19. Serendipity

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Tudo isso não é uma coincidência
Apenas, apenas eu pude sentir isso

– Eu ainda tenho a leve impressão de que vocês tem uma química, sei não irmãzinha.
– Eu juro que se você continuar falando esse tipo de asneira, eu te expulso do meu apartamento a pontapés e nem vou me lembrar que você é minha irmã. – rosnei.

Mizuki estava no canto contrário do quarto arrumando sua mala para viagem que faríamos em poucas horas. Eu estava na cama com o celular em mãos olhando qualquer coisa no Instagram que me distraísse. Não é de hoje que Mizuki tem essas idéias estapafúrdias sobre Yoongi e eu, se é que isso pode existir na mesma frase. A mais velha estava dobrando uma camisa quando me olhou com a famosa expressão de "eu sei o que você fez no verão passado". Arqueou uma das sobrancelhas e veio andando até mim.

– Só pensa: toda vez que vocês estão juntos, eu vejo literalmente faíscas saindo...
– Isso significa repulsa mútua. – respondi. – Experimenta bater um ferro no outro pra ver o que acontece.
– Até o TaeHyung concorda que tem uma coisa muito grande entre vocês.
– Você disse bem, TaeHyung. Ele enxerga coisas onde não tem. Chega desse assunto, você vai terminar sua mala, eu vou tomar um banho e me organizar pra viagem.

Me levantei da cama e peguei minha toalha de banho que estava jogada no cabide. Nosso vôo seria no começo da noite para termos tempo de sobra e aproveitar os 4 dias ao máximo possível. Minha mala já estava praticamente pronta, só faltava poucas coisas como um batom e perfume, fiz questão de deixar a casa organizada para que eu não me preocupasse com isso na volta. Caminhei até o banheiro com a toalha em mãos, fechei a porta atrás de mim e entrei no box deixando a água quente se espalhar pelas minhas costas fazendo os meus músculos tensos e doloridos relaxarem em resposta. Fiz questão de me dar um banho completo por hora: lavei e hidratei meu cabelo, esfoliei meu corpo e depilei minhas pernas que já se igualavam à um urso. Sai do banho com a toalha enrolada na cabeça e outra no corpo.

– Sayu, vai querer algum lanche agora ou acha melhor comprar no aeroporto?
– Agora eu acho que seria uma boa, afinal, lanchar em aeroporto é caríssimo. O que pretende fazer?
– Um sanduíche completo, do jeito que você gosta.
– Ah então eu quero! Vou me vestir, volto já.

Já no quarto, fui para a frente do guarda roupa decidir o que eu iria vestir. Não precisava ser algo tão espalhafatoso até por que é uma viagem, precisaria ser confortável. Acho que eu vou com um conjunto moletom e meu tênis, a viagem não demora muito mas eu provavelmente vou dormir. Tirei a toalha ao redor do meu corpo, coloquei minha calcinha e o sutiã, em seguida vesti o conjunto. Ambas as peças eram pretas e o tênis era da mesma cor. Penteei meus cabelos e usei o secador para finalizar o serviço. Com meus fios já secos e devidamente vestida, voltei para a cozinha onde minha irmã estava preparando nosso lanche.

– Você está parecendo uma idol. – disse ela assim que pousou os olhos em mim.
– Obrigada, eu acho. Tô animada pra viagem, nunca conheci Jeju pessoalmente.
– Quero ver se vai continuar quando a gente pôr os pés no avião. – a mais velha reprimiu um riso.

Ah isso, o avião.

Eu tinha um pequeno pavor a respeito de voar: minhas mãos suavam, meu coração acelerava involuntariamente e o frio na barriga não me abandonava por um mísero segundo sequer. Eu nunca me acostumei com a ideia de voar de avião, mas segundo estudos, é o método mais seguro e rápido de viajar no momento. Pigarreei de leve sentindo um leve desconforto na nuca ao lembrar que em breve eu estaria em um avião. Isso me deixa sem ar.

– Eu vou ficar bem, serão só alguns minutos certo? – sorri tentando disfarçar o incômodo. – Agora vamos comer, tô faminta.

O lanche breve foi marcado por uma companhia mútua e silêncio amigável. Minha irmã mexia no celular vendo qualquer besteira e eu estava lendo um dos livros que estava arquivado no meu celular há meses. As mensagens no grupo que tínhamos com os meninos não paravam de chegar, meu celular apitava de 2 em 2 minutos fazendo reverberar no ambiente aquele som de notificação. Ao mesmo tempo que eu estava feliz com essa nova fase que a vida estava me proporcionando, parte de mim não desligava o sinal de alerta: meu pai desapareceu. Não mandava emails ou ligava, mas por algum motivo eu não conseguia ficar tranquila. Era como se a qualquer minuto ele aparecesse e destruísse o meu castelo de cartas.

Smoking Candy Where stories live. Discover now