em que nos conhecemos, pois acabei nem disfarçando ao notar.
Mas porque alguém teria vergonha de mostrar uma íris tão bonita?

Talvez eu não tivesse notado tantos detalhes duma pessoa que eu acabara de conhecer, mas já que a professora de Biologia pediu para que cada um virasse para um colega e analisasse o rosto um do outro, afim de notarmos diferenças e semelhanças físi...

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Talvez eu não tivesse notado tantos detalhes duma pessoa que eu acabara de conhecer, mas já que a professora de Biologia pediu para que cada um virasse para um colega e analisasse o rosto um do outro, afim de notarmos diferenças e semelhanças físicas e étnicas, acabei sendo escolhida logo por aquele aluno atrasado que entrou pela porta aberta.

- Por que todos escolheram você, mas você não escolheu ninguém? - Ele disse ao ver todos meus colegas se afastando da minha mesa, frustrados porque eu deixei logo o aluno atrasado que entrou pela porta aberta sentar na minha frente.

- Não sei, todo mundo aqui é tão...

- Igual? - Ele perguntou interrompendo meu raciocínio, mas por alguma razão, apesar de detestar quando alguém fazia isso, ser interrompida pelo aluno atrasado que entrou pela porta aberta, foi peculiarmente agradável.

[ UDG ] A GAROTA DA CAPA. O CONTO REPAGINADOWhere stories live. Discover now