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Christopher.

Peço mais uma dose, conto como minha décima... ou vigésima? Não sei. De fato já não raciocino mais direto. 

Meu celular toca, certamente é Gustavo enchendo a droga do meu saco... estava com vontade de meter um tiro nele.

Minha vida após a partida de Fernanda só tem sido o bar e a polícia pela manhã, eu estava meio que afastado por causa do meu problema. Sentia saudade do meu filho, sentia saudade de Fernanda, sentia saudade da época em que ela estava grávida e que nossa relação era maravilhosa.

Mais ou menos maravilhosa.

Tinha medo de nunca mais ter a paz que tinha, o que fiz com Fernanda não tinha perdão, eu me sentia péssimo, me sentia um lixo. O psiquiatra não estava me ajudando muito.

Não consigo ligar pra ela, não consigo conversar... não consigo nada. Sei que parece egoísmo, mas só eu entendia a dor que sentia. Eu a machuquei, eu destruí minha família, eu estava acabado. 

Fica a noite toda remoendo as lembranças de quando tudo era perfeito e da nossa última transa, eu me descontrolei, sempre me descontrolo quando bebo e estava com raiva dela. Fernanda já sofreu muito, infelizmente eu preciso a libertar das minhas asas, o fato de eu pensar que devo a proteger acaba machucando ela. Tudo que eu menos quero é ver lágrimas em seus olhinhos.

Viro mais um copo e deito minha cabeça no balcão, tudo roda.

─ Por que caralha não atendeu essa merda? ─ ouço a voz de Gustavo atrás de mim.

─ Vai pra porra.

─ Você tá parecendo um menino mimado e revoltado, até parece comigo quando eu descobri que a mulher que eu dedicava minhas punhetas na verdade era um homem.

─ Sériooooo? ─ sorrio.

─ Era meu professor ou professora de educação física, foda-se, venci isso. Vamos pra casa ─ ele me puxa.

─ Ainda não bebi minha vigésima primeira dose ─ digo tentando me soltar.

─ E nem vai ─ Gustavo me puxa depois de pagar minha conta.

Eu soluço, estava péssimo, minha barba estava enorme e eu fedia. Geralmente me importo muito com minha vaidade mas não sei o que estava acontecendo.

─ Você precisa levar uns boques na cara ─ Gustavo diz me jogando no meu carro. Bem, é isso que ele faz, ele me dá um soco no nariz com sua mão boa.

─ Por que fez isso? ─ pergunto me jogando no chão. ─ Tá louco?

─ Acordaaaaa! ─ ele grita. ─ Você tá parecendo um mendigo, acha que vai trazer sua mulher de volta assim?

─ Ela não vai voltar.

─ Não pra um mendigo desequilibrado e depressivo.

─ Gustavo me deixa em paz, porra!

─ Não deixo... sou uma bitch insistente ─ ele me puxa de novo e me joga dentro do carro. ─ Vou levar você pra casa, você vai tomar um banho, vai tirar essa barba e amanhã mesmo vai na sua consulta.

─ Calma, dona Grazi ─ ironizo.

─ Dona Grazi é meu pau, quer que ele tenha calma? 

─ Seu pau minúsculo?

─ Maior que o seu, querido.

─ Ah, com certeza ─ acabo rindo. Sinto que vou vomitar.

─ Sua mãe não reclamou do tamanho quando comi ela.

Um presente da vida #2Où les histoires vivent. Découvrez maintenant