"Nos dias em que você odeia ser você, nos dias em que você quer desaparecer para sempre
Vamos fazer uma porta em sua mente
Assim que eu abrir a porta e entrar, esse lugar vai esperar por você
Está tudo bem você acreditar na Loja Mágica que vai te confortar"KIM
NAMJOONSe me pedisse para dizer quantas vezes eu encontrei a Sayuri, com certeza era possível contar menos de cinco vezes. Nos entreviamos a cada resultado, era quase um feriado semestral; cansei de vê-la perder noites de sono estudando muito. E esse sacrifício nem era por si mesma.
Conheci a Sayuri no vôo que estava voltando para Seoul, ela lia um livro sobre mitologia grega, e vira mexe fotografava algo do céu que achava bonito. Quando abaixava a cabeça alguns fios revoltos de seus cabelos escuros vinham em sua face, irritada ela os assoprava para sair de seu rosto. Havíamos chegado em uma cidade japonesa para fazer escala e irmos – finalmente – para Seoul. Ela estava dormindo, e eu fiquei na incubencia de acordá-la. Quando finalmente abriu os olhos, tentou falar comigo em japonês e um francês genérico, ai perguntei se sabia inglês, e disse que sim o que foi um certo alívio.
– Qual seu nome?
– Sayuri Matsuoka. E o seu? – sorriu.
– Kim Namjoon. Porque está indo para Seoul? – decidi perguntar.
– É uma história longa. – dei de ombros e ela continuou. – Meu pai, eu não consegui passar em uma faculdade em Osaka ou onde eu morava. Então ele sem mais nem menos me enfiou, literalmente nesse vôo. – falou com um olhar triste.
– Já tem ideia sobre onde vai morar? – perguntei.
– Provavelmente em algum Airbnb. Ficarei bem, eu acho.Só paramos de nos falar quando aterrissamos em Seoul.
Fiquei olhando a Sayuri enquanto terminava de colocar os marshmallows no chocolate quente dela, não parecia nada com a minha amiga. Ela estava com olheiras fundas, olhar apático, cansaço evidente, nem a melhor maquiagem do mundo iria esconder isso. Ela precisava de umas férias provisórias, de um tempo.
Assim que terminei de preparar o chocolate quente, levei até ela.
– Quer conversar um pouco? – perguntei.
– Já já... Nam, pode me emprestar seu notebook?
– Tá em cima da mesinha ali. – falei enquanto ligava a televisão.
– Obrigada. – falou enquanto o pegava.Coloquei em um canal de documentário sobre a vida marinha, era uma das coisas que ela gostava. Após pegar meu notebook começou a pesquisar algumas coisas. Peguei meu celular e tirei uma foto dela sem que percebesse. Sempre bastante concentrada. Às vezes ajeitava os óculos, bebericava o chocolate quente e comprimia os lábios, apreensiva por algo.
– O que tanto pesquisa? – perguntei curioso.
– Olha isso. – virou o notebook e me mostrou. – Tô pensando em fazer outro seletivo.Google: seletivos em universidade de Seoul
– Sabe o que eu acho sobre isso? – falei enquanto fechava a aba no notebook.
– Não. – balançou a cabeça.
– Você tem que...
– Eu já sei o que vai dizer Nam: "você precisa descansar Sayuri."
– Mas eu tô certo. – fiquei de pé. – Sayu, você ta se anulando por causa de um sonho que nem é seu, e por Deus, Ciências Contábeis? Quando na verdade você quer fazer Arquitetura?
– Eu já falei o porque. – suspirou. – Eu às vezes fico me perguntando no que eu faria pra acabar com isso. E além do mais, você é super a favor de estudos ou me enganei? – arqueou uma das sobrancelhas.
– Não, não está enganada. Mas existem limites. – cruzei os braços. – Ele ligou?
– Não. – mais um suspiro. – Eu só queria sumir. E eu sei que ele vai ligar hoje ainda, e dar o maldito sermão de que... Você é inútil, devia se parecer mais com sua irmã. Nem para passar em um seletivo você presta. – vi uma lágrima saliente descer pelo seu rosto.
– Se fosse algo que você gostasse, não estaria chorando.
– Engano seu, não estou chorando. – rebateu, teimosa. – Não quero mais falar sobre isso, por favor. – limpou as lágrimas.
– Tudo bem. – respirei fundo. – Quer me contar mais alguma coisa?
– Hum... – pensou um pouco. – Ah sim! Aconteceu uma coisa estranha hoje enquanto eu checava meu resultado, eu conheci um garoto. Assim que eu vi a minha nota, comecei a chorar e ele me chamou, perguntando se eu queria um chocolate quente.
– Aceitou? – perguntei.
– Se eu tô no sofá da sua sala, eu acho que não aceitei né?
– Como sempre uma resposta na ponta da lingua. Eu deveria te repreender.
– Besteira. – sorriu um pouco. – Eu achei deveras estranho então, não. – sorriu. – Eu nem o conhecia, pensei que ele, ah sei lá Joon.
– Tem razão. Mas chocolate quente é sua bebida favorita. – passei a mão em seus cabelos.
– Eu não sou comprada pelo estômago. Deixa de besteira. – revirou os olhos.
– Tudo bem. – sorri.
– Eu... eu posso passar a noite aqui? – pediu.
– Claro. Fica na minha cama. Depois do jantar, me dá sua chave e eu vou no seu apartamento, pra pegar alguma coisa, se quiser.
– Obrigada de verdade, você é um combo perfeito. – suas mãozinhas pequenas me fizeram um afago.
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Smoking Candy
FanfictionO caos é uma incógnita, alguns o acham demasiadamente atrativo, belo ou consumidor; já outros fogem do caos. Ele não os atrai e sim, os retrai. Fogem por medo? Não sei, só sei que entre esses grupos, eu me encontro entre os que acham o caos atrativo...