Dear To Me. [Camren | Intersexual]

Você gostou da minha casa?

Exatamente três minutos depois das oito horas vou de novo até a janela. Será que ela esqueceu e não vem? Fui um tanto quanto ousada quando sugeri que fôssemos juntas, mas ela mesma disse que éramos melhores amigas agora. E esse é um programa que melhores amigas fazem... certo?

Um momento, depois eu recebo uma mensagem de texto.

Desculpa, tô atrasada, já no caminho. Chego aí em 10 minutos.

Aliviada que ela não esqueceu, respondo.

Ótimo, até já.

Vou até a cozinha pegar uma toalha e enrolar no café dela para que continue quente. Pedi que o fizessem bem quente, mas isso já faz vinte minutos e quero que esteja na temperatura certa, do jeito que ela gosta.

Andando de um lado para o outro, checando se está tudo arrumado, tento imaginar minha casa através dos olhos de Camila. Ela ama desenhos, o que é ótimo, já que tenho vários bonecos e quadros de animação espalhados pela casa toda. Normalmente, Delia, a faxineira dos meus pais, limpa minha casa a cada quinze dias para que não acumule tanta sujeira, mas pedi a ela que viesse ontem para ter certeza de que tudo estaria limpo para Camila. Também arrumei monte de coisas que estavam espalhadas e enfiei nos armários.

Graças a Deus Delia lavou minhas roupas, se não elas estariam jogadas pela casa toda. Ela também sempre briga comigo por ter somente cerveja, leite para meu cereal e queijo Cheese Whiz na geladeira. Apesar do meu estilo universitário, me orgulho quando vejo os cômodos.

Amo a minha pequena casa e espero que ela também goste. Quando olho pela janela novamente, vejo que ela acabou de estacionar e saio para recebê-la.

Camila observa o jardim enquanto caminha debaixo de uma prateleira cheia de plantas, admirando a calçada de tijolos. Ela cheira uma rosa e olha para mim sorrindo: — Uau, Lauren. Que jardim incrível!

— Você gostou? — pergunto e fico extremamente grata por o jardineiro ter feito um trabalho tão bom. Se dependesse de mim, só teria grama e umas poucas plantas.

— Se gostei? Eu adorei! — ela exclama. — Já veio assim quando você comprou a casa?

— Não, o jardim, na verdade, era horrível quando me mudei. Mas meu irmão na época estava saindo com uma decoradora e o sócio dela era paisagista. Foi ele que desenhou tudo.

— Adorei os gnomos coloridos no jardim. Foi você que comprou?

— Como você sabe? — sorrio aguardando a reação dela a tudo, até agora está tudo indo muito bem. Eu enfio as mãos no bolso, meio acanhada, e pergunto: — Você quer entrar por um minuto e conhecer a casa?

— Claro — ela dá um passo à frente na direção da varanda e me abraça.

Quando abro a porta, ela entra e diz: — Ai, meu Deus, Lauren, o que é isto?

— Minha sala — respondo encabulada.

Ela começa a passar a mão pelas várias caixas de vidros com os personagens dentro. Cada parede está pintada com uma cor vibrante e diferente. As únicas peças de mobília são duas cadeiras de couro e uma mesinha de centro lotada de gibis.

— Quem ou o que te inspirou aqui?

— Foi o comediante Paul Reubens, ou melhor, seu alter ego, Pee-Wee Herman — respondo honestamente.

Acendo as luzes que iluminam cada caixa. Fazer isso sempre me deixa muito orgulhosa. A luz que ilumina o boneco de bronze do Rocketeer faz com que ele brilhe.