Smoking Candy

8. The Last

Às vezes fico com medo de mim mesmo também

Apartamento do Yoongi
5PM

- Yoongi hyung, eu não to afim de implicar com você. - Jimin disse. - Mas essa fumaça tá um caralho man, vou morrer sufocado.

Estávamos na sala de estar, no meio da bagunça do Jimin e a fumaça que saía do cigarro. Jimin e eu, dividíamos o mesmo apartamento em um bairro simples de Seoul, um pouquinho ao sul de Gangnam, ambos ajudávamos com a despesas que incluía alimentação, internet, gás, água, ou seja, dividíamos todas as contas. Não ficava sobrecarregado pra mim ou pro mais novo. Traguei fundo e soltei em seguida.

E a única coisa que me passava pela cabeça em relação a Park Jimin, era:

Dramático pra um cacete.

Uma simples fumaça de cigarro não mata ou sufoca alguém assim do nada.

- Você não lava a louça, estuda e não guarda a porra seus livros, sem contar que teu quarto ta parecendo um chiqueiro. Mas, nem por isso eu reclamo. - traguei de novo.
- Ya! - jogou uma almofada na minha cara. - Não joga tudo na minha cara.
- Você que começou. - me levantei do sofá.

Joguei o que sobrou do cigarro fora e fui lavar a louça. Já estávamos ficando sem pratos limpos, estado crítico. Acho que Jimin finalmente se tocou e foi guardar os livros dele.

- Quando vai voltar pro trabalho hyung?
- Em duas semanas. - suspirei. - Porque?
- Seu pai ligou pra cá. Mas disse que não era nada importante.

Assim que terminei de lavar e secar a louça, fui tomar um banho, quente de preferência. O aquecedor do nosso apartamento estava quebrado e eu nunca me lembrava de chamar um reparador pra consertar, o entardecer foi tomado por nuvens cinzas ficando escuro e o frio de Seoul começava a me abraçar sem o meu consentimento. Caminhei pelo corredor, entrei no banheiro e fui surpreendido com o meu reflexo deplorável no espelho do cômodo. Meu cabelo estava caótico, o cheiro natural do meu corpo não era nada convidativo e sem falar na minha expressão que não estava lá a das melhores. Me despi e entrei debaixo da água quente, que foi relaxando meus músculos tensos. Enquanto meus cabelos molhavam, minha mente vagou até ontem de madrugada enquanto eu ajudava a Sayuri a ficar em pé e tentava dar banho ao mesmo tempo.

Por que diabos eu tinha que lembrar dela de lingerie?!

- Porcaria... - murmurei.

Tentei pensar em outras coisas, em qualquer coisa menos na Sayuri. Nos meus passeios com o Jimin, no meu trabalho, na minha mãe, até em carneiros eu pensei.

Assim que consegui me controlar, saí do banheiro enrolado na toalha e segui até meu quarto. Comecei a vasculhar na minha gaveta em busca de uma roupa descente. Acabei vestindo uma calça moletom (a temperatura havia baixado pra 8°C), e uma camisa de mangas compridas branca. Me deitei na cama e comecei a me preparar pra dormir.

Exceto por um anão pequeno de nome Jimin.

- Yoongi hyung! - o mais novo entrou igual um furacão no quarto.
- O que é? - me virei só com um olho aberto. - Regras, Park. Eu só consigo conviver no mesmo ambiente contigo por causa de regras e a principal elas é: não entra na droga do meu quarto. Ta quase na hora de você sair. - fiz a menção de me cobrir com o lençol.
- Ani. - tirou o pano de cima de mim. - Vem comigo na universidade?
- Aish, eu não. - resmunguei. - Pra que? Quem passou foi você, não eu.
- Você só não fez o seletivo porque não quis. - resmungou.
- Não mesmo. Eu trabalho, pra quê seletivo? Que universidade? Me deixa dormir que é melhor pra sua saúde e pra minha. Esse é o meu momento de luz.
- Olha, eu raramente te peço alguma coisa Yoongi, é literalmente uma vez na vida e outra na morte. Então por favor, como um bom sunbae, ajude seu colega de quarto, sim?
- Colega de quarto esse que já tem idade o suficiente pra se cuidar sozinho. - me sentei na cama de frente pra ele. - Pense nisso como mais um passo na sua independência, - fiz um gesto com as mãos. - ninguém amadurece enquanto os outros fazem tudo pra ele Jimin. Lei básica.
- Tudo bem. - respirou fundo. - Eu vou lá. - deu meia volta e saiu do quarto.