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Já era dezembro, mas eu sentia como se estivesse no começo do ano.

Apertava a alça da minha mochila, fitando meus próprios sapatos surrados enquanto me dirigia para a saída. Tive minha última aula hoje e, diferente dos meus colegas que iriam sair para festejar, eu iria para casa. Acho que também desejo ir para a vovó... Eu preciso de carinho, nem que só um pouco.

Mingyu, Sicheng e Eunbi andavam ao meu lado. Eu tentava sorrir e agir normalmente, mas todos perceberam que havia algo de errado comigo. Eu permanecia triste demais, diferente do habitual, mas sempre dava um jeito de dizer que só estava cansado.

Os três me chamaram para ir até o campo, os alunos fariam alguma bagunça lá por comemoração ao fim das aulas. Eu não queria ir, então disse que precisava ir embora. Eles insistiram em eu falar o porquê, e inventei uma desculpa plausível.

— Estou com dor de barriga, preciso ir para casa.

Funcionou muito bem. Sicheng riu da minha cara e os outros dois perguntaram se eu precisava de algo, neguei, dizendo que só queria chegar em casa. Bom, eles assentiram antes de irem, alegando que iríamos sair muito nessas férias de inverno e que eu com certeza deveria comparecer em todos os eventos e passeios que planejassem. Disse que me esforçaria para ir. E só então eles foram.

Eram ruim ter de passar na sala de dança todos os dias de cabeça baixa e nunca ser chamado pelo hyung. Digo, eu não o via lá dentro, mas ele sempre estava lá naquele horário, então provavelmente me via e não dizia nada. Isso era triste.

Triste, triste, triste...

Taehyung ontem me chamou para conversar e disse que eu estava lidando com o término de maneira inversa e eu fiquei confuso, pedindo para ele explicar. Então, meu primo disse que é comum ficarmos com raiva primeiro, em segundo sacamos o foda-se para sair, festejar e esquecer, mas logo depois ficamos tristes. E que eu estava no modo inverso, pois estava triste primeiro. Não entendi nada, mas ele disse que eu logo ficaria com raiva de Jimin e isso me ajudaria a superar.

Não sei se é possível eu ficar com raiva dele. Não tenho raiva de Jimin, e sim da atitude dele.

Continuo nesse misto de raiva, tristeza e compreensão desde que tudo aconteceu. Eu fico triste e me sinto confuso. Acabou e não sei o porquê. Fico com raiva porque é tanta desconsideração comigo que chega a ser um absurdo. Meu coração dói tanto, me sinto traído. Eu só queria que ele dissesse algo, é maldade demais só sumir e me deixar depois de tudo, sem ao menos me dar um motivo.

Mas aí, vem a compreensão. E fico querendo ficar quieto e só deixá-lo em paz, porque talvez seja disso que ele precise. Por algum motivo, ele precisa ficar sem mim. E então começo a pensar em mil e uma coisas, faço teorias e compreendo elas, como se quisesse aceitar o que Jimin quer, quando não sei o que é. E eu só aceito. Fico compreendendo todas as possibilidades apenas para aceitar que ele não quer mais.

Merda, é tão problemático...

Eu não o via há tantas semanas que resolvi levantar o olhar e espiar a sala de dança, procurando-o com o olhar. Meu coração palpitou por um instante, mas logo parou.

Eu vi uma cabeleira loira, mas não era Jimin, eu pude ver quando o rapaz se virou. Não era ele. Franzi o cenho, voltando a procurá-lo.

Jimin não estava ali.

Engulo em seco antes de só balançar a cabeça e sair, afinal, ele com certeza estava no banheiro ou pegando água. Jimin tinha que estar no colégio por causa das aulas de inglês... Ele estava tão preocupado com elas...

Fui em direção à saída, mordendo algumas unhas. Teria de ir até a secretaria para pegar meu boletim, como todos fizeram. Chegando lá, a agente escolar pede meu nome e sala, e depois de eu a informar, ela sai e diz para eu esperar alguns minutos. Sento na cadeira mais próxima e respiro fundo. Pelo menos estou de férias e não terei de sair mais de casa... Será que isso é bom?

Meu amigo não tão imaginário {jikook} EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora