28º Capítulo: Descobertas.

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"Ficamos ali presos no nosso mundo, num beijo intenso ao ritmo da música, minhas mãos percorrendo todo seu corpo, enquanto ela acariciava meu pescoço de uma forma carinhosa no começo, mas logo se tornando intensa e urgente. Não queria sair daquele momento, não queria encarar a realidade, estava tão bom fingir que tudo entre nós era simples assim como nosso beijo.

Mas ela se afastou de mim, ainda com um sorriso no rosto, assim que a música parou:

- Acho melhor voltarmos pra mesa. – ela falou baixo, me puxando pelo braço.

Não, não queria voltar pra mesa, não queria encarar os outros, não queria sair daquele momento. Por que ela fazia isso comigo? Hoje não tinha bebida, carência, ou qualquer outra coisa que poderia usar como desculpa por ter a beijado. O que era então? Esse desejo irracional que eu tinha toda vez que ela se aproximava de mim de uma forma sensual e provocante? Ok, acho que qualquer homem não resistiria a Cait dançando sensualmente, mas eu a conhecia tão bem, havia visto ela de diversas maneiras e nunca sentido isso. Tá, estou mentindo, desde a primeira vez que gravamos juntos eu senti algo diferente entre a gente, mas logo viramos tão amigos que não imaginava um envolvimento com ela de outra maneira que não a amizade. Heughan! Pare de se enganar, você que estabeleceu uma regra idiota de não se envolver com suas colegas de trabalho, não foi a amizade coisa alguma que te segurou de fazer algo com Cait. E agora? O que estou admitindo pra mim mesmo? Que quero me envolver com Cait de outra maneira que não seja só amizade?

Bom, querer não é poder, simplesmente porque a situação não é tão simples assim, ela não está sozinha, ela tem o Tony, o digníssimo mala sem alça. Mas ela gostava tanto dele assim? Não parecia, afinal se gostasse não faria o que faz comigo. Só que não posso julga-la por isso, eu também não estou sozinho, tem a Mackenzie, caramba, tem ela! Como posso esquecê-la tão fácil quando estou com Cait? Vai Sam, você já sabe a resposta pra essa pergunta, simplesmente porque você não se importa! Não me julguem, quando a conheci realmente desenvolvi um sentimento por ela, não era tão forte e intenso, mas estava lá, por isso que resolvi tentar esse namoro, mas agora sei que foi errado, esse pouco sentimento que tinha por ela não foi o bastante pra sustentar nossa relação. É, acho que eu fui realmente o último a perceber que esse namoro já estava fadado ao fracasso antes mesmo de começar.

Enquanto estava com a cabeça a mil, não notei que já estávamos de volta à mesa, com todos me provocando:

- Sacanagem hein Cait, escondeu o Sam pra gente não o ver dançando! Quando resolvi ir lá ver como ele estava se saindo, a música parou! – falou César.

Eu e Cait nos olhamos. Salvos pelo fim da música. Fiquei imaginando o que César faria se nos visse beijando:

- Resolvi dar um pouco de privacidade pro nosso novo dançarino! Ele se saiu muito bem, na próxima festa prometo que faremos uma exibição dos novos dotes artísticos do Sam! – respondeu Cait rindo.

- Prefiro guardar esse talento pra mim mesmo e garanto que vocês vão preferir ver a Cait, ela é muito mais interessante do que eu! – falei, finalmente sentando no meu lugar a mesa, do lado de César. Não via a hora de virar uma dose de whisky.

- Mas acho que a Cait gosta de guardar esse seu talento só pra ela! – César falou baixo em meu ouvido, dando uma piscada logo em seguida.

Eu engasguei com o whisky que estava bebendo, o olhando espantado:

- Relaxa, só eu vi realmente como vocês estavam dançando! – ele continuou falando baixo – só acho melhor tirar esse batom vermelho, não combina muito com você! – e riu ao me ver desesperado limpando minha boca.

