Dear Diary

34º Capítulo: Realidade.

Como seguir em frente? Não tinha opção a não ser ir embora daquele hotel e seguir minha programação. Parece que estava em piloto automático. Apenas arrumei minhas coisas e saí, não me despedi de ninguém, não queria ver ninguém e agradeci quando consegui sair do hotel sem cruzar com algum rosto conhecido. Coloquei meu velho boné, óculos escuros e fui direto para o aeroporto. Iria para Budapeste terminar as gravações e ainda não sabia de onde tirar ânimo para isso. Bom, teria 13 horas de voo para melhorar essa cara de acabado que possuía.

Durante o voo fiquei pensando em tudo que aconteceu nas últimas 24 horas. Estava tão feliz quando cheguei a San Diego, nunca imaginaria um desfecho como aquele. Eu não estava procurando por isso, só queria me divertir com o elenco, claro, não vou mentir que não estava ansioso em vê-la, mas era só isso que queria, apenas vê-la e conversar, sentia tanta falta das nossas conversas. Lendo tudo o que escrevi por aqui parece que só queria ela ao meu lado por causa do sexo, não, não era só isso, claro, não vou ser hipócrita de falar que o sexo não era ótimo, era perfeito, mas gostava de passar horas conversando com ela sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo, nossas conversas variavam de super sérias a super bobas em questão de segundos e era isso que amava, me sentir a vontade em ser eu, em todos os aspectos e sabia que ela sentia o mesmo.

Na verdade agora não sei se ela sentia o mesmo, não conseguia enxergar o que ela via de tão errado em nós dois juntos, o que a deixava com tanto medo? Sabia que não seria uma relação fácil, como ela mesma falou, somos muito diferentes, mas era isso que fazia dar tão certo, se fossemos tão iguais não teria graça! Também sabia da pressão que sofreríamos de todos os lados, do nosso trabalho, da imprensa, da nossa família, dos fãs. Mas que relacionamento que não tem problemas a serem superados? Eu pelo menos estava disposto a tentar, ela nem isso. Nunca imaginei Cait como uma mulher assim, medrosa, na verdade o que ela fez comigo foi pura covardia, se não queria nada por que ceder? Por que me beijar? Ok, posso ser considerado culpado também porque fiz o mesmo, mas como falei antes, não tinha medo, já me preocupei tanto com as outras pessoas antes, não queria mais me impedir de fazer algo pelo o que os outros pensariam.

As 13 horas de viagem passaram em questão de segundos e não dormi, fiquei o tempo todo tentando entender onde havia errado, mas não era meu erro, era dela. Ela que tentando evitar que algo acontecesse, jogou fora tudo o que conquistamos nesses últimos anos. Fui verdadeiro a dizer adeus, não queria vê-la, não até que fosse necessário e quando chegasse a hora iria pensar no que fazer. Agora tinha que trabalhar.

O encerramento das filmagens em Budapeste foi tranquilo e com um pouco de esforço consegui me animar um pouco e esquecer, mesmo que por alguns dias, tudo que havia acontecido naquele maldito dia. Depois de liberado resolvi passar uns dias na casa da minha mãe, nada como família para inflar um pouco nosso ego. Os dias foram passando e não tinha notícias dela, mas também não queria ter. De vez em quando via que ela postava foto de paisagem, da fantástica viagem que estava fazendo, mas ver uma simples foto do mar já me machucava, porque lembrava que ela não estava sozinha.

"Acordei com o meu celular vibrando feito louco em cima do criado mudo, o que estava acontecendo? Com muito esforço estiquei o braço e peguei o aparelho. Demorei um pouco para ajustar minha visão à luminosidade da tela e vi o motivo para tal agitação, eram notificações do Twitter, estavam me marcando em várias coisas, mas que diabos está acontecendo de tão importante? Quando finalmente abri o aplicativo e li, precisei piscar várias vezes para ter certeza de que estava lendo certo, não, não podia ser, era trolagem, era isso, estavam me sacaneando, mas porque fariam isso? Não teria razão para uma brincadeira de mal gosto como essa. Li, reli e só consegui ter uma única reação.