24. Let Me Know

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Você tirou as estrelas da noite, o sol do dia
A única coisa que sobrou foi o céu nublado e a escuridão.

Warning: Xenofobia

– Qualquer coisa, dúvidas, você pode perguntar certo? Os primeiros dias, na verdade o primeiro mês é feito pra gente errar necessariamente. Por que aquele não é o seu ambiente e você ainda está se adaptando, então não se cobre muito ok?

Eu estava tendo o meu primeiro treinamento na livraria. O sr. Kyung não poderia estar presente hoje, mas disse que amanhã ele estaria aqui para sanar algumas dúvidas. So Ra estava sendo minha mentora por hora, era 3 anos mais velha e muito bonita. Possuía fios curtos e loiros recém retocados, trajava o uniforme com o logo da livraria e tênis brancos.

– E eis aqui o grande motivo da reforma, sr. Kyung está com a ideia de montar uma cafeteria barra livraria. Todos nós sabemos o quanto essa cidade é abarrotada de cafeterias e os estudantes e trabalhadores home office agradecem. – disse enquanto caminhava. – A ideia é unir funcionalidade e praticidade em um lugar só. Café e livros combinam perfeitamente, é um casal que foi feito pra ser protagonista. – sorriu.
– E quando a cafeteira vai funcionar? Já tem previsão para abrir? – perguntei olhando o ambiente ao meu redor.
– Em 2 dias. – confirmou após checar o celular. – Esse lugar vai estar cheio então, se prepare. – caminhou na direção contrária. – Seu uniforme estará pronto em breve, por enquanto, cores neutras está liberado. Vem, vou te apresentar para o resto do pessoal.

O andar superior da livraria era dividido no depósito dos livros, materiais de publicidade e divulgação de novos lançamentos, banheiros, administração e financeiro, e a ala de descanso. Além de mim e So Ra, haviam mais três pessoas: dois rapazes e uma garota. Eu estava mais atrás da loira, nunca fui muito boa em conhecer pessoas novas. Abri e fechei a palma das minhas mãos enquanto forçava um sorriso amigável. Qual é, eu vou trabalhar com eles então precisamos manter uma boa relação, é o mínimo.

– Ok, pessoal. Um minutinho da atenção de vocês. Essa é a Sayuri Matsuoka, ela vai trabalhar com a gente a partir de agora. Sejam gentis e auxiliem ela no que for preciso.
– Estou ansiosa para trabalhar com vocês. Espero que possamos nos dar bem. – me curvei em reverência.
– Matsuoka? Filha do empresário japonês? – a garota, até então sem nome, perguntou. Assenti envergonhada. – Tsc. A Índigo já foi bem frequentada. – deu ênfase na palavra.
– P-Perdão? – a encarei com certa confusão.
– Hye In, respeito é bom e todo mundo gosta. Essa sua arrogância já deu o que tinha de dar. – retrucou a loira, impaciente.
– Eu como uma boa funcionária So Ra, estou apenas interessada que a livraria seja bem sucedida. – caminhou lentamente até parar a minha frente. – Gente da sua laia me enoja. Prefiro mil vezes que volte do buraco da onde você saiu. – sibilou ardilosa.

Eu não conseguia esboçar uma reação e muito menos acreditar no que estava ouvindo. Nunca vi alguém destilar ódio tão facilmente, tá mais do que na cara que Hye In me abominava. Seu olhar era gélido, a menor me fitava como se quisesse me estraçalhar de dentro pra fora, seu colo subia e descia e pude jurar que vi os nós dos seus dedos ficarem brancos. Encolhi os ombros enquanto sentia o ar ficar a cada minuto mais denso; inconscientemente, dei um passo para trás na tentativa de me preservar da sua aversão gratuita a mim. Por que ela me odiava tanto? Eu nunca a vira antes.

Era a minha nacionalidade? Meu sobrenome?

Claro que era Sayuri. Você quebrar o contato com ele não altera o fato de que o sangue corria em suas veias, suspirei.

– Nojento é esse seu hábito ridículo. Eu admiro o caráter do sr. Kyung por não ter chutado seu rabo xenofóbico daqui.
– Cala a porra da boca Yongbok! Já chega, tô saindo. Preciso tomar um ar. – marchou escada a baixo em direção à saída. 

Smoking Candy Where stories live. Discover now