Smoking Candy

10. Ma City

Eu vou me lembrar de tudo, até mesmo do seu cheiro
Você é meu verão, outono, inverno e cada primavera

Mesmo de forma aparentemente desgostosa, Yoongi saiu do meu apartamento com o pirulito na boca. E agora com o meu cantinho em silêncio absoluto, eu traçava planejamentos do que iria fazer ao longo do dia. Poderia continuar assistindo o dorama novo que estreou na Netflix, ler algum webtoon ou sair e continuar fingindo que está tudo bem quando não está. Eu optei por manter meu aparelho no modo avião nos últimos 2 dias, mas é claro que meu pai já havia tentado algum contato. Minha caixa de entrada no email estava lotada de mensagens, fora as ligações não atendidas dele. O problema é: eu teria que encarar isso mas não estava nem um pouco pronta. Sneakers do ITZY começou a tocar de maneira estridente no meu celular me despertando do transe, com um deslise na tela eu atendo a ligação.

"– Bom dia flor do dia. Uau, tá tudo escuro. Sayuri'ya, é uma chamada de vídeo.
– Oh, perdão. – tirei o celular da orelha e apoiei próximo ao bule de chá. – Bom dia Mi.
– O fuso horário tá me matando. Demorei horas até pegar no sono. Talvez eu nunca me acostume com isso.
– Besteira. – revirei os olhos. – Uau, esse hotel é maravilhoso! Essa janela é enorme!
– Gostou? – pegou o celular e mostrou o quarto ao redor. – Eu achei ele super a minha cara. Consigo ver a cidade toda daqui de cima.
– Não é querendo ser enxerida, mas como conseguiu um quarto nesse lugar? Só idols dormem aí.
– Cortesia do meu chefe. Eu trabalho igual uma bela condenada, era o mínimo que ele devia fazer. – sorriu.
– Sua cara tá muito inchada eonnie, comeu algo com farinha ontem?
– Comi udon. Eu tava morrendo de saudade desse macarrão. Tá, é verdade que meu estômago tá com certas dificuldades de quebrar a farinha mas valeu a pena. – deu de ombros passando a mão pelo cabelo. – Mudando de assunto, e os meninos que foram te ver ontem? – moon face.
– Eles cuidaram de mim. Foram muito gentis. – suspirei.
– Só? Sayuri, eu gosto de introdução, desenvolvimento 1 e 2 e a conclusão pra encerrar. – cruzou os braços.
– Misericórdia. – fiz uma careta. – Vai tomar café e para com isso. – moon face de novo.
– Te mando mensagem depois. Cuide-se."

Ligação encerrada: 3:01 minutos.

Deixei meu celular na bancada e fui revirar meus armários. Mentes aceleradas em pico de crise de ansiedade eminente pede besteiras. Salgadinhos, choco pie's, strawberry uyu ou qualquer tipo de bebida láctea. No fundo do armário encontrei o último choco pie e uma caixinha de banana uyu. Apanhei as guloseimas e corri pro sofá, decidi que assistiria um típico dorama coreano.

A escolha da vez era Falling For Innocence, um dos meus favoritos. Eu amava a história com todas as minhas forças, sei as falas dos personagens do início ao fim e já assisti várias vezes, nunca perdia a graça.

Sentada no sofá de cabeça para baixo era uma posição que eu acabei ficando viciada em fazer. Mas como o sangue circulava direto para a cabeça, não fazia muito bem pra mim. Enquanto eu mordiscava minha guloseima (da qual eu precisava comprar mais) ouvi uma movimentação no corredor do prédio. Minutos depois, escutei minha porta ser destrancada revelando uma figura masculina alta em seguida. Kim Namjoon estava com a cópia da chave do meu apartamento em mãos e algumas sacolas.

– Oi Sayuri. – sorriu.
– Oi Namjoon... – me sentei. – O que... O que faz aqui?
– Vim ver se você ta se alimentando direito, o que pelo visto, não está. – apontou para a embalagem vazia no meu colo.
– É gostoso. – dei de ombros.
– Mas não faz bem. – colocou a sacola em cima da mesa.
– Você fala como se eu comesse todo dia e toda hora.
– Pior que se deixar você come sim todo dia e toda hora.

Tá bom, ele tem um ponto.

Dei pausa na série e fui ajudá-lo com as sacolas. Algumas verduras e frutas, e eu pude jurar que vi carne de porco e amêijoas. Enquanto meu amigo estava sentado próximo a bancada, eu comecei a cozinhar tteokbokki para nós, o horário de almoço já estava chegando e eu não podia passar do horário de comer. Eu definitivamente não tenho do que reclamar do meu amigo. É alto, bonito, inteligente, sempre prestativo e gentil. Mas cozinha não é o forte dele. Meu único jogo de pratos quase foi estraçalhado pelas mãos desastradas dele.