Capítulo 17

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  — Isso foi profundo

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  — Isso foi profundo.

— Pois é. Você não pode levar uma vida assim, Julieta.

Abaixo a cabeça, refletindo sobre o que Matthew acaba de dizer.

— Parece que você consegue saber o que eu sinto. — brinco, e ele sorri.

— Tenho esse poder. — ele aproxima seu rosto do meu, e a única coisa que nos separa é a mesa em nossa frente.

— Então...diga como sou e como me sinto. — cruzo os braços e faço o famoso bico, o desafiando.

Ele fica pensativo por um segundo.

— Você é teimosa e orgulhosa. Você realmente parece ser aquele tipo de pessoa que chora no banheiro para ninguém perceber o furacão que há dentro de você, e em seguida coloca aquele sorriso feliz no rosto como se nada tivesse acontecido. Você parece aquele tipo de garota certinha, que tira as melhores notas e que nunca burlou uma regra. Você parece ser aquele tipo clichê de garota sonhadora que espera o príncipe encantado chegar. — Matt faz uma pausa para respirar. — Eu estou errado, ou certo?

Fico silenciosa. Digerindo tudo que acabo de escutar com o meu coração batendo mais rápido que o normal.

Essa sou eu, e ouvindo da boca dele parece que eu sou uma idiota.

— Você...acertou. — digo, por fim.

— Já imaginava.

O silêncio agora dura mais do que o esperado, mas eu decido acabar logo com esse gelo.

— Vamos? Quero logo aprender a esquiar. — sorrio.

— Vamos. — ele levanta da cadeira e eu vou até o balcão para pagar a conta. Depois nós dois saímos da lanchonete lado a lado, enquanto eu dou pulos animados de alegria.

A pista de skiing está cheia, e por isso meu sorriso aumenta dez vezes mais.

— Isso é tão legal! — grito, sorrindo como uma criança de dez anos que acaba de ganhar uma Barbie.

Matthew revira os olhos, e vai até a recepção para alugar o equipamento.

— Julieta, vem cá! — ele me chama depois de alguns segundos, eu vou até ele. — Calça essa bota. Vê se cabe no seu pé, e essa luva também. — ele me estende os dois, e eu vou até o banco mais próximo para experimentar.

O par de botas coube certinho nos meus pés, mas as luvas ficaram largas.

Eu bufo, fazendo um coque em meu cabelo.

— Coube? — Matt pergunta vindo até mim e se agachando em minha frente.

— As luvas ficaram largas.

Ele leva sua mão até a minha e segura os meus dedinhos fazendo um breve carinho, em seguida ele cai na gargalhada.

Mas não é aquela gargalhada irônica que ele sempre dá, é diferente. É uma gargalhada alta de um garoto puro e inocente que não carrega nenhuma bagagem do passado nas costas. Eu sorrio emocionada, não esperava por essa, de verdade.

— Do que está rindo? — pergunto sorrindo como uma boba.

— Suas mãos...são pequenininhas. É engraçado. — ele sorri e eu sorrio de volta. Ficamos nos encarando por um longo tempo.

— Depois você diz que eu que sou a estranha.

Ele revira os seus olhos e se afasta de mim o mais rápido possível, indo até a recepção para pegar todo o resto dos equipamentos.

Pego uma das luvas infantis. Levo o meu ski, as fixações e os bastões. O Matthew não leva nada em sua mão. Parece que ele não vai esquiar, tenho certeza que deve ser por conta do seu trauma.

Andamos lado a lado até a pista mais próxima que vemos, mas somos barrados por duas garotas.

— AÍ MEU DEUS! VOCÊ É O MATTHEW SINK. — Uma delas grita caçando o celular na bolsa, enquanto a outra pula em cima do Matt, dando-o um abraço. Ele se assusta, e quase cai pra trás.

— EU TE AMO. — A mais baixa, que está o abraçando levanta a a cabeça e dá um selinho no mesmo. Eu fico boquiaberta, assim como o Matt.

O que está acontecendo aqui?

A outra pega o celular no bolso e tira uma foto com ele.

— Por favor, Matthew! Você precisa voltar para as competições. Você é o melhor de todos, precisa ganhar. — A mais alta diz, sorrindo, e se jogando pra cima dele. Reviro os olhos. Alguém precisa descobrir da onde saiu essas garotas e ir trancar a porta!

Estou tão perdida que não consigo ao menos me mover, e muito menos raciocinar direito.

Essa menina deu mesmo um selinho nele?

— Eu...não vou mais esquiar. — Matt diz, cuidadosamente.

Elas ficam meio cabisbaixas, tiram mais alguns trilhões de fotos e logo depois se despedem.

— Você é famoso.

— Só pelas pessoas que conhecem,  acompanham, ou esquiam. Killa é a cidade do esqui e da neve, não tem como fugir de coisas como essa ainda mais agora nessa época de competições onde turistas do mundo inteiro aparecem.

— Isso já aconteceu antes?

— Três vezes até agora.

— Você é realmente famoso. — digo rindo. — Aquela garota te deu mesmo um selinho? — Pergunto assustada.

— Deu.

Ficamos em silêncio.

— Ela te deu mesmo...um selinho?

— Deu.

— Mas você tem certeza que ela te deu mesmo um... — ele me interrompe.

— Está com ciúme? — Ele brinca, me dando um leve empurrão. — Eu não sabia que estava levando o nosso namoro falso tão a sério.

— Idiota! Claro que não estou.

— Está sim.

— Eu não estou.

— Vou fingir que acredito.

— Vamos logo! Eu quero aprender a esquiar. — Resmungo mudando esse assunto ridículo que está começando a me irritar.

— Você é muito mandona. — Matthew diz enquanto me ajuda a subir no esqui.

— Mas você gosta de mim mesmo assim. — as palavras saem da minha boca em um impulso, mas logo em seguida me arrependo de ter dito.

Ele gargalha, como se eu tivesse acabado de dizer uma piada.

— Talvez...quem goste de mim seja você. — ele segura a minha cintura com as suas duas mãos, enquanto passa o cinto em volta da minha calça. Consigo sentir a sua respiração perto da minha e o cheirinho doce do seu shampoo. Nunca estive tão próxima dele assim antes. Sua mão desce até minha coxa, para colocar as outras proteções, e depois vão até o joelho. Minha respiração fica pesada e o meu coração acelera. Droga, droga! Talvez eu esteja mesmo gostando dele, e isso não é bom. Isso é um erro.

O problema dos erros é que às vezes eles são incrivelmente bonitos e tem um sorriso de causar danos no nosso psicológico.

60 dias com eles Where stories live. Discover now