Corações se abrindo.

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Na manhã seguinte tudo parece cinza, me sinto morta, mas, mesmo assim, tento dar o melhor de mim no trabalho para recuperar o atraso. Não quero que o Major pense que estou jogando a toalha e acabar perdendo meu emprego além de tudo.

Um pouquinho antes do meio-dia percebo que alguém está me observando e vejo Charlie. O olhar dele é intenso.

— Você tem um minuto? — ele pergunta.

— Claro — tiro o fone do ouvido e aperto pausa no iPod. — O que foi?

— Então, me conta, o que está acontecendo entre você e a Mani? — ele cruza os braços e me observa cuidadosamente.

A abordagem direta... eu tenho que aplaudir Charlie, isso é muito eficaz. Só não é o momento perfeito para mim, mas disfarço o que estou sentindo, tenho que encara-lo uma hora ou outra.

— Nós saímos no sábado. Você ficou chateado? Achei que não tinha nenhum problema pois parece que você não está mais a fim dela.

— E como você sabe se estou a fim ou não?

— Bom, eu concluí. Já faz um tempão que vocês não estão mais juntos. Mani também acha que você não está mais interessado. Ela mesma me disse isso.

— Mesmo? Eu apenas estou surpreso por você não ter pedido para mim antes. Eu achei que éramos amigos.

— Nós somos amigos. Poxa, me desculpe, você está certo. Eu deveria ter avisado. Você parecia tão bravo na última noite que todos saímos juntos.

Ele me observa por um momento e diz: — Ok. Tudo bem. Você sempre foi desligada.

— Então ainda somos amigos?

— Claro que sim, sua idiota — ele sorri levemente.

— Mas posso sugerir uma coisa, Charlie? Se você ainda gosta da Mani, deveria tentar resolver isso com ela. Vocês dois parecem que ainda estão muito a fim um do outro.

— Verdade? — ele pergunta cheio de dúvidas, levantando a sobrancelha.

— Eu acho que ela ainda te ama. Ela é uma garota incrível, você sabe disso.

— Eu sei — ele responde pensativo.

— Então você vai brigar comigo por causa dela? — pergunto rindo enquanto ele rola os olhos.

— Óbvio, que tal um duelo no pôr do sol?

— Não. Uma batalha de videogame na hora do almoço é mais minha praia. Você pode escolher o jogo.

De repente, ele fica sério.

— O problema é que eu não quero ficar enrolando ela. Se a gente voltar, vai ter que ser de verdade, o vestido branco, as fraldas, enfim, o pacote todo. Só preciso ter absoluta certeza de que quero amadurecer e dar esse passo, porque no momento ainda sou uma criança e Mani merece coisa muito melhor.

— Acho que você é mais maduro do que pensa — digo com convicção. — Mas já que você insiste, vou continuar saindo com ela até você se decidir.

— Só presta atenção. Se eu souber que vocês transaram, eu te mato.

— Combinado.

Eu o observo se afastar e repito toda a conversa na minha cabeça. Não tenho certeza se finalmente consegui fazer uma coisa certa hoje ou se acabei complicando ainda mais meu relacionamento com duas pessoas de quem gosto muito. Nossa, estou enrolada. Não consigo chegar a uma conclusão, mas espero que tenha feito a coisa certa.

Dear To Me. [Camren | Intersexual]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora