Eu sou a Mulher-Maravilha.

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Depois de entrarmos no carro da Camila eu percebo que nós estamos bem quietas. Depois de um tempo eu finalmente pergunto:

— Para onde nós vamos?

— Ao Smokehouse, próximo dos estúdios da Warner.

Eu sorrio pensando na escolha tão peculiar. É tão diferente e legal. Apesar da decoração tradicional e da clientela cheia de pessoas mais velhas, existe alguma coisa diferente naquele lugar. Com certeza milhares de negócios relacionados a filmes e desenhos animados já foram feitos ali.

— Eu vi o Frank e o Ollie tomarem sopa lá uma vez.

— Os animadores da Disney Frank e Ollie? — eu pergunto com reverência.

Eles são muito famosos e reconhecidos no mundo da animação como parte de um grupo chamado Os Nove Anciões, composto por brilhantes animadores que criaram técnicas novas e foram pioneiros na produção de desenhos e longas-metragens da Disney em filmes clássicos.

— Sim, eu quase pedi para sentar com eles.

— Eu aposto que eles iriam adorar, uma mulher tão bonita como você fanzoca deles.

Ela olha para mim surpresa. Será que é porque eu disse que era bonita? Não da para negar, pois o fato é irrefutável. Talvez ela esteja surpresa por alguém tão lenta ter percebido.

— Eu deveria ter feito isso — ela responde depois de uma pausa. — Agora eles já não estão mais aqui e eu perdi a chance de contar para eles o quanto o Bambi e o Dumbo foram importantes na minha infância.

Depois de nos acomodarmos numa das cabines no fundo do salão, decidimos começar a beber e a Camila pede um Martini e eu um uísque duplo Jameson com gelo. Nós começamos a conversar sobre os desenhos que vimos quando crianças. Os Smurfs aparecem nas nossas listas, e eu começo a rir lembrando de uma caricatura do Robusto fazendo coisas inadequadas com a Smurfette. Camila quase cospe todo o martíni.

— Você é terrível — ela ri. — Eu nunca mais vou olhar aquelas criaturas sem lembrar dessa cena na minha cabeça!

— Eu acho que esse é o propósito, revisar a história da animação, com uma caricatura de cada vez. — Eu percebo, enquanto a observo, que o álcool já está fazendo efeito. Ela parece muito mais feliz e relaxada agora do que naquela hora no escritório.

— Olha, eu adorei que nós resolvemos fugir — ela diz enquanto alonga as pernas debaixo da mesa e acaba tocando a minha. — Eu estava pronta para matar o Major e agora não ligo a mínima para ele e a tal agenda.

— Agenda? — eu pergunto, curiosa demais para ficar quieta.

Ela esfrega as mãos no rosto e solta um gemido.

Eu tomo um bom gole da minha bebida e depois de colocar o copo na mesa pergunto: — O que foi que ele fez? Deve ter sido alguma coisa séria para deixar você tão chateada.

Ela joga uma azeitona na boca e fica olhando para mim como que tentando decidir se me conta o segredo ou não.

— Ele tentou me prostituir.

Eu agarro a mesa com força e meu corpo todo enrijece.

— O quê? Será que eu ouvi certo? Você vai ter que me explicar o que você disse.

— Sim. Eu já falei pra você que temos um relacionamento aberto, certo?

— Sim. — Esse é o tipo de informação que eu nunca vou esquecer.

— Pois é, nós tivemos nossa reunião com uns clientes hoje e eles estão nos pressionando muito, tanto com o conteúdo quanto com o orçamento. E é tão desagradável parecer que estamos sempre de joelhos perante eles... estamos à mercê deles o tempo todo.

Dear To Me. [Camren | Intersexual]Where stories live. Discover now