Sorte a nossa que os outros estavam tão entretidos nas bebidas locais que não prestaram muita atenção em mim ou mesmo em Cait, que conversava com todos como se nada tivesse acontecido. Mas agora que as coisas tinham se acalmado, o que iria fazer em relação ao que fizemos na pista de dança? Ignorar e seguir em frente, cada um pro seu lado, e relacionamento, ou conversar com ela a respeito? Mas conversar o que? Nem eu sabia o que queria! E nossas últimas conversas não resultaram em coisas boas.

Antes que pudesse pensar mais, todos resolveram ir embora, afinal tínhamos gravações no resto do fim de semana e ninguém estava a fim de encarar elas de ressaca. Fomos direto para o set, onde nossos trailers ficavam. Como o hotel que estávamos ficando era um pouco longe de onde gravávamos, todo mundo preferiu por dormir no trailer para não precisar acordar tão cedo no dia seguinte.

Quando chegamos decidi que iria falar com Cait, não sabia exatamente o que, mas não poderia ignorar tudo isso que andava acontecendo com a gente. Aproveitei que nossos trailers eram próximos e a puxei discretamente:

- Cait, posso conversar com você? – perguntei a olhando com o melhor olhar de piedade que possuía.

- Odeio quando me olha assim Sam, nunca consigo te ignorar! Vai, entra que a gente conversa! – falou ela abrindo a porta de seu trailer.

Nossos trailers eram iguais, não muito grandes, mas com espaço suficiente pra uma pessoa dormir confortavelmente, além de espaço para uma pequena cozinha e banheiro.

- Ok, agora fala, o que tanto quer conversar comigo que precisou apelar pro seu olhar de piedade que sabe que não resisto!

- Olhar de piedade? Imagina, só a olhei normal! – dei uma risada sem graça quando ela me olhou brava.

- Vai Heughan, já está tarde, bebemos e amanhã temos um dia intenso de gravações.

- Tá bom, eu falo, na verdade só queria saber se ainda está brava comigo! – falei rápido, tá, não era isso que tinha planejado, mas não sabia o queria falar na verdade.

- Um pouco, ainda não consigo te perdoar por ser tão boca aberta, mas também sei que você nunca faz as coisas por maldade, infelizmente! – ela sorriu.

- Eu não sou tão bonzinho quanto pareço! – falei na defensiva – por que as pessoas sempre acham que sou bobo?

- Não falei que você é bobo, aliás, eu sei mais do que ninguém que de bobo você não tem nada! – ela sorriu maliciosamente.

- Ah é? Hum, finalmente admitindo algo bom sobre a minha pessoa. – falei me aproximando dela, que estava apoiada no balcão da pequena cozinha.

- Sam...era só isso que você queria falar comigo... – falou ela um pouco sem graça com a minha proximidade. O que? Cait estava acanhada com a minha presença? Isso era um fato inédito.

- Na verdade não... – falei baixo, me aproximando mais de seu corpo. – vim falar que o César elogiou seu batom vermelho, só falou que não fica muito bem em mim!

- O que? Como assim? – ela gaguejava um pouco enquanto a olhava intensamente.

Dessa vez era eu que não queria falar, ou pensar se isso era errado. Não deixei ela ter tempo pra mais nada. A puxei pela cintura e a beijei. Vi que ela tentou se afastar, mas a puxei de volta e apertei minhas mãos em volta de sua cintura. Ela respondeu se aproximando ainda mais e me beijando de volta. A levantei colocando-a sentada no balcão, ela colocou suas pernas em volta da minha cintura. Senti-a tentando puxar minha camisa enquanto eu baixava a alça de seu vestido. E a partir daí só notamos como o trailer era pequeno e torcíamos para que todos estivessem num sono profundo, já que estávamos longe de dormir."

When you are with me, I'm free
I'm careless, I believe.

Dear DiaryWhere stories live. Discover now