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Eu me sentia culpado por estar prestes a mentir para o Taehyung.

— Você tem certeza de que já está pronto?

Não.

Eu não tinha certeza disso. Na verdade, eu não estava pronto, e eu não queria fingir que estava.

Mas...

— Sim, hyung. Não se preocupe.

Eu precisava disso.

Depois de afirmar, percebi que... é. Eu definitivamente precisava ficar pronto.

Taehyung, então, olhou para mim. Deixei-me esconder sob seu abraço afetuoso, que aliviava o nervosismo que corria por meu corpo naquela manhã tão perturbada. Suspirei. Eu conseguia notar que meu primo continuava preocupado, mas não podia fazer nada além de respirar fundo e encarar.

Encarar. Estou prestes a ir para casa depois de duas longas semanas com meu primo e Hoseok.

Duas semanas longe da minha família, das mentiras, e... de tudo. Mas, o tempo é agora.

Eu sei. Sei perfeitamente que está na hora de ir embora.

E não, não é por intuição. Nunca funcionei muito bem com essa ideia de sentir o que é o certo a se fazer, mas tinham vários pontos que me mostravam que já era a hora de ir. Nenhum deles era por querer, claro que não... eu não quero ir embora, sinceramente... se eu pudesse, eu moraria com eles. Me sinto seguro aqui, mais do que em qualquer outro lugar.

Ontem foi o primeiro dia que consegui dormir sem chorar, e tudo por causa dos dois... por suas palhaçadas e seu amor. Eles me fazem tão bem e é doloroso sair, mas é a realidade.

Afinal, estamos praticamente na reta final de janeiro, as aulas começam em fevereiro, e ambos têm coisas da universidade para resolver... eu não posso atrapalhá-los. Eu gostaria de pensar que é possível ficar, mas não consigo. Eu sei que eles não querem que eu vá embora, mas eu não posso ser egoísta. Não posso me dar o luxo de banhá-los com minha melancolia pelo resto dos dias de férias que eles têm... isso não é do meu feitio. Não mais.

É complicado como essa é só mais uma das coisas que eu odeio ter que lidar. Há tantas delas que eu gostaria de jamais fazer... mas é tudo tão dolorosamente necessário. Chega a ser estranho eu estar com a cabeça minimamente no lugar agora, já que estou apavorado.

Quando acordei, hoje de manhã, fiquei com raiva de mim no banho. Algo dentro de mim foi rude comigo, me mandou ir para casa e encarar as coisas que eu precisava encarar. Parte de mim estava furiosa. E a outra, estava magoada. Então chorei e fiquei com raiva.

Por isso, logo que ambos acordaram e nos sentamos para tomar café, lhes contei sobre minha decisão.

Eu estava indo para casa.

— Vamos te deixar lá — Hoseok disse, acariciando minha cabeça.

Eu assenti, fitando ele, e depois meu primo. Taehyung não voltou para casa nenhuma vez desde que chegamos aqui. Eu não o vi falando com ninguém lá de casa também. Meus pais ligaram para mim diariamente, mas não atendi nenhuma das vezes. Os bloqueei e cortei contato por dias... acho que, de todas as formas, foi melhor desse jeito.

Com toda a situação, acabei descobrindo que Taehyung já estava pra vir para Seul, antes dos nossos familiares e da confusão. Ele me disse que Seokjin lhe pediu para comprar uma passagem para mim enquanto ele estava na rodoviária, e ele comprou sem questioná-lo... é surpreendente o fato de termos ficado no mesmo ônibus.

Meu amigo não tão imaginário {jikook} EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora