Fica aqui comigo.

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Um pouco mais tarde, quando ainda estamos abraçadas, sinto que ela é minha e nunca vou deixá-la partir.

— Posso falar uma coisa? — pergunto com cuidado. Nós duas já estamos mais acomodadas. Ela colocou um roupão e está deitada em cima do meu ombro.

Camila olha para mim e aguarda.

— Eu não iria gostar se você saísse com aquele cara, o Richard da Disney.

— E por que você se importaria se eu fosse? — diz passando a mão no meu corpo. — Parece até que você está com ciúmes — ela brinca sorrindo.

Não consigo rir ou brincar com essa situação porque realmente me incomoda.

— Talvez eu não queira que você saia com ele ou, pior ainda, que durma com ele. Não quero nem que você o beije.

— Por quê? Você acha que isso pode mudar o que eu sinto por você?

— Bem, em parte sim — admito.

— Você vai dar uma de ciumenta comigo daqui pra frente?

— Talvez. Isso te incomoda?

— Bom, mas e se eu também ficar enciumada quando a Mani ou uma outra garota ficar mais próxima de você?

— Isso não vai acontecer — respondo. — Mas você ficaria mesmo com ciúmes?

— Sem dúvida — ela admite. — Mesmo tentando não sentir. Nós temos que prometer que vamos ser sempre amigas. Não importa o que aconteça, tudo bem?

— Com benefícios? — pergunto confusa.

— Eu queria ficar com você sim, mas a decisão é sua e da outra pessoa. Não é todo mundo que aceita esse tipo de relacionamento estranho que tenho com Major.

Nem todo mundo quer isso, penso. Se você fosse minha, Camila, eu nunca a dividiria com ninguém. Nunca.

Depois de algum tempo, quando estamos muitos quietas, percebo que estamos cochilando. Esfrego meus olhos e gentilmente acordo Camila.

— Oi, já está tarde, é melhor eu ir embora.

Ela pisca enquanto me levanto do sofá. Tento, mas toda a bebida e atividade física acabam me pegando e me sento de novo, levando minhas mãos à cabeça

— Acho melhor não dirigir. — Pego minha jaqueta e tento achar o telefone: — Vou chamar um táxi.

— Não seja ridícula — ela insiste tirando o telefone da minha mão. – Fica aqui comigo.

— No sofá? — pergunto, tentando não soar muito presunçosa.

— Não, dorme comigo. Minha cama é bem grande e prometo que não vou me aproveitar de você.

Ai, por favor, se aproveite de mim... se aproveite de mim quantas vezes você quiser.

— Tem certeza? — pergunto. — Amanhã é segunda.

— E daí? Você não pode dormir fora de casa em dia de aula? Que se dane. — Ela levanta e pega a minha mão — Vamos.

Nós paramos na cozinha para pegar água e depois vamos para o quarto.

Se não estivesse tão cansada, eu enlouqueceria. E mesmo estando de costas, escuto enquanto ela se troca. Quando me viro e vejo que ela está usando só uma camiseta regata e um shortinho curto, eu penso que se conseguir sobreviver sem explodir até de manhã vai ser um milagre.

Sento em cima do edredom no canto da cama, nervosa, esperando por ela. Depois de passar um tempo no banheiro, ela chega e entra debaixo das cobertas como se fosse a coisa mais natural do mundo. Tento ficar de olhos fechados, eu não consigo parar de encará-la. Observo Camila apagar o abajur e a vejo iluminada pela luz prateada da lua.

Irei passar a noite com Camila.. na cama... Há apenas três pequenos pedaços de roupa nos separando. Uau.

Parece que ela já caiu no sono, mas, de repente, percebo um movimento na cama, no nosso meio. Mexo minha mão devagar tentando descobrir o que está acontecendo e fico surpresa ao notar que a mão dela está à procura da minha. Camila pega minha mão e diz:

— Lauren? — ela pergunta com voz de sono.

— Sim? — respondo enquanto sinto os dedos dela se entrelaçarem nos meus.

— Obrigada por hoje — ela suspira feliz.

— Que parte? — não resisto em perguntar.

— Todas — ela responde sem hesitação. — O começo, o meio e o fim. Tudo foi excelente porque você estava comigo.

Penso mais um pouco no que ela diz, a "parte final" e a ideia de que foi melhor porque foi comigo. Internamente, celebro minha vitória. Depois de uma longa pausa em que considero qual é a melhor resposta, respiro fundo e digo:

— Espero que você saiba, Camila, que eu iria para qualquer lugar com você, eu faria qualquer coisa por você — respondo cheia de coragem.

Ela fica quieta e depois sussurra: — Eu sei — ela aperta minha mão e depois se acomoda melhor no travesseiro.

Não consigo ver seu sorriso no quarto escuro, mas consigo sentir que ela está sorrindo.

Por volta das quatro horas da manhã saio da cama e vou tropeçando banheiro, quando volto, começo a rir baixinho porque Camila já ocupou o lugar onde eu estava deitada. Pego a garrafa de água e dou um gole enquanto a observo.

Respiro. A luz da lua a ilumina. Seu cabelo está todo solto no meu travesseiro como se tivesse passado uma ventania, seus lábios se movem, declarando segredos que não consigo escutar. Ela é tão bonita quando dorme.

Flexiono os meus dedos, tentando conter o desejo de passar minha mão no rosto dela.

Eu te amo, Camila. Será que você também me ama?

Seus cílios se movimentam como pequenas borboletas. Ela parece tão frágil nesse instante, mas sei o quanto é forte, muito mais do que eu. Em vez de acordá-la, decido ir para o canto dela na cama. Assim que me ajeito, Camila se vira e pressiona o corpo no meu. Eu me viro desajeitada e ela se enrosca em mim, colocando a cabeça no meu peito e a perna na minha coxa. Eu a abraço e fico escutando os batimentos do seu coração até que adormeço.

A próxima vez que eu acordo, o quarto já está iluminado com os raios de sol da manhã. Percebo que o tornozelo da minha musa esta enrolado no meu e que seus braços estão jogados acima da cabeça. Se ela estivesse acordada, seria como se quisesse alcançar as estrelas. Com todo o movimento, sua camiseta levantou e a pele está praticamente chamando por mim.

Eu me viro devagar até conseguir colocar meu rosto acima do seu quadril onde a pele é mais macia. Fico quieta, com cuidado para não a acordar. Adoro observar seu peito subir e descer a cada respiração e a visão de suas pernas torneadas. Escuto um suspiro e a perna dela vira.

Sinto a mão dela massagear minha cabeça. Será que devo me mover? Mas antes mesmo de me decidir ela pega um punhado de cabelo e me puxa. A mão que está livre começa a tirar a camiseta e, num segundo, ela pega minha mão a leva até seu seio.

Dear To Me. [Camren | Intersexual]Where stories live. Discover now