Camila comprou café para mim!

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Na sexta-feira, o ambiente no estúdio está bem mais relaxado com toda a gerência fora em reunião com os outros figurões. A galera está comendo donuts, caixas abertas em várias mesas, enquanto improvisam uma mesa de futebol de botão e até arremessos de bolinhas de papel no lixo. Reparo que o material usado para pregar o rabo no burro Major aparece e desaparece rapidamente da sala do café. Mais ou menos às duas e meia o estúdio pega fogo com a notícia de que os executivos chegaram da reunião, e todos voltam ao trabalho depressa.

Uma hora mais tarde, Normani aparece na minha baia e me entrega a cópia colorida do meu encontro duplo com o Andy e as garotas de vinil. Ela trabalhou bastante no desenho, muito mais do que eu esperava.

— Legal, obrigado — declaro entusiasmada. — É quase uma obra-prima.

— Tá, quase — ela diz enquanto cruza os braços e se senta à minha mesa.

Eu a assisto balançar as pernas para frente e para trás algumas vezes enquanto espero que ela fale o que está em sua mente. Ela leva a mão à boca, nervosa, começa a roer a unha do polegar e pergunta: — O Charlie ainda fala de mim?

— Depois que vocês terminaram? — pergunto.

— Sim — ela responde cautelosamente, quase esperando que eu mude de assunto.

— Lembra aquele dia em que você não veio trabalhar e nem telefonou avisando?

— Claro. Foi o dia da ressaca depois da despedida de solteira da Zara. Nós passamos do limite no Clube das Mulheres.

— Nem quero ouvir os detalhes. Mas, para a sua informação, ele ficou muito preocupado. Pediu para eu ligar para você várias vezes até que finalmente você atendeu.

— E o tempo todo eu achei que você tinha uma queda por mim.

— Você achou?

— Não sei, na verdade já notei que eu sou a única menina por aqui com quem você conversa.

— Provavelmente é porque eu considero você uma amiga.

— Nossa, como você é encantadora! — ela declara, enquanto pego uma pilha de livros de referências da mesa para abrir espaço para meu trabalho.

— Você está malhando? Está bem forte, apesar de ser magra e alta.

Fico vermelha na hora, feliz da vida por, pelo menos, alguém ter reparado no meu esforço. Estou correndo na esteira, jogando tênis e fazendo musculação, exatamente como meu irmão me ensinou, e na minha melhor forma física.

— Sim, eu estou malhando. Obrigado por perceber.

De repente percebo que ela não está mais me ouvindo e, quando me viro, dou de cara com Camila na entrada da baia. Ela parece desconfortável, um pouco fora do lugar. Meu coração bate tão alto que fico até com medo de ela ouvir.

Uau, o que ela está fazendo aqui?

— Oi, Camila — digo — esta é a Normani.

— Mani — ela me corrige enquanto desliza da minha mesa e acena para Camila. — Tenho que voltar ao trabalho. Prazer em conhecê-la.

— Prazer também — Camila responde e depois me olha. — Desculpe-me se interrompi alguma coisa, achei que deveria retribuir a gentileza. Comprei café para você.

Dou um sorriso largo, como uma idiota, e digo: — Poxa, muito obrigado — sem saber ao certo o que dizer e fazer. Finalmente dou um passo à frente e pego o copo de sua mão.

— E ainda tive que adivinhar de qual você gosta...

— E? — falo, enquanto tiro a tampa para ver o que tem dentro.

Dear To Me. [Camren | Intersexual]Where stories live. Discover now