Bônus.

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Fernanda.

Um tempo atrás...

Ciências jurídicas, direito civil, antropologia... meu Deus, eu iria ficar louca! Já se passava de quatro da manhã e cá estava eu acordada, não queria deixar matéria acumulada porque pretendia ver meu pequeno no sábado. Hoje seria mais um dia que não iria dormir. Eu sempre olhava pra foto do meu filho num porta-retrato e me inspirava nos estudos, se estava fazendo esse esforço hoje eu seria recompensada amanhã.

Quando deu quatro e meia me deitei, minhas costas estavam doloridas e meus seios também doíam muito. Miguel parou de mamar cedo, então sempre que meus seios enchiam eu tirava todo o leite e mandava pra maternidade, tinha muito bebê sem mãe ou que a mãe não havia conseguido fabricar leite. Ajudar eles me deixava muito feliz.

Se dormi três horas foi muito, meu despertador logo tocou. Mais um dia de trabalho. Me levantei, tomei um banho, meus remédios de depressão e vesti minha roupa social. Estava com olheiras enormes mas nada disso me importava. Arrumei minha bolsa, meus materiais e desci.

Tomei um café rápido e já fui aproveitando a carona com Mateus até o trabalho.

─ Você está péssima ─ ele diz. 

─ Obrigada.

─ Precisa dormir mais.

─ Eu quero ver Miguel no final de semana, não posso dormir.

─ Por que Christopher não vem te ver? Poxa, toda vez é só você que vai.

─ Não sei, mas... não estou indo só por ele e sim por Miguel também ─ beijo sua bochecha e saio do carro. ─ Bom dia e bom trabalho.

─ Pra você também!

E assim entro no escritório de advocacia do doutor Renato, naquele horário de sete horas já estava lotado. Peguei o elevador e em instantes estava no andar do senhor Renato, logo de cara esbarrei em Italo, até estranhei, ele nunca estava aqui de manhã cedo.

─ Minha nossa... você está péssima ─ ele comenta e eu abro um sorriso de deboche.

─ Muito obrigada! ─ empurro ele.

─ Já tomou café? ─ assinto. ─ E os remédios?

─ Também.

─ Acha que se eu entrar com uma causa pedindo a guarda do meu cachorro com minha ex-mulher ela manda meu cachorro pra cá? ─ ele pergunta entrando na sala do doutor Renato junto comigo. ─ Sinto saudades do meu cachorro.

─ Acho que você deve conversar com ela e pedir que ela mande seu cachorro pra passar as férias, sei lá ─ dou de ombros.

─ Tenho medo de falar com ela e morrer envenenado ─ ele se senta e cruza as pernas. ─ Ela é uma cobra.

─ Você exagera muito.

─ Minha mãe fez até uma camisa dizendo que odeia ela, por que me casei com alguém tão ruim e por que ela roubou meu cachorro? 

─ Adota outro.

─ Não! Eu e ele temos até camisas juntos, ele é meu filho, Fernanda. Estarei entrando hoje em contato com o advogado dela.

─ Não acredito que vai fazer isso... ─ me viro pro mesmo.

─ Estamos falando do meu cachorro. Mesmo que ela tenha responsabilidade e dê a ração no horário certo... ele precisa ficar com o pai, sente minha falta, sente falta do meu chulé.

─ Italo... ─ encaro meu relógio de pulso. ─ São sete e meia da manhã, o que você faz aqui?

─ Tenho um cliente às oito. Não quer dormir um pouco na minha sala? 

Um presente da vida #2Where stories live. Discover now